6 de nov. de 2014

Michala Gyetvai - arte têxtil





















CEDULA :: FELIX PITA RODRIGUEZ (1909-1990)



Toshi Yoshida
Não sei se alguma vez fui uma cerejeira silvestre.
Talvez fosse neve, mirto, flor de cardo, chuva fina;
quem sabe um verde, trêmulo, inseto do orvalho.

Não sei se alguma vez fui uma cerejeira silvestre,
mas às vezes um âmbito de ramos ao vento,
certa expressão de alturas se debatendo.

Quem sabe ali.

Não digo que não fosse, nem digo que é possível:
estou contando coisas que não têm remédio.

.................

No sé si alguna vez fui un cerezo silvestre.
Tal vez fui nieve, mirto, vilano, lluvia fina;
acaso un verde, trémulo, insecto del rocío.

No sé si alguna vez fui un cerezo silvestre,
pero a veces un ámbito de ramas en el viento,
cierta expresión de alturas debatiéndose.

Acaso allí.

No digo que no fuera, ni digo que es posible:
estoy contando cosas que no tienen remedio.


In: Historia tan natural, 1970

5 de nov. de 2014

SIMPLES NA SAUDAÇÃO :: GEORGINA HERRERA (Jovellanos, Matanzas,Cuba 1936)

 Ito Shinsui

— Oi — diz o homem.
Eu sorrio.
Toca em meus nervos algo
como se um vento lamentável
soprasse suavemente.
— Oi —  insiste. Breve
e simples é a saudação.
Sou o avesso de tudo o que vive.
Me calo.  Que palavra
ou que gestos alçar, como resposta
a quem um tempo atrás
(não muito)
apenas com a mão e sua palavra
me tornou tempestade?
Tanto não foi o tempo deslizado
desde então
e...
lembra ou não este homem
quando eu era tempestade
sob sua mão e sua palavra?

.......................

SIMPLE EN EL SALUDO

— Hola — dice el hombre.
Yo sonrío.
Toca en mis nervios algo
como si un viento lamentable
soplara suavemente.
— Hola — insiste.  Breve
y simple es el saludo.
Soy el revés de todo lo que vive.
Callo. ¿Qué palabra
o qué gesto alzar, como respuesta
a quien un tiempo atrás
(no mucho)
tan solo con su mano y su palabra
me volvió tempestad?
Tanto no ha sido el tiempo deslizado
desde entonces
y...
¿recuerda o no este hombre
cuando fui tempestad
bajo su mano y su palabra?

4 de nov. de 2014

"Um refúgio? Eduardo Galeano

"Um refúgio? Uma barriga? Um abrigo onde se esconder quando estiver se afogando na chuva, ou sendo quebrado pelo frio, ou sendo revirado pelo vento? Temos um esplêndido passado pela frente? Para os navegantes com desejo de vento, a memória é um ponto de partida".











Quando vim da minha terra :: Wislawa Szymborska

Quando vim da minha terra,
se é que vim da minha terra
(não estou morto por lá?),
a correnteza do rio
me sussurrou vagamente
que eu havia de quedar
lá donde me despedia.
Os morros, empalidecidos
no entrecerrar-se da tarde,
pareciam me dizer
que não se pode voltar,
porque tudo é conseqüência
de um certo nascer ali.

Quando vim, se é que vim
de algum para outro lugar,
o mundo girava, alheio
à minha baça pessoa,
e no seu giro entrevi
que não se vai nem se volta
de sítio algum a nenhum.

Que carregamos as coisas,
moldura da nossa vida,
rígida cerca de arame,
na mais anônima célula,
e um chão, um riso, uma voz
ressoam incessantemente
em nossas fundas paredes.

Novas coisas sucedendo-se
iludem a nossa fome
de primitivo alimento.
As descobertas são máscaras
do mais obscuro real,
essa ferida alastrada
na pele de nossas almas.

Quando vim da minha terra
não vim, perdi-me no espaço,
na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.
Lá estou eu, enterrado
por baixo de falas mansas,
por baixo de negras sombras,
por baixo de lavras de ouro,
por baixo de gerações,
por baixo, eu sei, de mim mesmo,
este vivente enganado,
enganoso.

Dave Anderson :: fotografia




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3 de nov. de 2014

Abricó-de-macaco








Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Lecythidaceae
Género: Couroupita
Espécie: C. guianensis
Nome binomial
Couroupita guianensis
Aubl.
Sinónimos
Couroupita acreensis R. Knuth
Couroupita antillana Miers
Couroupita froesii R. Knuth
Couroupita guianensis var. surinamensis Eyma Couroupita idolica Dwyer
Couroupita membranacea Miers
Couroupita peruviana O. Berg
Couroupita saintcroixiana R.Knuth
Couroupita surinamensis Mart. ex Berg
Couroupita venezuelensis R. Knuth
Lecythis bracteata Willd.
Pekea couroupita A. Juss.

Couroupita guianensis- MHNT
O abricó-de-macaco (Couroupita guianensis Aubl.; Lecythidaceae), também conhecido pelos nomes populares castanha-de-macaco, cuia-de-macaco, macacarecuia, maracarecuia, amêndoa-dos-andes e amendoeira-dos-andes , é uma espécie de árvore originária da Amazônia que tem frutos redondos que pendem em cachos e flores exuberantes. É bastante usada em paisagismo urbano e em fazendas. Possui altura média entre 8 e 15 metros, fruto tipo baga, grande e redondo, e suas flores, muito perfumadas, saem diretamente do tronco.

Etimologia
"Abricó" se originou do francês abricot . "Castanha" se originou do grego kástanon, através do latim nux castanea, "noz de castanheiro" . "Cuia" se originou do tupi ku'ya . "Amêndoa" e "amendoeira" se originaram do grego amygdále, através do latim amygdala .

O seu nome científico, Couroupita guianensis, foi dado pelo Botânico francês Jean Baptiste Christophore Fusée Aublet em 1755. É conhecida pelo nome vulgar cannonball tree, numa referência aos enormes frutos esféricos.

Ocorrência
Nas Américas do Sul e Central, em regiões tropicais, incluindo toda a Amazônia, na mata semidecídua de terras baixas, em margens inundáveis. Nativa em: Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Panamá (onde está em perigo crítico), Peru, Suriname, Venezuela.  É amplamente cultivada fora de sua abrangência nativa.
Abricó-de-macaco
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Insiro o rosto :: ANTÓNIO RAMOS ROSA

Nadejda Anfalova
Insiro o rosto
entre os ramos de um arbusto
e bebo a delicada fábula
dos fulgores solares

Consumi toda a minha fragilidade verde

Dormi como uma folha
de braços abertos
e passo a passo
subi ao cimo do dia

 in NUMA FOLHA LEVE E LIVRE. Lua de Marfim Editora,  2013.

2 de nov. de 2014

Os meus mortos :: Manuel António Pina

"Os meus mortos levaram consigo, de mim, palavras, memórias, dias, lugares, desígnios, incertezas; os seus olhos guardam para sempre o meu rosto, os seus ouvidos a minha voz. Também eu morri com eles, e também eu, o que fiquei, me perdi fora de mim. Onde quer que eles estejam agora, quem quer que sejam agora, estou, pois, junto deles. E pertencem-me, tanto quanto provavelmente eu lhes pertenço."

in Por outras palavras

Rosas amarelas










O gato e o pássaro :: Jacques Prévert

O gato e o pássaro Uma cidade escuta desolada O canto de um pássaro ferido É o único pássaro da cidade E foi o único gato da cidade Que o de...