Wu Guanzhong
Observo o andar de trabalhadores ao fim de um dia morno.O peso dos ombros nos joelhos, o jeito de carregar as mãos vazias, desamparadas; a linha reta em que seguem sentados em um balanço sem vento.
Sinto pulmões que ocupam o mínimo espaço, e um coração que bate, bate, bate no ritmo ilusório dos segundos.
Olho esses passos sem cor e, em pequenos instantes, eles se transformam em gotas invisíveis.
Uma água escura e salgada cobre o chão.
Fecho os olhos e penso em uma música de infância. Uma flauta que vem de um lugar distante; lá de onde as crianças não sentem dor.
Começo a cantar pelo coração, debaixo de um sol branco sem suor.
E este sol, senhor das formas de amor, pouco a pouco, vai secando nosso chão de sal.
E todas as coisas voltam a ser como eram: doces e cristalinas, como a risada de uma pequena flor.
fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/2015/05/claridade-para-a-segunda-feira-dos-meus-amigos/
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