No galho mais firme da goiabeira
ergo meu trono de Rei menino.
Pássaros ressoam-me trombetas triunfantes
enquanto tatus-bolas passam-me a guarda imperial.
Galhadas insinuantes ao vento coroam-me
com louros perfumados de doce de tacho
e oferecem-me de bandeja deliciosos frutos
verdes, pois que os maduros têm bicho.
Corto a flor das ramagens e condecoro-me
nobre guerreiro a mim mesmo.
Afinal, os dragões brancos dos frutos maduros
foram todos dizimados pela minha ousada política
de antecipação da colheita.
Sob a copa de meu castelo
dois bambus estirados num arame
esvoaçam seus panos à minha glória
bandeira, capa, espada e lança
da minha insigne última batalha
contra os feudos vizinhos de além muro.
Do honroso combate hercúleo
resultaram muitas baixas
mas agora tudo está em paz
no Reino da Goiabas Verdes...
Esperem, ainda não!
Atrás dos manacás da cerca viva
espreitam-me outra vez
os malditos carrapatos
espalhados em minas de carrapichos
por todo o terreno!
Com meu vasto arsenal de mamonas,
entretanto, com alto poder
de destruição em massa
resistirei bravamente, em posição de sentido
até a morte, se preciso for!
Alto lá! por motivo de força maior
missão abortada, atenção!
Descansar, súditos!
Uma ordem, de repente, nos detém a todos:
Lição de casa, volver!
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