27 de out. de 2015

Agroglifos: das palavras gregas agro (campo) e glifo (entalhe)














http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI345188-18580,00-AGROGLIFOS+DE+SANTA+CATARINA+CIRCULOS+EM+PLANTACOES+AINDA+NAO+SAO+ASSUNTO+S.html

Escultura no metal :: idestudiet






































Eu terra :: Ana Estaregui

Olafur Eliasson, 1997
sempre gostei da palavra island.
talvez por causa desse som elíptico do ésse ou talvez, sei lá, por outra coisa que não se explica.

o fato é que me impressiona essa afirmação que a terra faz aos quatro ventos ao mar: eu, terra, resisto às tuas águas.

26 de out. de 2015

OUTRO DIA :: José Almino


A luz era variável e branda,
sem tirar nem pôr.
E o rio corria lento atrás das casas,
só faltava falar.

Sem tirar nem pôr.

Cedinho, as costureiras,
gente tão mansa e afável,
passavam, 
entristeciam a alva em surpresa.

E a poesia era desnecessária.

25 de out. de 2015

Nosso Tempo :: Carlos Drummond de Andrade

I

Esse é Tempo De Partido,
Tempo De Homens Partidos.

Em Vão Percorremos Volumes,
Viajamos E Nos Colorimos.
A Hora Pressentida Esmigalha-se Em Pó Na Rua.
Os Homens Pedem Carne. Fogo. Sapatos.
As Leis Não Bastam. Os Lírios Não Nascem
Da Lei. Meu Nome é Tumulto, E Escreve-se
Na Pedra.

Visito Os Fatos, Não Te Encontro.
Onde Te Ocultas, Precária Síntese,
Penhor De Meu Sono, Luz
Dormindo Acesa Na Varanda?
Miúdas Certezas De Empréstimos, Nenhum Beijo
Sobe Ao Ombro Para Contar-me
A Cidade Dos Homens Completos.

Calo-me, Espero, Decifro.
As Coisas Talvez Melhorem.
São Tão Fortes As Coisas!
Mas Eu Não Sou As Coisas E Me Revolto.
Tenho Palavras Em Mim Buscando Canal,
São Roucas E Duras,
Irritadas, Enérgicas,
Comprimidas Há Tanto Tempo,
Perderam O Sentido, Apenas Querem Explodir.

Ii

Esse é Tempo De Divisas,
Tempo De Gente Cortada.
De Mãos Viajando Sem Braços,
Obscenos Gestos Avulsos.

Mudou-se A Rua Da Infância.
E O Vestido Vermelho
Vermelho
Cobre A Nudez Do Amor,
Ao Relento, No Vale.

Símbolos Obscuros Se Multiplicam.
Guerra, Verdade, Flores?
Dos Laboratórios Platônicos Mobilizados
Vem Um Sopro Que Cresta As Faces
E Dissipa, Na Praia, As Palavras.

A Escuridão Estende-se Mas Não Elimina
O Sucedâneo Da Estrela Nas Mãos.
Certas Partes De Nós Como Brilham! São Unhas,
Anéis, Pérolas, Cigarros, Lanternas,
São Partes Mais íntimas,
E Pulsação, O Ofego,
E O Ar Da Noite é O Estritamente Necessário
Para Continuar, E Continuamos.

Iii

E Continuamos. É Tempo De Muletas.
Tempo De Mortos Faladores
E Velhas Paralíticas, Nostálgicas De Bailado,
Mas Ainda é Tempo De Viver E Contar.
Certas Histórias Não Se Perderam.
Conheço Bem Esta Casa,
Pela Direita Entra-se, Pela Esquerda Sobe-se,
A Sala Grande Conduz A Quartos Terríveis,
Como O Do Enterro Que Não Foi Feito, Do Corpo Esquecido Na Mesa,
Conduz à Copa De Frutas ácidas,
Ao Claro Jardim Central, à água
Que Goteja E Segreda
O Incesto, A Bênção, A Partida,
Conduz às Celas Fechadas, Que Contêm:
Papéis?
Crimes?
Moedas?

Ó Conta, Velha Preta, ó Jornalista, Poeta, Pequeno Historiados Urbano,
ó Surdo-mudo, Depositário De Meus Desfalecimentos, Abre-te E Conta,
Moça Presa Na Memória, Velho Aleijado, Baratas Dos Arquivos, Portas Rangentes, Solidão E Asco,
Pessoas E Coisas Enigmáticas, Contai;
Capa De Poeira Dos Pianos Desmantelados, Contai;
Velhos Selos Do Imperador, Aparelhos De Porcelana Partidos, Contai;
Ossos Na Rua, Fragmentos De Jornal, Colchetes No Chão Da
Costureira, Luto No Braço, Pombas, Cães Errantes, Animais Caçados, Contai.
Tudo Tão Difícil Depois Que Vos Calastes...
E Muitos De Vós Nunca Se Abriram.

Iv

É Tempo De Meio Silêncio,
De Boca Gelada E Murmúrio,
Palavra Indireta, Aviso
Na Esquina. Tempo De Cinco Sentidos
Num Só. O Espião Janta Conosco.

É Tempo De Cortinas Pardas,
De Céu Neutro, Política
Na Maçã, No Santo, No Gozo,
Amor E Desamor, Cólera
Branda, Gim Com água Tônica,
Olhos Pintados,
Dentes De Vidro,
Grotesca Língua Torcida.
A Isso Chamamos: Balanço.

No Beco,
Apenas Um Muro,
Sobre Ele A Polícia.
No Céu Da Propaganda
Aves Anunciam
A Glória.
No Quarto,
Irrisão E Três Colarinhos Sujos.

V

Escuta A Hora Formidável Do Almoço
Na Cidade. Os Escritórios, Num Passe, Esvaziam-se.
As Bocas Sugam Um Rio De Carne, Legumes E Tortas Vitaminosas.
Salta Depressa Do Mar A Bandeja De Peixes Argênteos!
Os Subterrâneos Da Fome Choram Caldo De Sopa,
Olhos Líquidos De Cão Através Do Vidro Devoram Teu Osso.
Come, Braço Mecânico, Alimenta-te, Mão De Papel, é Tempo De Comida,
Mais Tarde Será O De Amor.

Lentamente Os Escritórios Se Recuperam, E Os Negócios, Forma Indecisa, Evoluem.
O Esplêndido Negócio Insinua-se No Tráfego.
Multidões Que O Cruzam Não Vêem. É Sem Cor E Sem Cheiro.
Está Dissimulado No Bonde, Por Trás Da Brisa Do Sul,
Vem Na Areia, No Telefone, Na Batalha De Aviões,
Toma Conta De Tua Alma E Dela Extrai Uma Porcentagem.

Escuta A Hora Espandongada Da Volta.
Homem Depois De Homem, Mulher, Criança, Homem,
Roupa, Cigarro, Chapéu, Roupa, Roupa, Roupa,
Homem, Homem, Mulher, Homem, Mulher, Roupa, Homem,
Imaginam Esperar Qualquer Coisa,
E Se Quedam Mudos, Escoam-se Passo A Passo, Sentam-se,
últimos Servos Do Negócio, Imaginam Voltar Para Casa,
Já Noite, Entre Muros Apagados, Numa Suposta Cidade, Imaginam.
Escuta A Pequena Hora Noturna De Compensação, Leituras, Apelo Ao Cassino, Passeio Na Praia,
O Corpo Ao Lado Do Corpo, Afinal Distendido,
Com As Calças Despido O Incômodo Pensamento De Escravo,
Escuta O Corpo Ranger, Enlaçar, Refluir,
Errar Em Objetos Remotos E, Sob Eles Soterrados Sem Dor,
Confiar-se Ao Que Bem Me Importa
Do Sono.

Escuta O Horrível Emprego Do Dia
Em Todos Os Países De Fala Humana,
A Falsificação Das Palavras Pingando Nos Jornais,
O Mundo Irreal Dos Cartórios Onde A Propriedade é Um Bolo Com Flores,
Os Bancos Triturando Suavemente O Pescoço Do Açúcar,
A Constelação Das Formigas E Usurários,
A Má Poesia, O Mau Romance,
Os Frágeis Que Se Entregam à Proteção Do Basilisco,
O Homem Feio, De Mortal Feiúra,
Passeando De Bote
Num Sinistro Crepúsculo De Sábado.

Vi

Nos Porões Da Família
Orquídeas E Opções
De Compra E Desquite.
A Gravidez Elétrica
Já Não Traz Delíquios.
Crianças Alérgicas
Trocam-se; Reformam-se.
Há Uma Implacável
Guerra às Baratas.
Contam-se Histórias
Por Correspondência.
A Mesa Reúne
Um Copo, Uma Faca,
E A Cama Devora
Tua Solidão.
Salva-se A Honra
E A Herança Do Gado.

Vii

Ou Não Se Salva, E é O Mesmo. Há Soluções, Há Bálsamos
Para Cada Hora E Dor. Há Fortes Bálsamos,
Dores De Classe, De Sangrenta Fúria
E Plácido Rosto. E Há Mínimos
Bálsamos, Recalcadas Dores Ignóbeis,
Lesões Que Nenhum Governo Autoriza,
Não Obstante Doem,
Melancolias Insubornáveis,
Ira, Reprovação, Desgosto
Desse Chapéu Velho, Da Rua Lodosa, Do Estado.
Há O Pranto No Teatro,
No Palco ? No Público ? Nas Poltronas ?
Há Sobretudo O Pranto No Teatro,
Já Tarde, Já Confuso,
Ele Embacia As Luzes, Se Engolfa No Linóleo,
Vai Minar Nos Armazéns, Nos Becos Coloniais Onde Passeiam Ratos Noturnos,
Vai Molhar, Na Roça Madura, O Milho Ondulante,
E Secar Ao Sol, Em Poça Amarga.
E Dentro Do Pranto Minha Face Trocista,
Meu Olho Que Ri E Despreza,
Minha Repugnância Total Por Vosso Lirismo Deteriorado,
Que Polui A Essência Mesma Dos Diamantes.

Viii

O Poeta
Declina De Toda Responsabilidade
Na Marcha Do Mundo Capitalista
E Com Suas Palavras, Intuições, Símbolos E Outras Armas
Prometa Ajudar
A Destruí-lo
Como Uma Pedreira, Uma Floresta
Um Verme.

A uma passante :: Charles Baudelaire

Federico Zandomeneghi


A uma transeunte

A rua ensurdecedora em meu redor berrava
Alta, esguia, de luto carregado, dor majestosa,
Um mulher passou, com sua mão faustosa
Erguendo, baloiçando o ramo e a bainha

Ágil e nobre, com sua perna de estátua,
Eu bebia, crispado como extravagante,
No seu olhar, céu lívido onde nasce o furacão,
A doçura que fascina e o prazer que mata

Um raio… em seguida, a noite!  - Beleza fugitiva
Cujo olhar me fez repentinamente renascer,
Só voltarei a ver-te na eternidade?

Algures, bem longe daqui! Demasiado tarde! Nunca talvez!
Eu não sei para onde fugiste, tu não sabes para onde vou,
Tu que eu teria amado, tu que sabias que sim!

Tradução de Maria Gabriela Llansol

.........

A rua em derredor era um ruído incomum, 
longa, magra, de luto e na dor majestosa, 
Uma mulher passou e com a mão faustosa 
Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata. 
Eu bebia perdido em minha crispação 
No seu olhar, céu que germina o furacão, 
A doçura que embala o frenesi que mata.

Um relâmpago e após a noite! — Aérea beldade, 
E cujo olhar me fez renascer de repente, 
Só te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente! 
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais, 
Tu que eu teria amado — e o sabias demais! 

Tradução de  Paulo Menezes

........

A uma passante
A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.

Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;

Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.

Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.

Brilho… e a noite depois! – Fugitiva beldade

De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daqui! tarde demais! “nunca” talvez!

Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!

Tradução de Guilherme de Almeida

A uma Passante
A rua em derredor era um ruído incomum,

Longa, magra, de luto e na dor majestosa,
Uma mulher passou e com a mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.

Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que se embala e o frenesi que mata.

Um relâmpago, e após a noite! – Aérea beldade,

E cujo olhar me fez renascer de repente,
Só te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, “jamais” provavelmente!

Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado – e o sabias demais!
Tradução de Jamil Haddad


À une passante (original)
La rue assourdissante autour de moi hurlait.

Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse ,
Une femme passa, d’ une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l’ourlet;

Agile et noble, avec sa jambe de stautue.

Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l’ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.

Un éclair…puis la nuit! – Fugitive beauté

Dont le regard m’a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l’eternité?

Ailleurs, bien loin d’ici! trop tard! “jamais” peut-être!

Car j’ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
Ô toi que j’eusse aimée, ô toi qui le savais!

24 de out. de 2015

Jenipapo (Genipa americana)






Jenipapo é o fruto do jenipapeiro (Genipa americana), uma árvore que chega a vinte metros de altura e é da família Rubiaceae, a mesma do café. É encontrada em toda a América tropical. No Brasil, encontramos pés de jenipapo nativos na Amazônia e na mata atlântica, principalmente em matas mais úmidas, ou próximo a rios - a planta inclusive aguenta encharcamento. Em guarani, jenipapo significa "fruta que serve para pintar". Isso porque, do sumo do fruto verde, se extrai uma tinta com a qual se pode pintar a pele, paredes, cerâmica etc. O jenipapo é usado por muitas etnias da América do Sul como pintura corporal e some depois de aproximadamente duas semanas. A bela coloração azul-escura formada deve-se ao contacto da genipina contida nos frutos verdes com as proteínas da pele, sob ação do oxigênio atmosférico.

O termo "Jenipapo" origina-se do termo tupi yandï'pawa.
Descrição
O fruto é uma baga subglobosa geralmente de cor amarelo-pardacenta. Sua polpa tem cheiro forte e é comestível, mas é mais apreciada na forma de compotas, doces, xaropes, bebida refrigerante, bebida vinosa e licor.

O licor de jenipapo é uma bebida apreciada na Bahia, em Pernambuco e em cidades de Goiás, inclusive muito vendida em comércios de cidades turísticas como Caldas Novas e Jataí. Nas festas juninas da Bahia, o licor de jenipapo é o mais apreciado e os mais famosos são produzidos no Recôncavo baiano, de forma artesanal, em toneis que ficam em infusão por um ano até serem envasados e consumidas no São João. As cidades com maior tradição na fabricação deste tipo de bebida são Maragojipe, Cachoeira, Cruz das Almas e Santo Amaro.

Algumas partes do jenipapeiro (como a raiz, as folhas e o fruto) têm diferentes propriedades medicinais. As cascas do caule e as cascas do fruto verde são usadas também para curtir couro, por serem ricas em tanino. O jenipapo usado em forma de garrafada serve para emagrecimento e junção em dietas para redução de colesterol ruim.[carece de fontes]

Jenipapo é uma fruta que se parece com o figo, só que um pouco maior. Fruto do jenipapeiro, deve ser colhido no ponto certo de maturação para que possa ser aproveitado. Embora seja consumido ao natural, seu uso mais freqüente é sob a forma de licor. Na medicina caseira, o jenipapo é utilizado como fortificante e estimulante do apetite. É um fruto comestível ao natural e empregado no preparo de compota, doce cristalizado, refresco, suco, polpa, xarope, licor, vinho, álcool, vinagre e aguardente. A jenipapada é um doce feito de jenipapo cortado em pedacinhos e misturado ao açúcar, sem ir ao fogo. 0 Jenipapo possui um elevado conteúdo de ferro. Por isso, é aconselhável um grande uso dessa rubiácea. Também possui cálcio, hidratos de carbono, calorias, gorduras, água, e às vitaminas B1, B2, B5 e C. Acredita-se no Norte e no Nordeste do Brasil, que o suco de jenipapo é adequado para combater a anemia decorrente do impaludismo ou das verminoses. Segundo autoridades científicas, esse fruto faz bem aos asmáticos. Como diurético, o suco do fruto é aconselhável nos casos de hidropisia.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Pelo Sul :: Fabrício Corsaletti


em algum momento entendi que adorava
varais com roupas estendidas

no quintal de casa
nos filmes italianos
num bairro do século XVIII em Marselha

a maneira como as camisas
não se desesperam
as calças não se cansam

as cuecas e as calcinhas convivem
pacificamente
embora continuem a desejar
as meias jamais se iludem
os sutiãs são honestos
e os vestidos e as saias existem
pelo mesmo motivo que os poetas escrevem –
para que os ossos brilhem na noite

desde então
o mundo pode ter atirado
meus mortos num poço de merda
mas se topo de manhã com um varal pelas ruas
rio por dentro porque sei que no fundo
fui quase sempre amoroso e feliz

23 de out. de 2015

Orquídeas







Jasmim das viúvas, Jurubeba de cipó (Solanum seaforthianum)









Para guardar :: ANA ESTAREGUI


anotou em seu moleskine a palavra laringe.
o poema, em geral, cresce em volta de uma palavra estranha.
às vezes nem tão estranha, mas que provoca uma pequena paralisia.
[e eu adoro ser flagrada por essas palavras]
elas interrompem o meu dia, param tudo mesmo.
de vez em quando, quando posso,
pego elas com as mãos
e aí desenho um espaço pra elas, feito de letras.

22 de out. de 2015

TEMPO É TERNURA :: Fabrício Carpinejar

Viver tem sido adiantar o serviço do dia seguinte. No domingo, já estamos na segunda, na terça já estamos na quarta e sempre um dia a mais do dia que deveríamos viver. Pelo excesso de antecedência, vamos morrer um mês antes.

Está na hora de encarar a folha branca da agenda e não escrever. O costume é marcar o compromisso e depois adiar, que não deixa de ser uma maneira de ainda cumpri-lo.

Tempo é ternura.

Perder tempo é a maior demonstração de afeto. A maior gentileza. Sair daquele aproveitamento máximo de tarefas. Ler um livro para o filho pequeno dormir. Arrumar as gavetas da escrivaninha de sua mulher quando poderia estar fazendo suas coisas. Consertar os aparelhos da cozinha, trocar as pilhas do controle remoto. Preparar um assado de 40 minutos. Usar pratos desnecessários, não economizar esforço, não simplificar, não poupar trabalho, desperdiçar simpatia.

Levar uma manhã para alinhar os quadros, uma tarde para passar um paninho nas capas dos livros e lembrar as obras que você ainda não leu. Experimentar roupas antigas e não colocar nenhuma fora. Produzir sentido da absoluta falta de lógica.

Tempo é ternura.

O tempo sempre foi algoz dos relacionamentos. Convencionou-se explicar que a paixão é biológica, dura apenas dois anos e o resto da convivência é comodismo.

Não é verdade, amor não é intensidade que se extravia na duração.

Somente descobriremos a intensidade se permitirmos durar. Se existe disponibilidade para errar e repetir. Quem repete o erro logo se apaixonará pelo defeito mais do que pelo acerto e buscará acertar o erro mais do que confirmar o acerto. Pois errar duas vezes é talento, acertar uma vez é sorte.

Acima da obsessão de controlar a rotina e os próximos passos, improvisar para permanecer ao lado da esposa. Interromper o que precisamos para despertar novas necessidades.

Intensidade é paciência, é capricho, é não abandonar algo porque não funcionou. É começar a cuidar justamente porque não funcionou.

Casais há mais de três décadas juntos perderam tempo. Criaram mais chances do que os demais. Superaram preconceitos. Perdoaram medos. Dobraram o orgulho ao longo das brigas. Dormiram antes de tomar uma decisão.

Cederam o que tinham de mais precioso: a chance de outras vidas. Dar uma vida a alguém será sempre maior do que qualquer vida imaginada.

Publicado no jornal Zero Hora. 21/06/201, p. 2. Porto Alegre (RS), Edição N° 16736

Bilimbi (Averrhoa bilimbi) Biribirí, bilimbim, bilimbino, caramboleira-amarela, limão-de-caiena, groselheira, azedinha e limão-japonês









Averrhoa bilimbi
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Oxalidales
Família: Oxalidaceae
Género: Averrhoa
Espécie: A. bilimbi
Nome binomial
Averrhoa bilimbi
L.

O bilimbi (Averrhoa bilimbi), conhecido também como bilimbim, bilimbino, caramboleira-amarela, limão-de-caiena, groselheira, azedinha e limão-japonês, é uma planta tropical da família Oxalidaceae.

Etimologia
As palavras bilimbi, bilimbim e bilimbino originam-se do malaio balimbing[1] . Caramboleira-amarela é uma referência a uma outra espécie do gênero Averrhoa, a carambola (Averrhoa carambola). Groselheira é uma referência à Ribes uva-crispa, também chamada groselheira. Em algumas regiões do Brasil a fruta é chamada de biribirí, especialmente na Bahia, onde é muito cultivada, especialmente em quintais e em "agriculturas familiares" em geral.

Origem
O bilimbi é originário do Sudeste da Ásia e foi introduzido no Brasil pela Amazônia através de Caiena, na Guiana Francesa. Por isso, o nome limão-de-caiena.

A Árvore
Pertencente à família das Oxalidaceae (a mesma da carambola), a árvore mede até dez metros de altura. Possui tronco com casca lisa e escura e tem uma copa com forma piramidal. As folhas são verdes e compostas por de cinco a dezesseis folíolos alongados com de quatro a doze centímetros de comprimento. A planta é sensitiva noturna e fecha as folhas à noite para dormir (nictantes). Flores pequenas, vermelho-claras, aromáticas, presas aos ramos e tronco. Tem uma floração contínua, com flores e frutos ao mesmo tempo e pode gerar frutos durante o ano todo.

O Fruto
Na verdade, os frutos são bagas elipsoides, com de cinco a oito centímetros de comprimento e de dois a quatro centímetros de diâmetro. Nascem agrupados no tronco e ramos lenhosos da planta, com aproximadamente dez sementes de cor marrom e polpa verde-clara.

Frutos verdes contêm um alto teor de ácido oxálico. Quando amadurecem, há uma redução desse ácido e um aumento de vitamina C, que passa de 20,82 para cerca de 60,65 miligramas por cem gramas de polpa.

Cultivo
O cultivo é feito através de sementes ou enxertias, preferencialmente em regiões de clima tropical e subtropical, com melhor desenvolvimento em locais com temperatura média de 25 graus centígrados e pluviosidade acima de mil milímetros.

Utilização
Os frutos são consumidos ao natural ou usados no preparo de compotas, geleias, vinagres e vinhos. Os frutos verdes podem ser usados no preparo de picles, condimentos e molhos. Pode ainda ser utilizado com substituto do limão ou ser comido como tira-gosto, cortado em rodelas e adicionando-lhe sal.

No sul do estado da Bahia, no Brasil, o bilimbi é muito utilizado na preparação de moquecas ou mariscados.

Bnouham et al. (2006) demonstraram que o extrato etanólico de folhas de biri-biri tem ação antidiabética, contribuindo para a redução da taxa de glicose, bem como o teor de triglicerídeos no sangue em 130%. Segundo Negri (2005)  a ação do extrato aquoso de Averrhoa bilimbi Linn (Oxalidaceae), é similar à biguanidina metformina, em experimento de controle do aumento da glicose no sangue dos ratos que tiveram o diabetes induzido por estreptozotocina através do decréscimo da atividade da glicose-6-fosfatase no fígado de ratos. Por seu alto teor de ácido ascórbico o suco da fruta pode ser considerado antiescorbútico.

BNOUHAM, M.; ZIYYAT, A.; MEKHfi, H.; TAHRI, A.; LEGSSYER, A. 2006. Medicinal plants with potential antidiabetic activity – A review of ten years of herbal medicine research (1990-2000). International Journal of Diabetes & Metabolism, 14: 1-25. Apud: ARAÚJO, Emmanuelle R. et al. Caracterização físico-química de frutos de biri-biri (Averrhoa bilimbi L.). Biotemas, 22 (4): 225-230, dezembro de 2009 PDF Ago. 2012
Ir para cima ↑ NEGRI, Giuseppina. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, vol. 41, n. 2, abr./jun., 2005 PDF Ago. 2012
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...