18 de ago. de 2013

Ricardo Borges : Fotografia














Canción de bodas de Lope de Vega


Van Gogh

Que te felicitem
o maio garrido,
os alegres campos,
as fontes, os rios.
Ergam as cabeças
amieiros finos,
e com novos frutos
amendoeiras lindas.
Lancem as manhãs,
depois do rocio,
em espadas verdes
guarnição de lírios.
Subam os rebanhos
pelo monte acima
que a neve cobriu,
a pastar tomilhos

................................
Dente parabienes 
el mayo garrido, 
los alegres campos, 
las fuentes y ríos. 
Alcen las cabezas 

los verdes alisos 
y con frutos nuevos 
almendros floridos. 
Echen las mañanas 
después del rocío, 
en espadas verdes 
guarnición de lirios. 
Suban los ganados 
por el monte mismo 
que cubrió la nieve 
a pacer tomillos.
....................


Trad. José Bento in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim

Lope de Vega [Félix Lope de Vega y Carpio or Lope Félix de Vega Carpio] (n. em Madrid a 25 Nov 1562 - m. em 27 Ago 1635).

17 de ago. de 2013

John Thomson (1837-1921)




















Francesc Català-Roca (1922 - 1998)























T.S. Elliot Quatro Quartetos


O tempo presente e o tempo passado


Estão ambos talvez presentes no tempo futuro,


E o tempo futuro contido no tempo passado.


Se todo o tempo é eternamente presente


Todo o tempo é irredimível.


O que podia ter sido é uma abstracção


Permanecendo possibilidade perpétua


Apenas num mundo de especulação.


O que podia ter sido e o que foi


Tendem para um só fim, que é sempre presente.


Ecoam passos na memória


Ao longo do corredor que não seguimos


Em direcção à porta que nunca abrimos


Para o roseiral. As minhas palavras ecoam


Assim, no teu espirito.


                                Mas para quê


Perturbar a poeira numa taça de folhas de rosa


Não sei.


                         Outros ecos


Habitam o jardim. Vamos segui-los?


Depressa, disse a ave, procura-os, procura-os,


Na volta do caminho. Através do primeiro portão,


No nosso primeiro mundo, seguiremos


O chamariz do tordo? No nosso primeiro mundo.


Ali estavam eles, dignos, invisíveis,


Movendo-se sem pressão, sobre as folhas mortas,


No calor do outono, através do ar vibrante,


E a ave chamou, em resposta à


Música não ouvida dissimulada nos arbustos,


E o olhar oculto cruzou o espaço, pois as rosas


Tinham o ar de flores que são olhadas.


Ali estavam como nossos convidados, recebidos e recebendo.


Assim nos movemos com eles, em cerimonioso cortejo,


Ao longo da alameda deserta, no círculo de buxo,


Para espreitar o lago vazio.


Lago seco, cimento seco, contornos castanhos,


E o lago encheu-se com água feita de luz do sol,


E os lótus elevaram-se, devagar, devagar,


A superfície cintilava no coração da luz,


E eles estavam atrás de nós, reflectidos no lago.


Depois uma nuvem passou, e o lago ficou vazio.


Vai, disse a ave, pois as folhas estavam cheias de crianças,


Escondendo-se excitadamente.. contendo o riso.


Vai, vai, vai, disse a ave: o gênero humano


Não pode suportar muita realidade.


O tempo passado e o tempo futuro


O que podia ter sido e o que foi


Tendem para um só fim, que é sempre presente.


T.S. Elliot. Quatro Quartetos. Tradução de Maria Amélia Neto. 3ª edição. ÁTICA, 1983

16 de ago. de 2013

Lago Retba, no Senegal











O Lago Retba, no Senegal, está cor-de-rosa. A coloração é resultado de altos níveis de sal na água, e fica mais visível nas estações secas. Em algumas áreas, a concentração de sal chega a 40 %. Senegaleses navegam diariamente nas águas do Retba, para coletar o mineral, que depois fica amontoado nas margens do lago. Assim como no Mar Morto, é bem fácil flutuar no Retba, por causa da alta concentração salina.

Localizado ao norte de Cap Vert, península do Senegal, o Lago Retba é uma singularidade geológica Ele está infestado com um organismo – uma microalga marinha – chamado Dunaliella salina que ama sal. Adaptada para meios com alta concentração de sal, essa microalga produz um pigmento vermelho que absorve e utiliza a luz solar para criar mais energia, deixando a água com esse tom rosa. O lago Retba tem altas taxas de concentração de sais (entre eles, o cloreto de sódio), chegando ao ponto de ser similar ao Mar Morto, onde a alta densidade da água impede que você afunde com facilidade. Obviamente, a população local explora isso recolhendo o sal para vendê-lo.


Vôo de Cecília Meireles


foto:  Darryl Dalton
O viajante acordado pode pensar na terra firme; recordar a altura a que se encontra; ver no relógio como é tarde, no tempo humano; sentir o perigo que o cerca. E no entanto, no entanto... – a tardia hora, muito além do mundo, – quando todos o ignoram, quando ninguém é capaz de adivinhar o que ele está vendo, a vida estranha que está vivendo ali, - inspira-lhe um sentimento maravilhoso e terrível de liberdade, como só se pode sentir talvez na morte.
MEIRELES, Cecília.Crônicas de viagem.3 vols. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998-1999.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...