22 de ago. de 2013

Yan Ming ( Bengbu, Anhui Province, China )


































































O tejo é mais belo de Fernando Pessoa

Rio Tejo

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

Mas o tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
O Tejo tem grande navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.


http://letras.mus.br/tom-jobim/86241/

21 de ago. de 2013

Outro falar de Livia Garcia Roza


Manuel Alvarez Bravo

Silenciar é outro falar.

João José Vaz (Setúbal, 9 de Março de 1859 — Lisboa, 17 de Fevereiro de 1931)











A casa de Natércia Freire


A Casa. Há-de o meu ser
Afeiçoar-se à Casa.
Como a pedra ao escultor,
A palavra ao poeta.
Nos silêncios, no escuro,
Nos sonos e nos sonhos,
Sugada pela casa,
Estarei presente em tudo.

Os recados de luz,
Os contos de Chopin,
Recolhem-me no espaço,
Adejam-me sem data.

Um murmúrio de amor
Saltita na penumbra
Das vozes juvenis.
Junto do toucador
Há uma tarde feliz.

Espreito as sombras na hora
Em que a Casa é deserta
Alguém deixou no Tempo
A grande porta aberta...

O mármore, a madeira,
As flores, a terra, a água,
O pássaro cantor e as lanternas
Da escada,
Houve um dia em que sim,
Nasceram e ficaram
Como quem abre a luz
Numa sala arrumada.

A Casa vê o Tejo.
Debruça-se à varanda,
Quer-me levar consigo...

Não sou fácil nem mansa.

20 de ago. de 2013

Eugeni Forcano i Andreu (Barcelona, 1926)













Quede graça de sorriso, quede colo de camélia? Carlos Drummond de Andrade






Camelia japonica
Camellia L. é um género de plantas da família Theaceae que produzem as flores conhecidas como camélia (e em algumas regiões de Portugal como japoneira). O género Camellia inclui muitas plantas ornamentais e a planta do chá.
 O gênero foi descrito pelo naturalista sueco Carl von Linné em sua obra magna Species Plantarum, e assim designado em homenagem ao missionário jesuíta Georg Kamel. Algumas espécies deste gênero pertenciam ao gênero Thea, mas este epíteto foi sinonimizado com Camellia quando se observou que as Camellia e Thea não apresentavam qualquer diferença significativa entre si.
 Todas as espécies de Camellia são designadas, na China, pela palavra mandarim "chá" (), complementada por algum termo que, geralmente, caracteriza seu habitat ou suas peculiaridades morfológicas.
 Este gênero apresenta cerca de 80 espécies nativas das florestas da Índia, Sudeste Asiático, China e Japão. São arbustos ou árvores de porte médio, com folhas coriáceas, escuras, lustrosas, com bordas serrilhadas ou denteadas. Apresentam flores vistosas, brancas, vermelhas, rosadas, matizadas, ou raramente amarelas, algumas tão grandes quanto a palma da mão de uma pessoa adulta, outras tão pequenas quanto uma moeda. Certas espécies exalam suave perfume. Os frutos são cápsulas globosas, que podem variar do tamanho de um amendoim ao de uma maçã, com cerca de 3 sementes esféricas.
 Algumas espécies, como C. japonica, C. sasanqua, C. reticulata, e C. chrysantha, são cultivadas por suas belas e grandes flores, folhagem densa, escura e lustrosa, e porte baixo. Estas e outras espécies são intercruzadas para a obtenção de híbridos que reúnem suas melhores qualidades.
 A este gênero ainda pertence a C. sinensis, espécie de cujas folhas se obtém o chá, e cujo comércio movimenta bilhões de dólares todos os anos. Outras espécies de Camellia ainda são usadas localmente na Índia e na China como alternativas à C. sinensis para a preparação de chá. Outras produzem um óleo em suas sementes, aproveitado como combustível.

19 de ago. de 2013

Rabo de baleia :: Alice Sant'Anna

Gregory Colbert 
um enorme rabo de baleia
cruzaria a sala nesse momento
sem barulho algum o bicho
afundaria nas tábuas corridas
e sumiria sem que percebêssemos
no sofá a falta de assunto
o que eu queria mas não te conto
é abraçar a baleia mergulhar com ela
sinto um tédio pavoroso desses dias
de água parada acumulando mosquito
apesar da agitação dos dias
da exaustão dos dias
o corpo que chega exausto em casa
com a mão esticada em busca
de um copo d’água
a urgência de seguir para uma terça 
ou quarta boia e a vontade 
é de abraçar um enorme 
rabo de baleia seguir com ela

Do sol que foste, guardei a luz de Livia Garcia-Roza

Dale Jackson



Do sol que foste, guardei a luz 

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...