21 de jan. de 2007

Carranca de Proa : Pablo Neruda



A MENINA de madeira não chegou caminhando:
Ali esteve de súbito sentada nos ladrilhos,
Velhas flores do mar cobriam sua cabeça,
Seu olhar tinha tristeza de raízes.

Ali ficou olhando nossas vidas abertas,
O ir e ser e andar e voltar pela terra,
O dia descolorindo suas pétalas graduais.
Vigiava sem ver-nos a menina de madeira.

A menina coroada pelas antigas ondas
Ali fitava com seus olhos derrotados:
Sabia que vivemos numa rede remota

De tempo e água e ondas e sons e chuva,
Sem saber se existimos ou se somos seu sonho.
Essa é a história da moça de madeira. 


Tradução:  Carlos Nejar
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Soneto LXVIII 

Mascarón de Proa
La niña de madera no llegó caminando: 
allí de pronto estuvo sentada en los ladrillos, 
viejas flores del mar cubrían su cabeza, 
su mirada tenía tristeza de raíces. 

Allí quedó mirando nuestras vidas abiertas, 
el ir y ser y andar y volver por la tierra, 
el día destiñendo sus pétalos graduales. 
Vigilaba sin vernos la niña de madera. 

La niña coronada por las antiguas olas, 
allí miraba con sus ojos derrotados: 
sabía que vivimos en una red remota 

de tiempo y agua y olas y sonidos y lluvia, 
sin saber si existimos o si somos su sueño. 
Ésta es la historia de la muchacha de madera.

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