5 de mai. de 2015

o que eu queria dizer quando disse língua franca :: Laura Erber

cresceram em cidades distantes

o menor ainda se lembra
da lista de coisas proibidas (tv, espionagem,
camundongos)

e da letra semi-legível
e da língua de um verão tardio
que só entre eles
fazia cócegas

hoje aos 70
saberá fazer aquele gesto?
é careca?
gosta das mesmas estações?
poucas palavras?
silêncio que não é mudez?
  
vive?
  
talvez saiba discorrer sobre os sonhos de consumo da família Hayashi
talvez saiba discorrer sobre os seus próprios sonhos de consumo não consumados

sobre nossos pesadelos de consumo consumados

sobre a teoria dos signos-lutadores-de-sumô
de toda uma geração

quando trocamos mensagens sobre o assunto
você se lembrou de paralisias fulminantes
que afetam
regiões do cérebro
deixando outras
incrivelmente
fortalecidas

“talvez ele discorde da teoria de 1 milhão de idiotas
mas com certeza aprendeu alguma coisa sobre fidelidade fraternal”

não é a mise-en-scène
não é um olhar sobre a fantasia
do pequeno mundo da casa de papel
japonesa

a vida é mais
e bem menos
concreta
do que o clímax final
no jardim da mansão dos filhos do Xogum



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