Grande sorte é
não se saber exactamente
em que mundo se vive.
Seria necessária
uma existência longuíssima,
decididamente mais longa
que a do próprio mundo.
Ao menos para comparar,
conhecermos outros mundos.
Erguermo-nos para lá do corpo
que nada sabe fazer tão bem
como limitar
e criar obstáculos.
A bem das pesquisas,
da clareza da imagem
e das conclusões finais,
elevarmo-nos para lá do tempo,
no qual tudo em turbilhão se precipita.
Nesta perspectiva,
desistam para sempre
de detalhes e episódios.
Contar os dias da semana
deveria parecer
um acto sem sentido,
pôr uma carta no correio,
capricho da louca mocidade,
a tabuleta «não pisar a relva»,
uma tabuleta estúpida.
In: Paisagem com grão de areia, Relógio D'Água, 1998
não se saber exactamente
em que mundo se vive.
Seria necessária
uma existência longuíssima,
decididamente mais longa
que a do próprio mundo.
Ao menos para comparar,
conhecermos outros mundos.
Erguermo-nos para lá do corpo
que nada sabe fazer tão bem
como limitar
e criar obstáculos.
A bem das pesquisas,
da clareza da imagem
e das conclusões finais,
elevarmo-nos para lá do tempo,
no qual tudo em turbilhão se precipita.
Nesta perspectiva,
desistam para sempre
de detalhes e episódios.
Contar os dias da semana
deveria parecer
um acto sem sentido,
pôr uma carta no correio,
capricho da louca mocidade,
a tabuleta «não pisar a relva»,
uma tabuleta estúpida.
In: Paisagem com grão de areia, Relógio D'Água, 1998
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