21 de nov. de 2013

Corcovado Tom Jobim



Um cantinho e um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama

Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar

Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor que lindo

Quero a vida sempre assim com você perto de mim
Até o apagar da velha chama

E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade meu amor

O que é felicidade, o que é felicidade

20 de nov. de 2013

Desato :: Viviane Mosé

É preciso fritar o arroz bastante antes de jogar água fervendo.
E não pode mexer jamais depois de a água ser posta.
O alho deve fritar no óleo junto com o arroz.

Coisas que eu sei e que não. Eu sei muitas coisas.
Faxina por exemplo. Sei limpar uma casa de tal modo
Que não sobra um canto que não tenha sido tocado
Por minhas mãos.
Depois vou sujando. Com muito gosto.
Deixo peças na sala e louças sujas na pia.
Não na mesma hora mas um pouco
Bastante depois volto limpando.
Assim me faço.
Nos objetos que me acompanham.

Gosto de andar nas ruas e comprar coisas
Que vão se arrumando em torno de mim.
Tenho muitas coisas, quero dizer, tenho muitas camadas.
Uma camada de livros outra de sapatos.
Tem a camada de plantas. E toalhas de rosto.
Tenho camadas de cosméticos e de adereços.
Uma camada de nomes e de coisas que vejo.
Tudo ordenado ao meu redor. Em forma de corpo.
Um corpo que me sustenta quando o meu próprio me falta.

Cadeiras são meus ossos. Sapatos são meus braços.
Torneiras em meus poros. Paredes como roupas de inverno.
(Quando toca música em minha casa sai do umbigo)

Descanso recostada nas paredes da casa
Que me guardam como um abraço.
Me abraço quando me derramo na sala.
E na cozinha. Em geral adormeço no quarto.

Tudo em minha casa tem existência.
Todas as coisas significo.
Com os olhos. Ou com as mãos.
Minha casa tem silêncios
Que às vezes ouço. Em meu corpo
Tem silêncios maiores ainda.
Que às vezes ouço. E faço poemas.
Faço poemas dos silêncios que ouço.

19 de nov. de 2013

Tumbalalaika: canção de amor

Tumbalalaika

O rapaz está quieto, quieto e pensando.
Pensa e repensa a noite toda em
como se declarar sem passar vergonha
como se declarar sem passar vergonha.
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbalalaica, toque balalaica
tumbalalaica - e seja feliz.
Garota, garota, quero te perguntar
O que pode crescer, crescer sem chuva?
O que pode queimar sem parar?
O que pode ter saudade, chorar sem lágrimas?
Rapaz tolo, para que perguntar?
Uma pedra pode crescer, crescer sem chuva.
O amor pode queimar sem parar.
Um coração pode ter saudade, chorar sem lágrimas.

E tem continuação:

Que é mais elevado do que uma casa?
O que é mais rápido do que um rato?
O que é mais profundo do que um poço?
O que é amargo, mais amargo que o fel?

Tumbala, tumbala, tumbalalaica ...

Uma chaminé é maior do que uma casa,
Um gato é mais rápido do que um rato,
A Torá é mais profunda do que um poço,
A morte é amarga, mais amarga que o fel!

http://www.youtube.com/watch?v=mCMQMVy7vLE
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Tumbalalaika
Shteyt a bocher, shteyt un tracht,
tracht un tracht a gantze nacht.
Vemen tsu nemen un nit far shemen,
vemen tsu nemen un nit far shemen.
Tumbala, tumbala, tumbalalaika,
Tumbala, tumbala, tumbalalaika
tumbalalaika, shpiel balalaika
tumbalalaika - freylach zol zayn.
Meydl, meydl, ch'vel bay dir fregen,
Vos kan vaksn, vaksn on regn?
Vos kon brenen un nit oyfhern?
Vos kon benken, veynen on treren?
Narisher bocher, vos darfstu fregn?
A shteyn ken vaksn, vaksn on regn.
Libeh ken brenen un nit oyfhern.
A harts kon benkn, veynen on treren.

http://www.youtube.com/watch?v=-8PL4SmWPr0

Tumbalalaika (Iídiche: טום־באַלאַלײַקע, às vezes escrita como טוםבאַלאַלײַקע; Russo: Тум балалайка; polonês: Tum-bałałajka) é uma música folclórica judaico-russa da Europa Oriental (Ashkenazi) e uma canção de amor dos judeus falantes da língua Iídiche. Tum (טום) é uma onomatopéia Iídiche para ruído e balalaika (באַלאַלײַקע) é um instrumento musical de cordas de origem russa. A versão popular da canção existe há muito tempo, mas o texto (o quebra-cabeça na música, como "O que é mais alto do que uma casa (Chaminé)," "O que é mais rápido do que um rato? (Gato)", etc.) foi muito diversificado. Vários artistas israelenses a cantam (versão em iídiche) e, entre eles, Dudu Fisher, André Hübner-Ochodlo e muitos outros. No Vietnã há uma canção com a mesma melodia.

Foi publicado pela primeira vez apenas em 1940 (EUA). A versão final da música se refere às obras de Alexander (Abi) Elshteyna - compositor polaco-americano, popular na época.

O filme "Jornada da Alma" (título original: Prendimi l’anima) de 2002, dirigido por Roberto Faenza, narra a vida de Sabina Spielrein interpretada pela atriz Emilia Fox, onde esta canta a canção "Tum-Balalaika".

Verde

Eu queria te dar a lua, só que pintada de verde.
Cazuza


17 de nov. de 2013

Renda Nhanduti ou Renda Sol ou Tenerife


















Nhanduti é uma espécie de tecelagem, uma maneira de tecer.
Nhanduti, na linguagem indígena, significa teia de aranha, é também conhecida como “Tenerife”, “Rosas de Tenerife”, “Rosetas de Vilaflor” ou ainda “Renda Sol”, pois sua forma radial lembra o formato do astro rei.
Há uma lenda indígena que conta a triste história de uma jovem cujo noivo desapareceu no dia do casamento. Ela encontrou seu amado morto por uma onça. Após passar a noite ao lado do corpo do amado, descobre que ele está envolvido por um belo manto de teia de aranha. A indiazinha tece a mortalha do noivo copiando o trabalho da aranha. Assim surgiu o nhanduti.
Essa renda é conhecida em todo o mundo, mas é possível que tenha nascido na Espanha por volta do século dezesseis e daí trazida para as Américas através das Ilhas Canárias, porto de trânsito para os navegadores espanhóis.
Ainda hoje, há artesãs que se dedicam às rendas de agulhas em Vilaflor de Chasna, localidade da paradisíaca Ilha de Tenerife, a maior das Ilhas Canárias, terra natal do padre José de Anchieta.
No Brasil, a renda surgiu logo após a guerra do Paraguai, quando soldados brasileiros voltaram ao nosso país acompanhados de mulheres paraguaias conhecedoras dessa técnica.

"...Com o nome "soles brasileños" eram feitos na França no século passado trabalhos muito semelhantes às rosas canárias: foram importados do Brasil onde haviam chegado provenientes da Espanha, depois de passar por México, Filipinas e Porto Rico."

Extraído do texto "Artes textiles canarias" de Ma.Ángeles Gonzáles Mena y Ma Pilar Ramos Munoz (Revista Narria: Estudios de Artes y Costumbres Populares, Universidad Autónoma de Madrid, nº 18, 1980)

Aos leitores amigos :: Goethe

Raphael, 1509-1511

Poetas não podem calar-se,
Querem às turbas mostrar-se.
Há de haver louvores, censuras!
Quem vai confessar-se em prosa?
Mas abrimo-nos sob rosa
No calmo bosque das musas.

Quanto errei, quanto vivi,
Quanto aspirei e sofri,
Só flores num ramo - aí estão;
E a velhice e a juventude,
E o erro e a virtude
Ficam bem numa canção.

Amarilis, Açucena, Flor-da-imperatriz.










Nome popular: Amarílis; Açucena, Flor-da-imperatriz.
Nome científico: Hippeastrum hybridum.
Família:Amaryllidaceae.
Origem: Peru.

A Amarílis é uma planta herbácea, fruto de inúmeras hibridações feitas na Holanda. Seu cultivo em vasos é muito popular em todo o mundo. Possui flores muito vistosas, com folhagem que pode ou não desaparecer no inverno.

A Amarílis cresce melhor em temperaturas medianas, mas em temperaturas mais baixas a floração é prolongada. Quando a planta estiver em pleno crescimento das folhas, mantenha ela em um local muito bem iluminado, com bastante sol direto.
Tanto o solo dos vasos como dos canteiros deve ser fértil, bem drenado e irrigado periodicamente, mas deixe os primeiros 2 cm de solo secarem antes de regá-la novamente. Regas em excesso podem levar ao apodrecimento da planta.
Pode ser multiplicada principalmente pela divisão de bulbos. Anualmente, a planta forma bulbos quando envelhecem. Multiplicam-se facilmente por bulbos, os quais devem ser separados da planta-mãe após o desaparecimento da folhagem.


16 de nov. de 2013

A palavra foi feita para dizer de Graciliano Ramos


Kathy Jennings

Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.

Graciliano Ramos em entrevista concedida em 1948, Casa de Graciliano Ramos, Palmeira dos Índios.

15 de nov. de 2013

É sempre chuva de Mia Couto


Acendemos paixões no rastilho do próprio coração. O que amamos é sempre chuva, entre o voo da nuvem e a prisão do charco. Afinal, somos caçadores que a si mesmo se azagaiam. No arremesso certeiro vai sempre um pouco de quem dispara.
fonte: Cada homem é uma raça. Caminho, Lisboa. 1990

14 de nov. de 2013

O chão é a grande pergunta - Nuno Ramos


Angela Doelling
O chão é a grande pergunta
haver chão
se tudo voa
e quer cantar.

Haver morte e poeira
cobrindo os lábios carnudos
e gozo
nos fios dos cabelos mortos.

Voltar quando partir
parece o impulso da bússola
parece o recado da ave
parece a cartilha do sopro.

RAMOS, Nuno.  Junco.  São Paulo: Iluminuras, 2011.  118 p. 

13 de nov. de 2013

Marina Terauds



















As armadilhas do tempo - Eduardo Galeano


Sentada de cócoras na cama, ela olhou-o longamente, percorreu seu corpo nu da cabeça aos pés, como se estudasse as sardas e os poros, e disse:
- A única coisa que eu mudaria em você é o endereço.
E a partir de então viveram juntos, foram juntos, se divertiam brigando pelo jornal no café-da-manhã, e cozinhavam inventando e dormiam feito um nó.
Agora este homem, mutilado dela, quer recordá-la como era. Como era qualquer uma das que ela era, cada uma com sua própria graça e seu próprio poderio, porque aquela mulher tinha o espantoso costume de nascer com frequência.
Mas não. A memória se nega. A memória não quer devolver a ele nada além desse corpo gelado onde ela não estava, esse corpo vazio das muitas mulheres que ela foi.


Bocas do tempo.  L&PM, 2012

12 de nov. de 2013

Curcuma alismatifolia, Açafrão-da-conchinchina, Tulipa, Tulipa-do-sião









Família: Zingiberaceae
Categoria: Bulbosas, Flores Perenes
Clima: Equatorial, Oceânico, Subtropical, Tropical
Origem: Ásia, China, Vietnã
Altura: 0.4 a 0.6 metros, 0.6 a 0.9 metros
Luminosidade: Meia Sombra
Ciclo de Vida: Perene
O açafrão-da-conchinchina é uma planta herbácea, de folhagem e floração decorativos. Ela apresenta porte ereto e baixo, alcançando cerca de 40 a 60 cm de altura. Suas folhas são largas, verdes, lisas e de nervura central marcada e arroxeada. A inflorescência única e terminal, surge no verão e é do tipo espiga. Ela é sustentada por um longo e rígido escapo floral, acima da folhagem. As flores são pequenas e liláses e protegidas na parte inferior por brácteas verdes e discretas e na parte superior por vistosas brácteas róseas, brancas, azuladas ou avermelhadas, de acordo com a variedade.

O açafrão-da-conchinchina têm grande potencial como flor-de-corte e como planta envasada. No entanto ela também pode enriquecer canteiros e maciços, dando um toque de sofisticação e delicadeza. Ela mistura a nobreza de uma tulipa com a graça das plantas tropicais.

Deve ser cultivada sob sol pleno ou meia-sombra em solo fértil, drenável, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente. Aprecia o clima ameno, mas não tolera geadas. Multiplica-se por divisão dos rizomas separados após a floração e replantados na primavera.

Aula de Português de Carlos Drummond de Andrade

Chagall

A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender. A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...