Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
24 de nov. de 2013
Pinturas e Platibandas de Anna Mariani
23 de nov. de 2013
Os três estados da escritura de Blaise Cendrars
CENDRARS, Blaise. "Les trois états de l'écriture". In: CENDRARS, Miriam. Blaise Cendrars: L'or d'un poète. Paris: Gallimard, 1996.
22 de nov. de 2013
Sobre o tempo de Vladimir Jankélévitch
Utrillo
O tempo revela o charme das coisas sem charme. É por isso que o tempo é poeta. Só os poetas e pintores são capazes de conhecer de imediato o charme do presente. [...] Utrillo [1883-1955] pintava um poste ou um muro num subúrbio sórdido... e isso fazia sonhar. O que os poetas e pintores sabem traduzir no presente, o tempo o traduz para nós que não somos nem pintores nem poetas. É o tempo que é poeta para nós.JANKÉLÉVITCH, Vladimir. Citado por: VIANNA, Hermano. "O mercado da desconfiança". Folha de São Paulo, Mais" São Paulo, 6 de setembro de 2009.
21 de nov. de 2013
Elena Poniatowska, Prêmio Cervantes 2013
Eugene de Blaas
Você sabe, desde a minha infância estive sentada assim a
esperar, sempre fui dócil, porque esperava você.
Sei que todas as mulheres aguardam.
Aguardam a vida futura, todas essas imagens forjadas na
solidão, todo esse bosque que caminha na direção delas;
toda essa imensa promessa que é o homem; uma romã que de
repente se abre e mostra seus grãos vermelhos, brilhantes;
uma romã como uma boca generosa de mil gomos.
Mais tarde, essas horas vividas na imaginação, feito horas
reais, terão que receber peso e tamanho e aspereza.
Estamos todos - oh meu amor - tão cheios de retratos
interiores, tão cheio de paisagens não vividas.
Sabes, desde mi
infancia me he sentado así a esperar, siempre fui dócil, porque te esperaba. Sé
que todas las mujeres aguardan. Aguardan la vida futura, todas esas imágenes
forjadas en la soledad, todo ese bosque que camina hacia ellas; toda esa
inmensa promesa que es el hombre; una granada que de pronto se abre y muestra
sus granos rojos, lustrosos; una granada como una boca pulposa de mil gajos.
Más tarde esas horas vividas en la imaginación, hechas horas reales, tendrán
que cobrar peso y tamaño y crudeza. Todos estamos - oh mi amor- tan llenos de
retratos interiores, tan llenos de paisajes no vividos.
In: Poniatowska, Elena. De noche vienes. Biblioteca Era. México, 1996.
In: Poniatowska, Elena. De noche vienes. Biblioteca Era. México, 1996.
Corcovado Tom Jobim
Um cantinho e um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor que lindo
Quero a vida sempre assim com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade meu amor
O que é felicidade, o que é felicidade
20 de nov. de 2013
Desato :: Viviane Mosé
É preciso fritar o arroz bastante antes de jogar água fervendo.
E não pode mexer jamais depois de a água ser posta.
O alho deve fritar no óleo junto com o arroz.
Coisas que eu sei e que não. Eu sei muitas coisas.
Faxina por exemplo. Sei limpar uma casa de tal modo
Que não sobra um canto que não tenha sido tocado
Por minhas mãos.
Depois vou sujando. Com muito gosto.
Deixo peças na sala e louças sujas na pia.
Não na mesma hora mas um pouco
Bastante depois volto limpando.
Assim me faço.
Nos objetos que me acompanham.
Gosto de andar nas ruas e comprar coisas
Que vão se arrumando em torno de mim.
Tenho muitas coisas, quero dizer, tenho muitas camadas.
Uma camada de livros outra de sapatos.
Tem a camada de plantas. E toalhas de rosto.
Tenho camadas de cosméticos e de adereços.
Uma camada de nomes e de coisas que vejo.
Tudo ordenado ao meu redor. Em forma de corpo.
Um corpo que me sustenta quando o meu próprio me falta.
Cadeiras são meus ossos. Sapatos são meus braços.
Torneiras em meus poros. Paredes como roupas de inverno.
(Quando toca música em minha casa sai do umbigo)
Descanso recostada nas paredes da casa
Que me guardam como um abraço.
Me abraço quando me derramo na sala.
E na cozinha. Em geral adormeço no quarto.
Tudo em minha casa tem existência.
Todas as coisas significo.
Com os olhos. Ou com as mãos.
Minha casa tem silêncios
Que às vezes ouço. Em meu corpo
Tem silêncios maiores ainda.
Que às vezes ouço. E faço poemas.
Faço poemas dos silêncios que ouço.
19 de nov. de 2013
Tumbalalaika: canção de amor
Tumbalalaika
O rapaz está quieto, quieto e pensando.
Pensa e repensa a noite toda em
como se declarar sem passar vergonha
como se declarar sem passar vergonha.
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbalalaica, toque balalaica
tumbalalaica - e seja feliz.
Garota, garota, quero te perguntar
O que pode crescer, crescer sem chuva?
O que pode queimar sem parar?
O que pode ter saudade, chorar sem lágrimas?
Rapaz tolo, para que perguntar?
Uma pedra pode crescer, crescer sem chuva.
O amor pode queimar sem parar.
Um coração pode ter saudade, chorar sem lágrimas.
E tem continuação:
Que é mais elevado do que uma casa?
O que é mais rápido do que um rato?
O que é mais profundo do que um poço?
O que é amargo, mais amargo que o fel?
Tumbala, tumbala, tumbalalaica ...
Uma chaminé é maior do que uma casa,
Um gato é mais rápido do que um rato,
A Torá é mais profunda do que um poço,
A morte é amarga, mais amarga que o fel!
http://www.youtube.com/watch?v=mCMQMVy7vLE
------------------------------
Tumbalalaika
Shteyt a bocher, shteyt un tracht,
tracht un tracht a gantze nacht.
Vemen tsu nemen un nit far shemen,
vemen tsu nemen un nit far shemen.
Tumbala, tumbala, tumbalalaika,
Tumbala, tumbala, tumbalalaika
tumbalalaika, shpiel balalaika
tumbalalaika - freylach zol zayn.
Meydl, meydl, ch'vel bay dir fregen,
Vos kan vaksn, vaksn on regn?
Vos kon brenen un nit oyfhern?
Vos kon benken, veynen on treren?
Narisher bocher, vos darfstu fregn?
A shteyn ken vaksn, vaksn on regn.
Libeh ken brenen un nit oyfhern.
A harts kon benkn, veynen on treren.
http://www.youtube.com/watch?v=-8PL4SmWPr0
Tumbalalaika (Iídiche: טום־באַלאַלײַקע, às vezes escrita como טוםבאַלאַלײַקע; Russo: Тум балалайка; polonês: Tum-bałałajka) é uma música folclórica judaico-russa da Europa Oriental (Ashkenazi) e uma canção de amor dos judeus falantes da língua Iídiche. Tum (טום) é uma onomatopéia Iídiche para ruído e balalaika (באַלאַלײַקע) é um instrumento musical de cordas de origem russa. A versão popular da canção existe há muito tempo, mas o texto (o quebra-cabeça na música, como "O que é mais alto do que uma casa (Chaminé)," "O que é mais rápido do que um rato? (Gato)", etc.) foi muito diversificado. Vários artistas israelenses a cantam (versão em iídiche) e, entre eles, Dudu Fisher, André Hübner-Ochodlo e muitos outros. No Vietnã há uma canção com a mesma melodia.
Foi publicado pela primeira vez apenas em 1940 (EUA). A versão final da música se refere às obras de Alexander (Abi) Elshteyna - compositor polaco-americano, popular na época.
O filme "Jornada da Alma" (título original: Prendimi l’anima) de 2002, dirigido por Roberto Faenza, narra a vida de Sabina Spielrein interpretada pela atriz Emilia Fox, onde esta canta a canção "Tum-Balalaika".
O rapaz está quieto, quieto e pensando.
Pensa e repensa a noite toda em
como se declarar sem passar vergonha
como se declarar sem passar vergonha.
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbalalaica, toque balalaica
tumbalalaica - e seja feliz.
Garota, garota, quero te perguntar
O que pode crescer, crescer sem chuva?
O que pode queimar sem parar?
O que pode ter saudade, chorar sem lágrimas?
Rapaz tolo, para que perguntar?
Uma pedra pode crescer, crescer sem chuva.
O amor pode queimar sem parar.
Um coração pode ter saudade, chorar sem lágrimas.
E tem continuação:
Que é mais elevado do que uma casa?
O que é mais rápido do que um rato?
O que é mais profundo do que um poço?
O que é amargo, mais amargo que o fel?
Tumbala, tumbala, tumbalalaica ...
Uma chaminé é maior do que uma casa,
Um gato é mais rápido do que um rato,
A Torá é mais profunda do que um poço,
A morte é amarga, mais amarga que o fel!
http://www.youtube.com/watch?v=mCMQMVy7vLE
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Tumbalalaika
Shteyt a bocher, shteyt un tracht,
tracht un tracht a gantze nacht.
Vemen tsu nemen un nit far shemen,
vemen tsu nemen un nit far shemen.
Tumbala, tumbala, tumbalalaika,
Tumbala, tumbala, tumbalalaika
tumbalalaika, shpiel balalaika
tumbalalaika - freylach zol zayn.
Meydl, meydl, ch'vel bay dir fregen,
Vos kan vaksn, vaksn on regn?
Vos kon brenen un nit oyfhern?
Vos kon benken, veynen on treren?
Narisher bocher, vos darfstu fregn?
A shteyn ken vaksn, vaksn on regn.
Libeh ken brenen un nit oyfhern.
A harts kon benkn, veynen on treren.
http://www.youtube.com/watch?v=-8PL4SmWPr0
Tumbalalaika (Iídiche: טום־באַלאַלײַקע, às vezes escrita como טוםבאַלאַלײַקע; Russo: Тум балалайка; polonês: Tum-bałałajka) é uma música folclórica judaico-russa da Europa Oriental (Ashkenazi) e uma canção de amor dos judeus falantes da língua Iídiche. Tum (טום) é uma onomatopéia Iídiche para ruído e balalaika (באַלאַלײַקע) é um instrumento musical de cordas de origem russa. A versão popular da canção existe há muito tempo, mas o texto (o quebra-cabeça na música, como "O que é mais alto do que uma casa (Chaminé)," "O que é mais rápido do que um rato? (Gato)", etc.) foi muito diversificado. Vários artistas israelenses a cantam (versão em iídiche) e, entre eles, Dudu Fisher, André Hübner-Ochodlo e muitos outros. No Vietnã há uma canção com a mesma melodia.
Foi publicado pela primeira vez apenas em 1940 (EUA). A versão final da música se refere às obras de Alexander (Abi) Elshteyna - compositor polaco-americano, popular na época.
O filme "Jornada da Alma" (título original: Prendimi l’anima) de 2002, dirigido por Roberto Faenza, narra a vida de Sabina Spielrein interpretada pela atriz Emilia Fox, onde esta canta a canção "Tum-Balalaika".
17 de nov. de 2013
Renda Nhanduti ou Renda Sol ou Tenerife
Nhanduti é uma espécie de tecelagem, uma maneira de tecer.
Nhanduti, na linguagem indígena, significa teia de aranha, é também conhecida como “Tenerife”, “Rosas de Tenerife”, “Rosetas de Vilaflor” ou ainda “Renda Sol”, pois sua forma radial lembra o formato do astro rei.
Há uma lenda indígena que conta a triste história de uma jovem cujo noivo desapareceu no dia do casamento. Ela encontrou seu amado morto por uma onça. Após passar a noite ao lado do corpo do amado, descobre que ele está envolvido por um belo manto de teia de aranha. A indiazinha tece a mortalha do noivo copiando o trabalho da aranha. Assim surgiu o nhanduti.
Essa renda é conhecida em todo o mundo, mas é possível que tenha nascido na Espanha por volta do século dezesseis e daí trazida para as Américas através das Ilhas Canárias, porto de trânsito para os navegadores espanhóis.
Ainda hoje, há artesãs que se dedicam às rendas de agulhas em Vilaflor de Chasna, localidade da paradisíaca Ilha de Tenerife, a maior das Ilhas Canárias, terra natal do padre José de Anchieta.
No Brasil, a renda surgiu logo após a guerra do Paraguai, quando soldados brasileiros voltaram ao nosso país acompanhados de mulheres paraguaias conhecedoras dessa técnica.
"...Com o nome "soles brasileños" eram feitos na França no século passado trabalhos muito semelhantes às rosas canárias: foram importados do Brasil onde haviam chegado provenientes da Espanha, depois de passar por México, Filipinas e Porto Rico."
Extraído do texto "Artes textiles canarias" de Ma.Ángeles Gonzáles Mena y Ma Pilar Ramos Munoz (Revista Narria: Estudios de Artes y Costumbres Populares, Universidad Autónoma de Madrid, nº 18, 1980)
Aos leitores amigos :: Goethe
Querem às turbas mostrar-se.
Há de haver louvores, censuras!
Quem vai confessar-se em prosa?
Mas abrimo-nos sob rosa
No calmo bosque das musas.
Quanto errei, quanto vivi,
Quanto aspirei e sofri,
Só flores num ramo - aí estão;
E a velhice e a juventude,
E o erro e a virtude
Ficam bem numa canção.
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