Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
24 de mar. de 2015
A Irmã Que Nunca Tive :: Célia Gil
irmã que nunca tive.
Quero pegar-te na mão,
contar-te como me sinto.
E tu, irmã sonhada,
ficarás acordada
apenas para me ouvir.
Ouvir-me-as pacientemente,
sorrir-me-as docemente,
saberás exactamente o que sinto.
Riremos juntas
dos momentos que não tivemos,
partilharemos juntas
os momentos que não vivemos.
E eu nunca mais estarei só.
Já velhinhas,
continuaremos unidas
em histórias fingidas,
por nós ficcionadas,
irmãs, amigas, conhecidas!
23 de mar. de 2015
Pampas :: Everardo Norões (Crato, Ceará )
as paisagens,
a cortarem geometricamente
nossas rotinas.
As curvas senoidais
das serras,
as retas dormentes
das planícies.
E nós:
pequenos pontos
num papel rasgado.
22 de mar. de 2015
Que chova jasmim :: RONNY SOMECK
Fairuz ergue os lábios
para o céu.
Que chova jasmim
sobre todos que se conheceram
e não sabiam que estavam apaixonados.
Eu a ouvia cantar no Fiat de Muhammad,
ao meio dia na rua Ibn Gabirol:
Uma cantora libanesa a cantar num carro italiano,
conduzido por um poeta árabe de Baqa-al-Gharbiyye,
numa rua com o nome de um poeta hebraico da Espanha medieval.
E o jasmim?
Se cair dos céus do Armagedom
virará
por um instante
uma verde
luz
no próximo cruzamento.
21 de mar. de 2015
Andar para aprender de Lídia Jorge
Kendall Kessler
“Pois no meu caso, decorar sempre significou caminhar com um papel na mão, os olhos semicerrados, repetindo alto, até uma parte das falas ficar gravada no corpo. Decorar sempre consistira em impregnar de palavras o organismo inteiro, transformando-as numa coisa orgânica, uma coisa carnal. As plantas dos meus pés em movimento sempre serviram de máquina de impregnação de palavras. Os meus braços, as minhas mãos em movimento, unidos, sempre souberam mais do que o meu pensamento. A minha memória sempre foi alguma coisa mais ampla do que um tecido associado ao labirinto do cérebro, tendo a fixação muito mais a ver com os músculos do que propriamente com um processo mental. Andar, andar para apreender, repetir, decorar junto ao mar.”O Belo Adormecido, Dom Quixote
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