27 de abr. de 2014

LIBRE TE QUIERO:: Agustin García Calvo

Libre te quiero,
como arroyo que brinca
de peña en peña.
Pero no mía.

Grande te quiero,
como monte preñado
de primavera.
Pero no mía.

Buena te quiero,
como pan que no sabe
su masa buena.
Pero no mía.

Alta te quiero,
como chopo que al cielo
se despereza.
Pero no mía.

Blanca te quiero,
como flor de azahares
sobre la tierra.
Pero no mía.

Pero no mía
ni de Dios ni de nadie
ni tuya siquiera.

................
Livre te quero,
como riacho que brinca
de pedra em pedra.
Mas não minha.

Grande te quero,
como monte prenhe
de Primavera.
Mas não minha.

Boa te quero,
como pão que não sabe
sua massa boa.
Mas não minha.

Alta te quero,
como choupo que no céu
se espreguiça.
Mas não minha.

Branca te quero
como flor de noivado
sobre a terra.
Mas não minha.

Mas não minha
nem de Deus nem de ninguém
nem sequer tua.

https://www.youtube.com/watch?v=dF8AVS0GaGw

Fotografias de livros Poup-Up :: DANIEL ESCOBAR (1982, Santo Ângelo - RS, Brasil )










Heraclito, o Obscuro de Hélio Pellegrino


Klaus Tiedge.


A pedra se move menos que a planta.

A planta se move menos que o réptil, movendo-se sobre a

pedra.

O réptil se move menos que o leopardo, na espessura da

floresta.

O leopardo se move menos que o homem, faminto de

mundo e espaço.

Todo ser, ao mover-se, exprime o seu desassossego: arco

tendido na direção do vir-a-ser.

A pedra tem mais sossego que a planta.

A planta tem mais repouso que o réptil.

O réptil é mais sonolento que o leopardo.

O homem, este é pura insônia — trabalho futuro, vôo e flecha.

25 de abr. de 2014

Flor-borboleta, Paina-de-santa-bárbara, Paina-de-seda, Paineirinha (Asclepias physocarpa )







Nome Científico: Asclepias physocarpa
Nomes Populares: Flor-borboleta, Paina-de-santa-bárbara, Paina-de-seda, Paineirinha
Família: Asclepiadaceae
Categoria: Flores Perenes
Clima: Equatorial, Subtropical, Temperado, Tropical
Origem: África, África do Sul
Altura: 0.9 a 1.2 metros, 1.2 a 1.8 metros, 1.8 a 2.4 metros
Este arbusto tem um aspecto muito curioso, proporcionado pela sua frutificação. A folhagem é bastante ramificada e macia, seus ramos liberam seiva leitosa quando cortados, as folhas são lisas e afiladas. As flores surgem na primavera e verão e são pequenas e brancas, de importância ornamental secundária.Os frutos inflados são muito interessantes, parecem balões, com cerdas na superfície, inicialmente são de coloração verde, que gradualmente torna-se amarelada e avermelhada. Quando maduros, apresentam paina sedosa e sementes em seu interior. Sua utilização paisagística é ampla, podendo ser plantada isolada ou em grupos, sendo uma planta que estimula os sentidos e a curiosidade dos observadores, principalmente as crianças.Devem ser cultivadas a pleno sol em solo fértil enriquecido com matéria orgânica, com regas regulares. Pode ser cultivada em todo o país, tolerando o frio. Multiplica-se por sementes.
fonte: http://www.jardineiro.net

Nunca se morre completamente de José Eduardo Agualusa

Lillian Teeter
“Nunca se morre completamente. Daquele que parte fica sempre alguma coisa a lembrar a sua passagem pelos descaminhos da vida. Seja um fato velho no fundo de um armário; seja a amarelada fotogravura que alguém se esqueceu de deitar fora; seja o gesto que permanece além daquilo que o justifica: a mulher que de manhã continua a procurar na cama o corpo do marido que há tanto tempo já partiu; a mãe que na rua continua a dar a mão ao filhinho que há tantos anos já morreu. Seja ainda uns olhos que repetem o verde de outros olhos; o formato de um rosto que ressurge gerações após. Nada é imortal mas tudo permanece, diria Severino, sua sofismada maneira de desconsiderar a morte.”


fonte: A Conjura. Leya.

24 de abr. de 2014

A Mentira Está em Ti :: Fernando Pessoa

Julien Dupré

Olá, guardador de rebanhos, 
Aí à beira da estrada, 
Que te diz o vento que passa?" 

"Que é vento, e que passa, 
E que já passou antes, 
E que passará depois. 
E a ti o que te diz?" 

"Muita cousa mais do que isso. 
Fala-me de muitas outras cousas. 
De memórias e de saudades 
E de cousas que nunca foram." 

"Nunca ouviste passar o vento. 
O vento só fala do vento. 
O que lhe ouviste foi mentira, 
E a mentira está em ti." 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema X" 

23 de abr. de 2014

22 de abr. de 2014

21 de abr. de 2014

A presença das coisas de Rosa Maria Martelo


Queremos a presença das coisas. É tão simples, isto: queremos as coisas próximas, íntimas, como peças de roupa pousadas na cadeira ao nosso lado. Próximo e íntimo, desse mesmo modo, o que nos pertence ainda mais de perto: a evidência viva do mundo. E toda inteira, já agora. Queremos aberta a porta do ser – que há-de ter certamente uma porta. Vendo bem, porque não haveria essa porta? Há, em certos dias, em certos lugares do mundo, uma tão certa harmonia entre a temperatura do corpo e a do ar que quase se perde a noção de entre uma coisa e outra ser a pele uma fronteira. O ar parece então levemente texturado, suave como algodão em rama. Dir-se-ia que o trazemos vestido. É qualquer coisa como isto, o que queremos. Algo de que esse envolvimento fosse a imagem ou – melhor ainda -simplesmente um caso muito concreto.

fonte:  em A Porta de Duchamp

SIMPLEX : Marcílio Godoi

A beleza, que é a parte mais sublime da arte, é filha mais velha da simplicidade. Sejamos dessa linhagem: simples. Foi sendo simples que Col...