Olga Rozanova
O rol desenrolado aqui
acolhe de tudo um pouco.
Coisas de cama, mesa, banho
um trivial variado, familiar
estranho, com uma pitada de déjà-vu
e o apanhado na rua, andando:
às vezes tão urgente e passageiro
que sem "nada no bolso ou nas mãos"
pedia canetas emprestadas
e um papel qualquer, onde
escrevia calcando, com letra
garranchosa, de dentro, imediata
e torta, mas que se aplicava
exata, naquilo que corria
por fora do escritório da cabeça
no vento livre de véu, a céu aberto
ou quando não, no nó apertado
cego, difícil de desmanchar
o que apressava o ponto final.
In: Rol. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário