Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
18 de ago. de 2013
Canción de bodas de Lope de Vega
Van Gogh
Que te felicitem
o maio garrido,
os alegres campos,
as fontes, os rios.
Ergam as cabeças
amieiros finos,
e com novos frutos
amendoeiras lindas.
Lancem as manhãs,
depois do rocio,
em espadas verdes
guarnição de lírios.
Subam os rebanhos
pelo monte acima
que a neve cobriu,
a pastar tomilhos
................................
Dente parabienes
el mayo garrido,
los alegres campos,
las fuentes y ríos.
Alcen las cabezas
los verdes alisos
y con frutos nuevos
almendros floridos.
Echen las mañanas
después del rocío,
en espadas verdes
guarnición de lirios.
Suban los ganados
por el monte mismo
que cubrió la nieve
a pacer tomillos.
....................
Trad. José Bento in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim
Lope de Vega [Félix Lope de Vega y Carpio or Lope Félix de Vega Carpio] (n. em Madrid a 25 Nov 1562 - m. em 27 Ago 1635).
17 de ago. de 2013
T.S. Elliot Quatro Quartetos
O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro,
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível.
O que podia ter sido é uma abstracção
Permanecendo possibilidade perpétua
Apenas num mundo de especulação.
O que podia ter sido e o que foi
Tendem para um só fim, que é sempre presente.
Ecoam passos na memória
Ao longo do corredor que não seguimos
Em direcção à porta que nunca abrimos
Para o roseiral. As minhas palavras ecoam
Assim, no teu espirito.
Mas para quê
Perturbar a poeira numa taça de folhas de rosa
Não sei.
Outros ecos
Habitam o jardim. Vamos segui-los?
Depressa, disse a ave, procura-os, procura-os,
Na volta do caminho. Através do primeiro portão,
No nosso primeiro mundo, seguiremos
O chamariz do tordo? No nosso primeiro mundo.
Ali estavam eles, dignos, invisíveis,
Movendo-se sem pressão, sobre as folhas mortas,
No calor do outono, através do ar vibrante,
E a ave chamou, em resposta à
Música não ouvida dissimulada nos arbustos,
E o olhar oculto cruzou o espaço, pois as rosas
Tinham o ar de flores que são olhadas.
Ali estavam como nossos convidados, recebidos e recebendo.
Assim nos movemos com eles, em cerimonioso cortejo,
Ao longo da alameda deserta, no círculo de buxo,
Para espreitar o lago vazio.
Lago seco, cimento seco, contornos castanhos,
E o lago encheu-se com água feita de luz do sol,
E os lótus elevaram-se, devagar, devagar,
A superfície cintilava no coração da luz,
E eles estavam atrás de nós, reflectidos no lago.
Depois uma nuvem passou, e o lago ficou vazio.
Vai, disse a ave, pois as folhas estavam cheias de crianças,
Escondendo-se excitadamente.. contendo o riso.
Vai, vai, vai, disse a ave: o gênero humano
Não pode suportar muita realidade.
O tempo passado e o tempo futuro
O que podia ter sido e o que foi
Tendem para um só fim, que é sempre presente.
T.S. Elliot. Quatro Quartetos. Tradução de Maria Amélia Neto. 3ª edição. ÁTICA, 1983
16 de ago. de 2013
Lago Retba, no Senegal
Localizado ao norte de Cap Vert, península do Senegal, o Lago Retba é uma singularidade geológica Ele está infestado com um organismo – uma microalga marinha – chamado Dunaliella salina que ama sal. Adaptada para meios com alta concentração de sal, essa microalga produz um pigmento vermelho que absorve e utiliza a luz solar para criar mais energia, deixando a água com esse tom rosa. O lago Retba tem altas taxas de concentração de sais (entre eles, o cloreto de sódio), chegando ao ponto de ser similar ao Mar Morto, onde a alta densidade da água impede que você afunde com facilidade. Obviamente, a população local explora isso recolhendo o sal para vendê-lo.
Vôo de Cecília Meireles
foto: Darryl Dalton
O viajante acordado pode pensar na terra firme; recordar a altura a que se encontra; ver no relógio como é tarde, no tempo humano; sentir o perigo que o cerca. E no entanto, no entanto... – a tardia hora, muito além do mundo, – quando todos o ignoram, quando ninguém é capaz de adivinhar o que ele está vendo, a vida estranha que está vivendo ali, - inspira-lhe um sentimento maravilhoso e terrível de liberdade, como só se pode sentir talvez na morte.
MEIRELES, Cecília.Crônicas de viagem.3 vols. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998-1999.
Assinar:
Postagens (Atom)
Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...
-
Tem de haver mais Agora o verão se foi E poderia nunca ter vindo. No sol está quente. Mas tem de haver mais. Tudo aconteceu, Tu...
-
A ilha da Madeira foi descoberta no séc. XV e julga-se que os bordados começaram desde logo a ser produzidos pel...