Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
12 de jan. de 2017
10 de jan. de 2017
O Barco e o Passageiro :: Manhae Han Yong-un (1879 – 1944)
Eu sou um barco.
Você, meu passageiro.
Você me trata com pés lamacentos.
Eu cruzo o rio, apertando-o em meus braços.
Quando você está em meus braços,
Eu não me importo
Se o rio é profundo, superficial ou rápido.
Se você não vem,
Espero, desde manhã até a noite,
Exposto a ventos, úmido de neve ou chuva.
Quando chegar outro barco,
Você se vai, sem olhar para trás.
Sei porém, que um dia você volta.
Então envelheço, esperando por você, dia e noite.
Eu sou um barco.
Você, meu passageiro.
Você, meu passageiro.
Você me trata com pés lamacentos.
Eu cruzo o rio, apertando-o em meus braços.
Quando você está em meus braços,
Eu não me importo
Se o rio é profundo, superficial ou rápido.
Se você não vem,
Espero, desde manhã até a noite,
Exposto a ventos, úmido de neve ou chuva.
Quando chegar outro barco,
Você se vai, sem olhar para trás.
Sei porém, que um dia você volta.
Então envelheço, esperando por você, dia e noite.
Eu sou um barco.
Você, meu passageiro.
9 de jan. de 2017
7 de jan. de 2017
6 de jan. de 2017
Minha vontade é a de colocar cada vez mais poesia neste meu espaço :: Hilda Hilst
Minha vontade é a de colocar cada vez mais poesia neste meu espaço, para encher de beleza e de justa ferocidade o coração do outro, do outro que é você, leitor. Porque tudo o que me vem às mãos através dos jornais, tudo o que me vem aos olhos através da televisão, tudo o que me vem aos ouvidos através do rádio é tão pré-apocalipse, tão pútrido, tão devastador que fico me perguntando: por que ainda insistimos colocar palavras nas páginas em branco? [...] Enquanto não forem feitas reformas políticas e econômicas essenciais e, principalmente, leitor, um ardente coração, um dilatar-se da alma do Homem, tudo ficará como está. Podem me chamar de louca, de fantasista, [...] até de... Não sei se vocês sabem, mas “Puta” foi uma grande deusa da mitologia grega. Vem do verbo “putare”, que quer dizer podar, pôr em ordem, pensar. Era a deusa que presidia à podadura. Só depois é que a palavra degringolou na propriamente dita e em “deputado”, “putativo” etc. Se eu, de alguma forma com os meus textos, ando ceifando vossas ilusões, é para fazer nascer em ti, leitor o ato de pensar. Não sou deusa, não. Sou apenas poeta. Mas poeta é aquele que é quase profeta [...]
Correio Popular. Campinas , 25 de junho de 1994.
Correio Popular. Campinas , 25 de junho de 1994.
5 de jan. de 2017
QUANDO NASCI VOLTEI A REAPRENDER A TRADUZIR O MUNDO :: Gisela Ramos Rosa
Quando nasci voltei a reaprender a traduzir o mundo maior em que nascia e aquele
primeiro mundo pele de minha mãe,
Era a luz voltando a entrar em relevo pelos olhos sem que
a memória anterior se tivesse extinguido
tradução e agenciamento, fluência e água amadurecendo a observação
reintegrei os gestos as formas e abri um aqueduto livre no coração
onde guardei em segredo imagens originais
compreendi que na folha em branco os espelhos se podem confundir
com a rigidez do olhar onde as pedras se fixam,
assentei o verbo na tradução das manhãs anteriores
da primeira pele descobrindo as camadas do Livro
com o brilho inquieto do real sobre as mãos
inédito lido no blogue A Linguagem dos Rostos
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Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
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