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20 de dez. de 2013

Anunciação :: Clarice Lispector

Angelo Savelli

Tenho em casa uma pintura do italiano Savelli - depois compreendi muito bem quando soube que ele fora convidado para fazer vitrais no Vaticano.

Por mais que olhe o quadro, não me canso dele. Pelo contrário, ele me renova.

Nele, Maria está sentada perto de uma janela e vê-se pelo volume de seu ventre que está grávida . O arcanjo , de pé ao seu lado, olha-a . E ela, como se mal suportasse o que lhe fora anunciado como destino seu e destino para a humanidade futura através dela, Maria aperta a garganta com a mão, em surpresa e angústia .

O anjo, que veio pela janela, é quase humano : só suas longas asas é que lembram que ele pode se transladar sem ser pelos pés. As asas são muito humanas: carnudas, e o seu rosto é o rosto de um homem.

É a mais bela e cruciante verdade do mundo.

Cada ser humano recebe a anunciação: e, grávido de alma, leva a mão à garganta em susto e angústia . Como se houvesse para cada um, em algum momento da vida, a anunciação de que há uma missão a cumprir .

A missão não é leve: cada homem é responsável pelo mundo inteiro .

In: A Descoberta do Mundo.  Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984. p. 232

15 de out. de 2013

A sensação da beleza de Cecília Meireles



( ... )
A sensação da beleza ,
o sentimento de perfeição 
que residem na harmoniosa
arquitetura das flores são lições para a vida humana.
Pudéssemos ser também assim,
tão exatos como as flores em suas pétalas,
tão silenciosos
 na realização de um destino impecável,
e tão prontos para morrer no momento justo !
( ... )

Crônicas de viagem, v.3. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. p. 284

29 de jan. de 2012

Da Natureza do Homem - Francis Bacon


Aquele que deseja vencer a sua natureza, não tente dar a si próprio tarefas muito grandes ou muito pequenas; porque as primeiras podem desanimá-lo com frequentes frustrações, e as segundas dar-lhe-ão insignificantes progressos, apesar de serem bem sucedidas. No princípio, irá praticando com auxiliares, como os nadadores se socorrem de bóias e coletes; mas, ao fim de algum tempo, deverá realizar o treino entre dificuldades, como os dançarinos fazem com os socos. Isto porque resulta sempre maior perfeição quando o exercício é mais árduo do que a prática.

(...) Não é má a antiga regra que mandava curvar a natureza até ao extremo oposto, para que ela se rectificasse; subentendendo-se, porém, que o extremo oposto não seja o vício. O homem não se deve forçar a um hábito com contínua persistência, mas com alguma interrupção; porque a pausa reforça a nova investida; e se o homem que não é perfeito estiver sempre a exercitar-se, será tão perito nos seus erros como nas suas virtudes, e será introduzido no hábito de ambos; e não há meio de evitar isso, se não por interrupções oportunas. Mas não confie de mais o homem na vitória sobre a sua natureza, porque ela pode estar sepultada durante muito tempo, e ressuscitar no primeiro momento de tentação.

in 'Ensaios - Da Natureza do Homem

7 de nov. de 2010

Para pensar






"Sete pecados sociais: política sem princípios, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício."
Collected Works of Mahatma Gandhi  Vol. 33  p. 135