Mostrando postagens com marcador Adriano Nunes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Adriano Nunes. Mostrar todas as postagens

7 de dez. de 2014

“Primeras letras” :: Eduardo Galeano

Com as toupeiras, aprendemos a fazer túneis.

Com os castores, aprendemos a fazer diques.

Com os pássaros, aprendemos a fazer casas.

Com as aranhas, aprendemos a tecer.

Com o tronco que rolava encosta abaixo, aprendemos a roda.

Com o tronco que boiava à deriva, aprendemos o barco.

Com o vento, aprendemos a vela.

Quem nos tem ensinado os muitíssimos males?

De quem aprendemos a atormentar ao próximo e a humilhar ao mundo?


Tradução de Adriano Nunes


:::::::::::::::::::::::::::::

De los topos, aprendimos a hacer túneles.

De los castores, aprendimos a hacer diques.

De los pájaros, aprendimos a hacer casas.

De las arañas, aprendimos a tejer.

Del tronco que rodaba cuesta abajo, aprendimos la rueda.

Del tronco que flotaba a la deriva, aprendimos la nave.

Del viento, aprendimos la vela.

¿Quién nos habrá enseñado las malas mañas?

¿De quién aprendimos a atormentar al prójimo y a humillar al mundo?

In: GALEANO, Eduardo. “El Viaje”. Mini Letras/ H KliCZKOWSKI. 2006. p. 26.


25 de set. de 2014

PÁSSARO :: Adriano Nunes

Blenda Tyvoll

ao pássaro
o passo
rosas
asas

adentro-o
raspas
aspas
o ar

no centro
do sentimento
o céu
habitar. 

Fonte: Laringes de grafite. Editora: Vidráguas.

5 de set. de 2014

DO QUE QUER SER CONCEBIDO :: Adriano Nunes

Paradise - M.C. Escher, 1921
palavras são para isso,
sim, para inventar
o paraíso.
aprendi
assim
comigo.

prometi tudo
mesmo a mim,
mas menti.
palavras são para isso,
digo, para desafiar
o íntimo.

pronto.
admito:
palavras são para isso,
repito, para cantar
o infinito
do que quer ser concebido.

In: Laringes de grafite.  Vidráguas.