Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
19 de fev. de 2015
18 de fev. de 2015
Palavras de plantão :: Silvana Conterno
convenção dos dias
são soldados rasos
Quero as que preciso pescar
no rio profundo emaranhadas
arrastam outras pela memória
Não me explicam
mas, me salvam
do silêncio
Não Mais :: Czeslaw Milosz (1911-2004)
Katsushika Hokusai
Preciso contar um dia como mudei
Minha opinião sobre a poesia e por que
Me considero hoje um dos muitos
Mercadores e artesãos do Império do Japão
Compondo versos sobre a floração da cerejeira,
Sobre crisântemos e a lua cheia.
Se eu pudesse descrever as cortesãs
De Veneza, como incitam com uma vareta o pavão no pátio
E desfolhar do tecido sedoso, da cinta nacarina
Os seios pesados, a marca
Avermelhada no ventre onde o vestido se abotoa,
Ao menos assim como as viu o dono das galeotas
Arribadas àquela manhã carregando ouro;
E se ao mesmo tempo pudesse encerrar seus pobres ossos
No cemitério, onde o mar oleoso lambe o portão,
Em palavras mais duráveis que o derradeiro pente
Que entre carcomas sob a lápide, só, espera pela luz
Não duvidaria. Da resistência da matéria
O que se retém? Nada, quando muito o belo.
Então devem nos bastar as flores da cerejeira
E os crisântemos e a lua cheia.
Montgeron, 1957
17 de fev. de 2015
Flor morcego negra (Black bat flower ) Tacca
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Subclasse: Liliidae
Ordem: Liliales
Família: Taccaceae
Taccaceae é uma família de plantas monocotiledóneas, composta por 31 espécies agrupadas no género Tacca.
São plantas verdes, herbáceas, perenes, principalmente das regiões tropicais.
O sistema APG (1998) coloca esta família dentro da ordem Dioscoreales. No sistema APG II (2003) o género Tacca é incorporado na família Dioscoreaceaes. O APWeb (6 de Março de 2008) aceita esta família.
Las especies, conjuntamente con su publicación válida, distribución y hábito se listan a continuación (según Royal Botanic Gardens, Kew,6 a enero del 2009):
Tacca ankaranensis Bard.-Vauc., Adansonia, III, 19: 154 (1997). Madagascar.
Tacca bibracteata Drenth, Blumea 20: 395 (1972 publ. 1973). Borneo (Sarawak). Geofita rizomatosa.
Tacca borneensis Ridl., J. Straits Branch Roy. Asiat. Soc. 49: 45 (1908). Oeste de Borneo. Geofita rizomatosa.
Tacca celebica Koord., Meded. Lands Plantentuin 19: 641 (1898). Norte de Célebes. Geofita rizomatosa.
Tacca chantrieri André, Rev. Hort. 73: 541 (1901). Assam a S. de China y península de Malasia. Geofita rizomatosa.
Tacca ebeltajae Drenth, Blumea 20: 401 (1972 publ. 1973). E. de Nueva Guinea a Islas Solomon. Geofita tuberosa.
Tacca integrifolia Ker Gawl., Bot. Mag. 35: t. 1448 (1812). Bhutan al oeste de Malasia. Hemicriptófita o geofita rizomatosa.
Tacca leontopetaloides (L.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 704 (1891). Tropical, del Viejo Mundo al Pacífico. Geofita tuberosa.
Tacca maculata Seem., Fl. Vit.: 103 (1866). Noreste del Oeste de Australia al Noroeste del Territorio del Norte, Sudoeste del Pacífico. Geofita tuberosa.
Tacca palmata Blume, Enum. Pl. Javae 1: 83 (1827). Indochina a Malasia (incl. Isla Misool). Geofita tuberosa.
Tacca palmatifida Baker, J. Linn. Soc., Bot. 15: 100 (1876). Célebes. Geofita rizomatosa.
Tacca parkeri Seem., Fl. Vit.: 102 (1866). América subtropical. Hemicriptófita
Tacca plantaginea (Hance) Drenth, Blumea 20: 391 (1972 publ. 1973). S. de China a Indochina. Hemicriptófita o geofita rizomatosa.
Tacca subflabellata P.P.Ling & C.T.Ting, Acta Phytotax. Sin. 20: 202 (1982). China (SE. Yunnan). Hemicriptófita o geofita rizomatosa.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Navio que partes para longe :: Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)
Rafal Olbinski
Navio que partes para longe,
Porque é que, ao contrário dos outros,
Não fico, depois de desapareceres, com saudades de ti?
Porque quando te não vejo, deixaste de existir.
E se se tem saudades do que não existe,
Sente-se em relação a coisa nenhuma,
Não é do navio, é de nós, que sentimos saudades.
29-5-1918
“Poemas Inconjuntos”. Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994. 143.
16 de fev. de 2015
Cego de ser raiz :: Mia Couto
Anna Cunha
cego
de ser raiz
imóvel
de me ascender caule
múltiplo
de ser folha
aprendo
a ser árvore
enquanto
iludo a morte
na folha tombada do tempo
O habitante:: Mia Couto
(ao meu pai)
Se partiste, não sei.
Porque estás,
tanto quanto sempre estiveste.
Essa tua,
tão nossa, presença
enche de sombra a casa
como se criasse,
dentro de nós,
uma outra casa.
No silêncio distraído
de uma varanda
que foi o teu único castelo,
ecoam ainda os teus passos
feitos não para caminhar
mas para acariciar o chão.
Nessa varanda te sentas
nesse tão delicado modo de morrer
como se nos estivesse ensinando
um outro modo de viver.
Se o passo é tão celeste
a viagem não conta
senão pelo poema que nos veste.
Os lugares que buscaste
não têm geografia.
São vozes, são fontes,
rios sem vontade de mar,
tempo que escapa da eternidade.
Moras dentro,
sem deus nem adeus.
fonte: Vagas e lumes. Editorial Caminho, 2014.
15 de fev. de 2015
Uns :: Caetano Veloso
Uns vão
Uns tão
Uns são
Uns dão
Uns não
Uns hão de
Uns pés
Uns mãos
Uns cabeça
Uns só coração
Uns amam
Uns andam
Uns avançam
Uns também
Uns cem
Uns sem
Uns vêm
Uns têm
Uns nada têm
Uns mal
Uns bem
Uns nada além
Nunca estão todos
Uns bichos
Uns deuses
Uns azuis
Uns quase iguais
Uns menos
Uns mais
Uns médios
Uns por demais
Uns masculinos
Uns femininos
Uns assim
Uns meus
Uns teus
Uns ateus
Uns filhos de Deus
Uns dizem fim
Uns dizem sim
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