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2 de jun. de 2015

HERANÇA:: Orides Fontela


Da avó materna: 
uma toalha (de batismo).
Do pai: 
um martelo
um alicate
uma torquês
duas flautas.
Da mãe: 
um pilão
um caldeirão
um lenço.

23 de mai. de 2014

Lenço dos namorados de Portugal


















Os Lenços dos Namorados eram pedaços de pano bordados por moças apaixonadas e em idade de se casar que presenteavam seus amados com lenços que traziam frases e versos de amor. 

Bordados coloridos e por muitas vezes com erros ortográficos, a beleza destes lenços estava na pureza e sinceridade declarada de um amor que poderia ou não ser correspondido. O moço que recebesse o presente deveria usá-lo em local visível para que a amada soubesse que o amor era correspondido!

22 de mai. de 2012

Este é o lenço de Marília de Cecilia Meireles



Este é o lenço de Marília, 
pelas suas mãos lavrado, 
nem a ouro nem a prata, 
somente a ponto cruzado. 
Este é o lenço de Marília 
para o Amado. 

Em cada ponta, um raminho, 
preso num laço encarnado; 
no meio, um cesto de flores, 
por dois pombos transportado. 
Não flores de amor-perfeito, 
mas de malogrado! 

Este é o lenço de Marília: 
bem vereis que está manchado: 
será do tempo perdido? 
será do tempo passado? 
Pela ferrugem das horas? 
ou por molhado 
em águas de algum arroio 
singularmente salgado? 

Finos azuis e vermelhos 
do largo lenço quadrado, 
- quem pintou nuvens tão negras 
neste pano delicado, 
sem dó de flores e de asas 
nem do seu recado? 

Este é o lenço de Marília, 
por vento de amor mandado. 
Para viver de suspiros 
foi pela sorte fadado: 
breves suspiros de amante, 
- longos, de degredado! 

Este é o lenço de Marília 
nele vereis retratado 
o destino dos amores 
por um lenço atravessado: 
que o lenço para os adeuses 
e o pranto foi inventado. 

Olhai os ramos de flores 
de cada lado! 
E os tristes pombos, no meio, 
com o seu cestinho parado 
sobre o tempo, sobre as nuvens 
do mau fado! 

Onde está Marília, a bela? 
E Dirceu, com a lira e o gado? 
As altas montanhas duras, 
letra a letra, têm contado 
sua história aos ternos rios, 
que em ouro a têm soletrado... 

E as fontes de longe miram 
as janelas do sobrado. 

Este é o lenço de Marília 
para o Amado. 

Eis o que resta dos sonhos: 
um lenço deixado. 

Pombos e flores, presentes. 
Mas o resto, arrebatado. 

Caiu a folha das árvores, 
muita chuva tem gastado 
pedras onde houvera lágrimas. 
Tudo está mudado. 

Este é o lenço de Marília 
como foi bordado. 
Só nuvens, só muitas nuvens 
vêm pousando, têm pousado 
entre os desenhos tão finos 
de azul e encarnado. 
Conta já século e meio 
de guardado. 

Que amores como este lenço 
têm durado, 
se este mesmo está durando? 
mais que o amor representado?

5 de mai. de 2012

Lenço de pano de Fabrício Carpinejar


Fui procurar um lenço movido por nostalgia, para dar aos meus filhos. Devassei as lojas e feiras de artesanato e não achei o produto. Tinha que explicar ainda. Explicar nos envelhece.
– Tem lenço?
– Lenço?
– De pano, de nariz, de enxugar a testa?
– Ah, sim, isso é muito antigo, não tem não.
Não se vendem mais lenços em Porto Alegre.
Não verei de novo aquela cena portuária das pessoas se despedindo com as pequenas bandeiras brancas.
Lenço nos ensinava a acenar. Era o professor da despedida. O professor de nossa saudade.
Adeus, lenço!