5 de set. de 2012

Dança Dos Meninos Composição: Marco Antônio Guimarães, Milton Nascimento


Aleijadinho


Olha bem para mim
Dentro de meu sentimento e tudo de mim
Seja meu lar, uma canção, um carinho
Uma frase de paz
Te acorda é a dança o momento
A roda que vai embalando o amor
Canta um refrão, mostra um sorriso
Canta um refrão, mostra que quer viver
E posso lembrar 
A primeira noite que te vi entoar
Uma emoção
Tanto calor em seu rosto
Como em toda visão
É o mundo, é a senha
Pra que eu te sentisse ali
Força de um leão
Venha de lá anjo suave
Sem esperar grita que quer viver 

Jequitiba-rosa, Jequitibá-de-agulheiro, jequitibá-branco, jequitibá-cedro, jequitibá-grande, jequitibá-vermelho, congolo-de-porco, estopa, pau-carga, pau-caixão, sapucaia-de-apito.








Classe: Magnoliopsida, Ordem: Ericales, Família: Lecythidaceae, Género: Cariniana, Espécie: C. legalis, Sinónimos: Cariniana brasiliensis Casar., Couratari legalis Mart. 1837
O jequitibá-rosa (Cariniana legalis (Mart.) Kuntze), árvore emergente brasileira da família Lecythidaceae, é a árvore-símbolo dos estados de São Paulo e do Espírito Santo. 
É considerada a maior árvore nativa do Brasil, porque pode atingir até 50 metros de altura e um tronco com diâmetro de até sete metros. Suas folhas membranáceas medem até 4 x 7 cm. As flores, pequenas, que surgem de dezembro a fevereiro, são de cor creme. O fruto é um pixídio lenhoso, cuja abertura espontânea, em agosto-setembro, libera as pequenas sementes de dispersão eólia. Um quilograma contém cerca de 22 mil sementes, que germinam em ambiente semi-sombreado, emergindo o broto entre 12 e 20 dias.
No Espírito Santo tem data comemorativa, o dia 21 de setembro (Lei 6.146, ES, de 08-02-2000). O Projeto Jequitibá-Rosa, da Associação Ecológica Força Verde, esteve à procura da maior árvore dessa espécie no Espírito Santo. Acabou encontrando um jequitibá-rosa gigantesco, em Alto Bérgamo, município de João Neiva. Medições comparativas indicam claramente que esta é a maior árvore da Mata Atlântica brasileira, medindo 11,85 metros de circunferência.
Existe alguma confusão a respeito do nome vulgar dessa espécie, que, dependendo da região do Brasil, pode referir-se a qualquer uma das espécies de jequitibás.
É a espécie tipo do gênero Cariniana, descrita como Cariniana brasiliensis por Casaretto, em 1842, no Rio de Janeiro. No entanto, foi descrita pela primeira vez por von Martius em 1837 como Couratari legalis. A revisão de gêneros botânicos feita por Kuntze em 1898 a renomeou como Cariniana legalis.
Originalmente encontrada no centro e sudeste do país (estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul), e também em Alagoas, Bahia, Paraíba e Pernambuco, na Mata Atlântica, tanto na pluvial quanto na latifoliada semidecidual, sempre em solos férteis. Talvez ocorra também na Colômbia e na Venezuela.
O maior e mais antigo espécime vivo do jequitibá-rosa se encontra no Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, SP, e possui aproximadamente 3.032 anos de idade, estando entre os seres mais antigos do planeta, e a mais velha árvore do Brasil . Sua altura é 40 m e seu diâmetro 3 m. O Parque Estadual de Vassununga preserva grande número de jequitibás. Outro espécime importante fica no Parque Estadual dos Três Picos, RJ, e tem cerca de 1.000 anos.
Semidecídua, heliófita, aparece em dispersão irregular e descontínua: por exemplo, no Parque Estadual Vassununga aparece na forma de um grupo. Ocupa o estrato superior da floresta primária densa, na qual é maior sua ocorrência. No Parque Florestal do Rio Doce, em Minas Gerais, há exemplares tão grandes quanto ao de Santa Rita de Passa Quatro. A ameaça à espécie, que cresce em terras férteis, vem da expansão agrícola e urbana
Suas sementes são muito apreciadas por macacos. É planta medicinal, sua casca é usada em extrato fluido.A madeira, leve, é usada na construção civil apenas em obras internas, e na fabricação de móveis, pois é pouco resistente ao ataque de xilófagos.
Ornamental e de porte monumental, pode ser usada no paisagismo de parques, praças e áreas rurais. Tolera a luz, por isso pode ser usada na revegetação de áreas desmatadas. O que tem sido feito para preservá-los.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.  


4 de set. de 2012

Todo o Sentimento de Chico Buarque


Louis LeBrocquy


Preciso não dormir
Até se consumar

O tempo da gente.

Preciso conduzir

Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.


Pretendo descobrir

No último momento

Um tempo que refaz o que desfez,

Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.


Prometo te querer

Até o amor cair

Doente, doente...

Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.


Depois de te perder,

Te encontro, com certeza,

Talvez num tempo da delicadeza,

Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

3 de set. de 2012

As viagens são os viajantes de Fernando Pessoa


Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.
Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.
“Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do mundo.” Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o princípio, é o nosso conceito do mundo. É em nós que as paisagens têm paisagem. Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são; se são, vejo-as como às outras. Para quê viajar? Em Madrid, em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.

in: O Livro do Desassossego

2 de set. de 2012

Teu sorriso - Pablo Neruda


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
............................................................


Póngame con el pan, si se quiere,
me deja sin aliento, pero no
le quita su risa.

No quita la rosa,
la lanza que arrancar,
el agua que de repente
estalla en alegría,
la repentina ola
plata nacer en ti.

Mi lucha es dura y el retorno
con los ojos cansados
a veces vemos
que la tierra no cambia,
pero cuando tu risa entra
sube al cielo buscándome
y se abre para mí todas las
las puertas de la vida.

Mi amor, en los momentos
más oscuro suelto
tu risa y de repente
ves que mi sangre mancha
las piedras de la calle,
reír, porque reír
será para mis manos
como una espada fresca.

Por el mar en otoño,
tu risa debe aumentar
su cascada de espuma,
y la primavera, el amor,
Quiero tu risa como
la flor que se esperaba,
la flor azul, la rosa
de mi país por el eco.

Ríete de la noche
el día, la luna,
Ríete de las calles
pasteles en la isla,
se ríen de esta gruesa
chico que te ama,
pero cuando abro
los ojos y cerca de ellos,
cuando mis pasos van,
cuando mis pasos regreso,
me niegan el pan, el aire,
la luz, la primavera,
pero nunca tu risa,
porque después mueren.


O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

1 de set. de 2012

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. Fernando Pessoa

    
John William Waterhouse- Penelope e os pretendentes    (1912)

Invejo-o — mas não sei se invejo — aqueles de quem se pode escrever uma biografia, ou que podem escrever a própria. Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer. 
      Que há-de alguém confessar que valha ou que sirva? O que nos sucedeu, ou sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso não é novidade, e no outro não é de compreender. Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida. Minha tia velha fazia paciências durante o infinito do serão. Estas confissões de sentir são paciências minhas. Não as interpreto, como quem usasse cartas para saber o destino. Não as ausculto, porque nas paciências as cartas não têm propriamente valia. Desenrolo-me como uma meada multicolor, ou faço comigo figuras de cordel, como as que se tecem nas mãos espetadas e se passam de umas crianças para as outras. Cuido só de que o polegar não falhe o laço que lhe compete. Depois viro a mão e a imagem fica diferente. E recomeço. 
      Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas... Intervalo... Nada... 
      De resto, com que posso contar comigo? Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo... Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sôfrego de me entreter... Uma vontade morta e uma reflexão que a embala, como a um filho vivo... Sim, croché...

fonte: http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=5348

31 de ago. de 2012

Ama teu ritmo... Rubén Dario

Vermeer  -  Girl with the Pearl

Ama teu ritmo e ritma tuas ações
sob sua lei, assim como teus versos;
tu és um universo de universos,
e tua alma uma fonte de canções.

A celeste unidade que supões
fará brotar em ti mundos diversos,
e, ao ressoar teus números dispersos,
pitagoriza entre as constelações.

Escuta essa retórica divina
do pássaro do ar e a noturna
irradiação geométrica adivinha;

mata essa indiferença taciturna
e pérola a pérola cristalina
engasta onde a verdade entorna a urna.

(Tradução de Antonio Cícero)
In: Y una sed de ilusiones infinita. Barcelona: Lumen, 2000.

Erythrina speciosa







Erythrina speciosa Andrews pertence à família botânica Leguminosae, subfamília Papilionoideae. Originária do Brasil, esta espécie ocorre nas regiões litorâneas do sudeste e do sul. É conhecida, popularmente, por mulungu-do-litoral, eritrina-candelabro, suinã-canivete, suinã-vermelho. O nome científico vem do latin, erythros (vermelho) em referência à cor das flores.

30 de ago. de 2012

Soneto a quatro mãos - Vinícius de Moraes com Paulo Mendes Campos

Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-se escravizado.
Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado. 
Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

29 de ago. de 2012

Isto de Fernando Pessoa


Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

Livro coração




 Master of the View of St Gudula - Portrait of a Young Man



28 de ago. de 2012

A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque de Jorge Larrosa Bondía

Winslow Homer (1836-1910) 

A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.

Conferência proferida no I Seminário Internacional de Educação de Campinas, traduzida e publicada em julho de 2001, Leituras SME.

ARTE POÉTICA -Sophia de Mello Breyner Andresen,


Em Lagos em Agosto o sol cai a direito e há sítios onde até o chão é caiado. O sol é pesado e a
luz leve. Caminho no passeio rente ao muro mas não caibo na sombra. A sombra é uma fita estreita.
Mergulho a mão na sombra como se a mergulhasse na água.
A loja dos barros fica numa pequena rua do outro lado da praça. Fica depois da taberna fresca e
da oficina do ferreiro.
Entro na loja dos barros. A mulher que os vende é pequena e velha, vestida de preto. Está em
frente de mim rodeada de ânforas. A direita e à esquerda o chão e as prateleiras estão cobertos de
louças alinhadas, empilhadas e amontoadas: pratos, bilhas, tigelas, ânforas. Há duas espécies de barro:
barro cor-de-rosa-pálido e barro vermelho-escuro. Barro que desde tempos imemoriais os homens
aprenderam a modelar numa medida humana. Formas que através dos séculos  vêm  de  mão em
mão.  A loja onde estou é como uma loja de Creta. Olho as ânforas de barro pálido poisadas em
minha frente no chão. Talvez a arte deste tempo em que vivo me tenha ensinado a olhá-las melhor.
Talvez a arte deste tempo tenha sido uma arte de ascese que serviu para limpar o olhar.
A beleza da ânfora de barro pálido é tão evidente, tão certa que não pode ser descrita. Mas eu
sei que a palavra beleza não é nada, sei que a beleza não existe em si mas é apenas o rosto, a forma,
o sinal de uma verdade da qual ela não pode ser separada. Não falo de uma beleza estética mas sim
de uma beleza poética.
                                             

27 de ago. de 2012

Canção do Exílio de Murilo Mendes


Minha terra tem macieiras da Califórnia 
onde cantam gaturamos de Veneza. 
Os poetas da minha terra 
são pretos que vivem em torres de ametista, 
os sargentos do exército são monistas, cubistas, 
os filósofos são polacos vendendo a prestações. 
A gente não pode dormir 
com os oradores e os pernilongos. 
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. 
Eu morro sufocado 
em terra estrangeira. 
Nossas flores são mais bonitas 
nossas frutas mais gostosas 
mas custam cem mil réis a dúzia. 
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade 
e ouvir um sabiá com certidão de idade!

26 de ago. de 2012

Cabelos de rubi de Ângela Carolina Cysneiros.

Jane Collins
(...) Todos co­meçaram a cantar , a dançar e a bater palmas que não faziam barulho, e ela soube que há muito tempo atrás, quando os animais falavam, as galinhas tinham den­tes, as estrelas viviam sobre as águas e as nuvens eram bordadas e usadas como almofadas, uma antiga fada feiticeira havia dito que, uma dia, viria do céu uma menina de cabelos da cor do rubi que iria espalhar o Amor entre os habitantes daquele reino e de todos os reinos ‘conhecidos e não conhecidos, que iriam se unir como irmãos e o mundo amanheceria em paz e muito iluminado.
fonte: Cabelos de rubi de Ângela Carolina Cysneiros. 
http://www.traco-freudiano.org/blog/?p=680

25 de ago. de 2012

À bela princesa Andréa de Azulay de Clarice Lispector

Alexander Calder -Mobile "The Star"

Rio, 27 de junho de 1974
À bela princesa Andréa de Azulay,
dou-lhe de presente este objeto. Espero que você goste dele. Seu nome é móbile. Mas eu lhe dei sete nomes. O primeiro: la donna é mobile qual piuma ao vento (a mulher é volúvel como pluma ao vento). O segundo nome é: vertigem. O terceiro é: ano 2000. O quarto é: sussurros delicadíssimos. O quinto é: suspiros. O sexto é: pássaro azul. O sétimo é: Andréa de Azulay.
Quero lhe dizer, minha querida coleguinha, que a mais bela música do mundo é o silêncio interestrelar. E me desculpe: não posso ficar sozinha contigo porque senão nasce uma estrela no ar.
Você precisa saber que já é uma escritora. Mas nem ligue, faça de conta que nem é. Eu lhe desejo que você seja conhecida e admirada só por um grupo delicado embora grande de pessoas espalhadas pelo mundo. Desejo-lhe que nunca atinja a cruel popularidade porque esta é ruim e invade a intimidade sagrada do coração da gente. Escreva sobre ovo que dá certo. Dá certo também escrever sobre estrela. E sobre a quentura que os bichos dão a gente. Cerque-se da proteção divina e humana, tenha sempre pai e mãe - escreva o que quiser sem ligar para ninguém. Você me entendeu?
Um beijo nas suas mãos de princesa.



Gotlib, Nádia Battella. Clarice: Uma Vida que se conta.  Edusp, 2009

24 de ago. de 2012

Ipê-branco









Louis le Brocquy (Dublin 1916 – 2012) pintora




Morada de Livia Garcia Roza e O seu olhar de Arnaldo Antunes

Matt Wisniewski 


Moro no mais íntimo de seu olhar.
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O seu olhar lá fora
O seu olhar no céu 
O seu olhar demora 
O seu olhar no meu 
 O seu olhar seu olhar melhora 
Melhora o meu 
 Onde a brasa mora 
E devora o breu 
Como a chuva molha 
O que se escondeu 
 O seu olhar seu olhar melhora 
Melhora o meu 
 O seu olhar agora 
O seu olhar nasceu 
O seu olhar me olha 
O seu olhar é seu 
 O seu olhar seu olhar melhora 
Melhora o meu

23 de ago. de 2012

Jasmim da Índia ( Quisqualis indica )





Trepadeira lenhosa de crescimento vigoroso nativa da Índia. Sua floração é bastante decorativa, pois as flores mudam de cor passando de branco a vermelho escuro com suave perfume. É utilizada para plantio em cercas, alambrados e maciços. Pode ser mantida como arbusto através de podas.
Pertence à família das combretáceas.
Luz: Pleno sol
Solos: Vários tipos de solos, preferencialmente férteis e bem drenados.
Origem: Índia

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...