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Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
28 de ago. de 2015
Zona Hermética :: Manoel de Barros
Frida Kahlo, 1945
De repente, intrometem-se uns nacos de sonhos;Uma remembrança de mil novecentos e onze;
Um rosto de moça cuspido no capim de borco;
Um cheiro de magnólias secas.
O poeta procura compor esse inconsútil jorro;
Arrumá-lo num poema; e o faz.
E ao cabo Reluz com a sua obra.
Que aconteceu? Isto: O homem não se desvendou, nem foi
atingido: Na zona onde repousa em limos
Aquele rosto cuspido e aquele
Seco perfume de magnólias,
Fez-se um silêncio branco... E, aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado.
Não será marcado.
Nunca será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao
poema.
POESIAS, 1956,
in Gramática Expositiva do Chão
27 de ago. de 2015
Às coisas sou blasé :: Ana Estaregui (1987, Sorocaba)
Claude Monet, 1872
finjo não ver beleza
nas pequenas xícaras disfarço
a ternura
pelas as estampas
de frutas tropicais
na toalha
de plástico
da mesa da cozinha
[por fora lisinha
por dentro manta - que nem carpete]
dissimulo
indiferença às casquinhas
craqueladas
espalhadas
de pão francês
e ao tom marrom caramelo escuro
dos pratos duralex.
26 de ago. de 2015
MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA
Winslow Homer
Antes de um lugar há o seu nome. É ainda
a viagem até ele, que é um outro lugar
mais descontínuo e inominável.
Lembro-me
do quadriculado verde das colinas,
do sol entretido pelos telhado ao longe,
dos rebanhos empurrados nos carreiros,
de um cão pequeno que se atreveu à estrada.
Íamos ou vínhamos?
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