Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
15 de mar. de 2012
Sonhos se apuram de Mia Couto
antes de acontecer.
Isso aprendi.
Como também aprendi que
os sonhos se apuram
de tanto se repetirem.
COUTO, Mia. Antes de nascer o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 257.
COUTO, Mia. Antes de nascer o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 257.
Maitaca, baitaca e suia
Os termos maitaca, baitaca e suia são designações comuns para diversas espécies de aves. As maitacas caracterizam-se pela cauda curta e azul, pela zona sem penas em volta dos olhos, pelo bico cinza-escuro com marcas vermelhas nas laterais das mandíbulas. São semelhantes aos papagaios do gênero Amazona, mas menores. Ocorrem no Brasil da região nordeste (Maranhão, Piauí, Pernambuco, Alagoas) até a região sul, passando pela região centro-oeste (Goiás e Mato Grosso). Ocorrem, também, na Bolívia, no Paraguai e na Argentina.
Vivem em uma variedade de habitat que inclui florestas úmidas, de galeria, savanas e áreas cultivadas, até os 2 000 metros de altitude. Geralmente, voam em bando de seis a oito indivíduos, por vezes até de cinquenta aves quando a comida é muito abundante. Costumam banhar-se em lagos para se refrescar. Se alimentam de frutos e sementes, tais como pinhão do pinheiro-do-brasil e frutos da figueira. Também se alimentam de mangas quando apresentam frutos em formação.
A reprodução das maitacas costuma ocorrer de agosto a janeiro. O casal afasta-se do grupo à procura de um oco formado nas árvores. A fêmea põe de três a cinco ovos brancos com um período de incubação de 23 a 25 dias e o macho, geralmente, permanece no ninho durante o dia. As crias são totalmente dependentes dos pais (altriciais) e saem do ninho com aproximadamente 55 a sessenta dias.
14 de mar. de 2012
Licença de Débora Siqueira Bueno
Quando nasci eu era roxa.
Não sei se havia anjos
mas respirei fundo,
recebi minha missão.
Falta de ar conheço bem,
me ensinou a espera.
Falta de amor graças a Deus não tive muita,
no ter e não ter fui me fazendo.
Tão sempre a falta.
Apesar das pernas das moças,
despeito o cheiro bom dos moços,
desejo, de contínuo se escapa.
Meu nome quer dizer abelha –
aquela que sempre trabalha.
Desde o tempo que a memória alcança
amanheço e entardeço no cuidado.
Parece dom, mas é sina mineral
buscar o que advém e é profundeza;
separar pedra e entulho, encontrar beleza
oculta na vastidão do sofrimento.
Quero traçar de novo o meu destino,
peço licença pra mudar de lavra.
De agora em diante, carrego a bateia
para lidar no garimpo das palavras.
13 de mar. de 2012
Fernand Khnopff : Delicadeza como marca
Feminina de Joyce
- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.
Costura o fio da vida só pra poder cortar
Depois se larga no mundo pra nunca mais voltar
Prepara e bota na mesa com todo o paladar
Depois, acende outro fogo, deixa tudo queimar
E esse mistério estará sempre lá
Feminina menina no mesmo lugar
Sou meu hóspede
Sou meu hóspede noturno
em doses mínimas
e uso a noite
para despojar-me
da modéstia
e outras vaidades
e uso a noite
para despojar-me
da modéstia
e outras vaidades
procuro ser tratado
sem os prejuízos
das boas-vindas
e com as cortesias
do silêncio
sem os prejuízos
das boas-vindas
e com as cortesias
do silêncio
não coleciono padeceres
nem os sarcasmos
que deixam marca
nem os sarcasmos
que deixam marca
sou tão-só
meu hóspede
e trago uma pomba
que não é sinal de paz
mas sim pomba
meu hóspede
e trago uma pomba
que não é sinal de paz
mas sim pomba
como hóspede
estritamente meu
no quadro-negro da noite
traço uma linha
branca
estritamente meu
no quadro-negro da noite
traço uma linha
branca
Mario Benedetti , De La Vida ese Parentesis
12 de mar. de 2012
Sonho de Mia Couto
imagem: Sonia Madruga
É uma pena a senhora andar por aí fatigando seus olhos pelo mundo. Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga. Sabe o que se faz? Estende-se aí na areia, oblonga-se deitadinha, estica a alma na diagonal. Depois, fica assim, caladita, rentinha ao chão, até sentir a terra se enamorar de si. Digo-lhe, Dona: quando ficamos calados, igual a uma pedra, acabamos por escutar os sotaques da terra. A senhora num certo momento, há-de ouvir um chão marinho, faz conta é um mar sob a pele do chão. Aproveita esse embalo, Dona Luarmina.Eu tiro vantagens desses silêncios submarinos. São eles que me fazem adormecer ainda hoje. Sou criança dele, do mar.
Jasmim-Manga
Jasmim-manga (Plumeria rubra) é uma planta do gênero Plumeria.
O jasmim-manga é uma árvore; pode atingir um porte entre 4 m
e 8 m. É muito usado como planta ornamental. Seus caules são grossos e lisos,
de cor cinzenta ou bronzeada de formato escultural; por essas características,
é muito apreciado por paisagistas. As folhas são verde-escuras e nascem nas
extremidades dos ramos. No inverno e na primavera, caem. Suas flores formam
grandes inflorescências terminais, e são rosa (cor)s ou vermelhas, havendo
variantes brancas e amareladas. A Plumeria rubra floresce durante o verão e o
outono. As flores exalam um olor suave, semelhante ao das flores de jasmim.
É originária da América tropical, onde ocorre naturalmente, desde
o México até a Colômbia e Venezuela.
Fonte: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre
11 de mar. de 2012
Tem o serviço só de fantasiar de Mia Couto
- Escute o que eu falo: você, sim, é flor.
- Está, sou flor. Mas uma dessas que nunca serviu.
- Você serviu belezas, Luarmina.
- E para que servem as belezas? Para nada.
- Veja, exemplo, só: quem ilustra mais o céu? Não é o arco-íris?
E, pois, me diga: qual o serviço que tem o arco-íris?
- Nem sei lá.
-Tem o serviço só de fantasiar, de ensinar o céu a sonhar.
in “MAR ME QUER”
Ausência de Carlos Drummond de Andrade
Andrew Wyeth
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
10 de mar. de 2012
Com a sombra pela cintura ela sonha na varanda de Federico Garcia Llorca
Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la están mirando
y ella no puede mirarlas.
(...)
in: Romance Sonambulo
Estudo do vermelho de Pedro Nava
O memorialista, na ficha 811 de Beira-mar, faz um estudo do vermelho. Primeiro lembra os sinônimos: "vermelho, rubro, carmim, escarlate, carmezim, fulvo, ruivo, aleonado (fauve), magenta, nacarado, púrpura, vinhoso, garance, nácar, zarcão, rubicundo, goles, solferino, encarnado". Depois, busca na ciência elementos vermelhos: "alizarina (lyrio vermelho), rosanilina, eosina, tornassol vermelho, laca, anêmona carmezim, pássaro de fogo, fogo, lagosta, crista de galo, a luz de Marte - milmartes, papoulas polipapoulas, rosa peônia, ocre vermelho, hematita (minério), colcotar (peróxido de ferro), ferrugem, rosalgar (sulfureto de arsênico)". Daí, parte para associações: "sangue, vinho, guelras, fauces, inferno, lava, vulcão, carne, sangue, canto de galo, clarim, toque de clarim, grito de raiva, cólera, colérico, bancos de coral". Essa viagem pela cor serve para descrever o crepúsculo em Belo Horizonte.
Algo existe de Emily Dickinson
No lento apagar de suas chamas,
Que me impele a ser solene.
Algo, num meio-dia de verão,
Uma fundura - um azul - uma fragrância,
Que o êxtase transcende.
Há, também, numa noite de verão,
Algo tão brilhante e arrebatador
Que só para ver aplaudo -
E escondo minha face inquisidora
Receando que um encanto assim tão trémulo
E subtil, de mim se escape.
9 de mar. de 2012
Companheiros Mia Couto
quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho
e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
hei-de inventar
um verso que vos faça justiça
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço
companheiros
8 de mar. de 2012
João Urban, fotógrafo
João Urban (Curitiba, 1943) é um fotógrafo brasileiro.
Pratica a profissão desde criança. Mais tarde, entre a
militância política nos anos 60 em Curitiba, e o ingresso na fotografia
publicitária como profissão e a formação de uma cultura fotográfica, foi se
tornando um fotógrafo com técnica aprimorada e olhar sensível para questões
sociais. Publicou os livros Bóias - Frias, Tagelöhner im Süden Brasiliens.
Edition Dià, St. Gallen/Suíça e Wuppertal, Alemanha em 1984, com edição
brasileira em 1988 e Tropeiros, em 1991. Participou de várias exposições no
Brasil e no exterior. Seu trabalho integra importantes acervos e coleções de
fotografia. Recebeu o premio J. P. Morgan em1999 e, em 2000 recebeu a Bolsa
Vitae de Artes.
fonte: Wikipédia
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