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15 de dez. de 2016

Arco-íris

Chagall 
Robert Henri 

Jules Breton

William Bradford 

Roland Petersen



Albert Bierstadt 

 Arkhip Kuindzhi


Arkhip Kuindzhi

28 de out. de 2015

JONAS :: TOMAŽ ŠALAMUN (Zagreb,Croácia, 1941 - 2014)


 Arkhip Kuindzhi
como o sol se põe?
como a neve
qual é a cor do mar?
grande
Jonas, você é salgado?
sou salgado
Jonas, você é uma bandeira?
sou uma bandeira
Os vaga-lumes descansam agora

como são as pedras?
verdes
e como os cachorrinhos brincam?
como flores
Jonas, você é um peixe?
sou um peixe
Jonas, você é um ouriço do mar?
sou um ouriço do mar,
ouça a corrente

Jonas é a cerva que corre pelo bosque
Jonas é a montanha que respira
Jonas é todas as casas
você já ouviu tal arco-íris?
como é o orvalho?
você está dormindo?

tradução de Flávio Britto

1 de set. de 2015

Canto aos bordadores de Cachemir :: Cecília Meireles


Finos dedos ágeis
como beija-flores,
voais sobre as sedas,
sobre as lãs macias,
com finas agulhas,

ó bordadores,
semeiais primaveras
recolheis primores.

Os jardins do mundo
aos vossos bordados
não são superiores

ó bordadores,
e voais, finos, dedos,
para longe, sempre
para novas sedas,
como beija-flores,
com o bico luzente
de finas agulhas,
ó bordadores,
atirando fios,
aos fios do arco-íris,
recolhendo cores,
desenhando pontos,
inventando flores
que não morrem nunca,
ó bordadores,
de sol nem de chuva
nem de outros rigores.


10 de ago. de 2015

BAIRRO RECONQUISTADO :: Jorge Luis Borges

Maurice Brazil Prendergast
Ninguém viu a beleza das ruas
até que, pavoroso, num clamor,
se precipitou o céu esverdeado
num abatimento de água e de sombra.
A tempestade foi unânime
e malquisto aos olhares foi o mundo,
mas quando um arco abençoou
a tarde com as cores do seu perdão
e um cheiro a terra molhada
animou os jardins,
pusemo-nos a andar por entre as ruas
como por uma herdade recuperada,
e nos cristais houve generosidades de sol
e nas folhas luzentes
disse a sua trémula imortalidade o verão.

11 de mar. de 2012

Tem o serviço só de fantasiar de Mia Couto


Klimt         

- Escute o que eu falo: você, sim, é flor.

- Está, sou flor. Mas uma dessas que nunca serviu.

- Você serviu belezas, Luarmina.

- E para que servem as belezas? Para nada.

- Veja, exemplo, só: quem ilustra mais o céu? Não é o arco-íris? 

E, pois, me diga: qual o serviço que tem o arco-íris?

- Nem sei lá.

-Tem o serviço só de fantasiar, de ensinar o céu a sonhar.


 in “MAR ME QUER”


7 de fev. de 2012

A marca da solidão de Heloisa Seixas


No côncavo das palmas, o homem segurou com cuidado o gatinho. Observou-o enquanto ele se debatia. Mexia as patinhas dianteiras e traseiras, mas sem muita convicção, apenas mostrando disposição de brincar e não dando qualquer sinal de impaciência ou alarme. Assim, entre suas mãos, tão pequeno que era, com a barriga para cima, lembrava um bebê que, deitado no berço, agitasse mãos e pés tentando alcançar algum móbile suspenso. O homem sorriu.

Em seguida, sentando-se no sofá, acariciou o corpo do gato, pouco maior do que sua mão. O bichinho acalmou-se, de repente. Ficou imóvel, os olhos quase cerrados, parecendo saborear o momento de ternura. Tão pequeno e o animal já parecia dar valor a uma carícia. Era natural, pensou o homem. Afinal, fora abandonado na rua. E agora, por entre suas mãos calosas, aquele ser tão frágil era uma presença inesperada, subversiva, surpreendente. Os gatos precisam ser acariciados quando pequenos, lembrou ele, principalmente se tiverem sido separados da mãe muito cedo. Caso contrário, quando adultos podem tornar-se medrosos, tímidos ou mesmo agressivos.

E de repente o sorriso do homem cessou.

Por associação de ideias, pensou em um livro que acabara de ler, um livro antigo, esquecido havia muito, e que por acaso apanhara outro dia na estante. Era um livro de José Carlos de Oliveira, chamado O pavão desiludido, em que o cronista relatava os horrores de sua infância. Havia uma passagem, logo no início, em que Carlinhos de Oliveira contava como ele, menino miserável, faminto e cheio de vermes, um dia, apanhando água na bica, recebera da irmã um presente: um arco-íris. ''Olhei e vi o arco-íris na água aberta em leque sob o céu azul. O sol devia estar criando uma ilusão, mas o que eu via era o milagre da multiplicação das lágrimas coloridas onde antes só havia lágrimas''. Mais adiante, o cronista falava de como ficara marcado pela infância difícil e sobre a relação terrível que tivera com a mãe: ''Quando se cria um abismo assim entre duas pessoas da mesma família, sendo uma delas criança, mais tarde se verifica que nem todo o amor do mundo daria para encher o buraco''.

E, voltando a olhar o gatinho, que agora dormia, o homem sorriu um sorriso triste. Assim como Carlinhos, ele próprio tivera uma infância infeliz. E assim como aquele filhote que tinha nas mãos, também fora deixado para trás, num certo sentido. Para o pequeno animal, ainda havia salvação. Mas para ele - como fora talvez para o escritor - era tarde.

Suspirou. Sabia bem. Trazia uma nódoa indelével, o estigma daqueles a quem faltou, na hora exata, a carícia necessária. Trazia, no corpo e na alma, a marca da solidão.

6 de nov. de 2011

Arco-íris duplo

O Departamento de Meteorologia da Austrália e a Associação Meteorológica e Oceanográfica Australiana divulgaram as fotos que farão parte do seu calendário de 2012. Acima, um arco-íris duplo na praia de Wombarra, em New South Wales.