"Pentimento" é a palavra italiana para arrependimento, mas designa (em muitas línguas) uma pintura, um desenho ou um esboço encoberto pela versão final de um quadro.
Às vezes, com o passar do tempo, a tinta deixa transparecer uma composição em cima da qual o artista pintou uma nova versão.
Outras vezes, os raios-x dos restauradores desvendam opções anteriores, que permaneceram debaixo da obra final. Esses esboços ou pinturas, que o artista rejeitou e encobriu, são os pentimentos, que foram descartados sem ser propriamente apagados.
Visível ou não, o pentimento faz parte do quadro, assim como fazem parte da nossa vida muitas tentações e muitos projetos dos quais desistimos. São restos do passado que, escondidos e não apagados, transparecem no presente, como potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo assim, integram a nossa história.
Pensei nisso assistindo a "Um Dia", de Lone Scherfig, que estreou na sexta passada. O filme é a adaptação do romance homônimo de David Nicholls (Intrínseca), que foi uma das leituras que mais me tocaram neste ano e que já comentei brevemente na coluna de 21 de julho.
O livro e o filme (cujo roteiro é do próprio Nicholls) contam a história de Emma e Dexter, que são unidos pelo pentimento: cada um deles é o grande pentimento do outro -ou seja, ao longo dos anos, cada um é, para o outro, a lembrança de que um outro destino teria sido possível.
Reflexões, saindo do cinema:
1) Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: histórias que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem: não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance. E é verdade que, quase sempre, desistimos de desejos, paixões e sonhos porque custamos a aceitar que nada se realiza sem perdas: por não querermos perder nada, acabamos perdendo tudo.
Emma e Dexter, por exemplo, ficam cada um como pentimento do outro porque nenhum dos dois consegue renunciar à sua insegurança (que é, aliás, o que os torna tão tocantes e parecidos com a gente): ela morrendo de medo de ser rejeitada, e ele, sedento de aprovação, fama e sucesso.
2) O problema dos pentimentos é que eles esvaziam a vida que temos. O passado que não se realizou funciona como a miragem da felicidade que teria sido possível se tivéssemos feito a escolha "certa". Diante disso, de que adianta qualquer experiência presente? Emma e Dexter, por exemplo, são condenados a fracassos amorosos pela própria importância de seu pentimento.
3) Nem sempre os pentimentos são bons conselheiros -até porque, às vezes, eles são falsos (esse, obviamente, não é o caso de Emma e Dexter). Hoje, é fácil esbarrar em espectros do passado: as redes sociais proporcionam reencontros improváveis e, com isso, criam pentimentos artificiais. Graças às redes, uma história que foi realmente apagada da memória (não apenas encoberta) pode renascer como se representasse uma grande potencialidade à qual teríamos renunciado.
No reencontro, um namorico da adolescência, insignificante e esquecido, transforma-se em (falso) pentimento, ou seja, numa aventura que poderia ter aberto para nós as portas do paraíso (onde ainda estaríamos agora, se tivéssemos ousado trilhar esse caminho).
Quando examino as fotos de minhas turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que deixei amizades e amores inacabados ou nem começados, mas que teriam revolucionado meu futuro. É como se me perguntasse "Quem era minha Emma? Para quem eu era o Dexter?", fantasiando pentimentos de relações que nunca existiram.
Somos perigosamente nostálgicos de escolhas passadas alternativas, que teriam nos levado a um presente diferente. Se essas escolhas não existiram, somos capazes de inventá-las -e de vivê-las como pentimentos.
Avisos: os pentimentos não são necessariamente recíprocos, e os falsos pentimentos, revisitados, são pequenas receitas para o desastre.
4) Estreia amanhã "As Canções", de Eduardo Coutinho. Homens e mulheres cantam a música que foi crucial na sua vida (e explicam por que ela foi crucial). Em alguns casos, especialmente tocantes, as músicas são trilhas sonoras de pentimentos.
fonte: Folha de São Paulo, Ilustrada, São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2011
Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
8 de dez. de 2011
Semântica de Lya Luft
se digo sul pode ser norte,
chego mas fico ausente,
o triste é também o belo,
procuro o que não se perde
nem se pode encontrar.
Buscar resposta nos livros
é esconder-se entre linhas.
Não creio no que se enxerga,
mas nisso que se disfarça
por mais que se tente olhar:
assim me tem seduzida.
Eis o jogo que eu persigo,
meu jeito de ser feliz,
o desafio que me embala:
sempre que escrevo "morte"
estou falando da vida.
In Para Não Dizer Adeus
Florbela Espanca
"Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. Grave e metódica até à mania, atenta a todas as subtilezas de um raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser um D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa! Toda, enfim, nesta frase a propósito de Delteil: "Très simple avec son enthousiasme à sa droite et son désespoir à sa gauche."
(Carta a Guido Battelli, 27 de Julho de 1930)
Mapa de Anatomia: O Olho de Cecília Meireles
O Olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagem do mundo,
outras são inventadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
7 de dez. de 2011
Desmantelo azul de Carlos Pena Filho
Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas
Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas
E afogados em nós nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço
E perdidos no azul nos contemplamos
E vimos que entre nascia um sul
Vertiginosamente azul: azul.
Orquídea
Orquídea Paphiopedilum
Nomes Populares : sapatinho ou queixuda
Família : Família Orchidaceae
Origem: Originária da Tailândia
6 de dez. de 2011
Oda a las cosas de Pablo Neruda
Colares de Derya Aksoy
Amo las cosas loca, locamente.
Me gustan las tenazas,
las tijeras,
adoro las tazas,
las argollas,
las soperas,
sin hablar, por supuesto,
del sombrero.
Amo todas las cosas,
no sólo las supremas,
sino las infinitamente chicas,
el dedal,
las espuelas,
los platos,
los floreros.
Ay, alma mía,
hermoso es el planeta,
lleno de pipas por la mano conducidas en el humo,
de llaves,
de saleros,
en fin,
todo lo que se hizo
por la mano del hombre, toda cosa:
las curvas del zapato,
el tejido,
el nuevo nacimiento
del oro sin la sangre,
los anteojos,
los clavos,
las escobas,
los relojes, las brújulas,
las monedas, la suave
suavidad de las sillas.
Ay cuántas cosas puras ha construido el hombre:
de lana,
de madera,
de cristal,
de cordeles,
mesas maravillosas,
navíos, escaleras.
Amo todas las cosas,
no porque sean ardientes o fragantes,
sino porque no sé,
porque este océano es el tuyo,
es el mío:
los botones,
las ruedas,
los pequeños tesoros olvidados,
los abanicos en cuyos plumajes desvaneció el amor
sus azahares,
las copas, los cuchillos,
las tijeras,
todo tiene en el mango, en el contorno,
la huella de unos dedos,
de una remota mano perdida
en lo más olvidado del olvido.
Yo voy por casas,
calles,
ascensores,
tocando cosas,
divisando objetos que en secreto ambiciono:
uno porque repica,
otro porque es tan suave
como la suavidad de una cadera,
otro por su color de gua profunda.
otro por su espesor de terciopelo.
Oh río irrevocable de las cosas,
no se dirá que sólo amé
lo que salta, sube, sobrevive, suspira.
No es verdad:
muchas cosas
me lo dijeron todo.
No sólo me tocaron
o las tocó mi mano,
sino que acompañaron
de tal modo mi existencia
que conmigo existieron
y fueron para mí tan existentes
que vivieron conmigo media vida
y morirán conmigo media muerte.
Me gustan las tenazas,
las tijeras,
adoro las tazas,
las argollas,
las soperas,
sin hablar, por supuesto,
del sombrero.
Amo todas las cosas,
no sólo las supremas,
sino las infinitamente chicas,
el dedal,
las espuelas,
los platos,
los floreros.
Ay, alma mía,
hermoso es el planeta,
lleno de pipas por la mano conducidas en el humo,
de llaves,
de saleros,
en fin,
todo lo que se hizo
por la mano del hombre, toda cosa:
las curvas del zapato,
el tejido,
el nuevo nacimiento
del oro sin la sangre,
los anteojos,
los clavos,
las escobas,
los relojes, las brújulas,
las monedas, la suave
suavidad de las sillas.
Ay cuántas cosas puras ha construido el hombre:
de lana,
de madera,
de cristal,
de cordeles,
mesas maravillosas,
navíos, escaleras.
Amo todas las cosas,
no porque sean ardientes o fragantes,
sino porque no sé,
porque este océano es el tuyo,
es el mío:
los botones,
las ruedas,
los pequeños tesoros olvidados,
los abanicos en cuyos plumajes desvaneció el amor
sus azahares,
las copas, los cuchillos,
las tijeras,
todo tiene en el mango, en el contorno,
la huella de unos dedos,
de una remota mano perdida
en lo más olvidado del olvido.
Yo voy por casas,
calles,
ascensores,
tocando cosas,
divisando objetos que en secreto ambiciono:
uno porque repica,
otro porque es tan suave
como la suavidad de una cadera,
otro por su color de gua profunda.
otro por su espesor de terciopelo.
Oh río irrevocable de las cosas,
no se dirá que sólo amé
lo que salta, sube, sobrevive, suspira.
No es verdad:
muchas cosas
me lo dijeron todo.
No sólo me tocaron
o las tocó mi mano,
sino que acompañaron
de tal modo mi existencia
que conmigo existieron
y fueron para mí tan existentes
que vivieron conmigo media vida
y morirán conmigo media muerte.
Tu sabes que as palavras não estão em nenhum lugar de António Ramos Rosa
Imagem: Hokusai Katsushika
Tu sabes que as palavras não estão em nenhum lugar
embora possam vir de uma região subterrânea
ou da parte mais alta da cabeça como ondas
que às vezes são de areia ou de cal mas outras de um sangue negro ou verde
Quer escrevas quer não escrevas
estás sempre à beira de
uma zona inexplorável
mas que uma palavra a única e que tu não esperavas e esperavas
faz estremecer como a possibilidade iminente
de uma actualidade de palavra viva
O teu corpo estremece antes e depois
porque o inviolável transgride os limites
da precária segurança desse frágil suporte
que poderia estalar e desagregar-te
Mas perante a palavra que vai à tua frente
tu sentes o glorioso frémito
da queda na brancura ou num deserto fulminante
Sobre o poeta: Nascido no Algarve, sul de Portugal, António Ramos Rosa (1924-) é considerado um dos mais representativos poetas portugueses da atualidade. Foi funcionário de escritório, professor e tradutor, antes de se dedicar com exclusividade à poesia. Editou revistas literárias, escreveu críticas e ensaios.
5 de dez. de 2011
Menina rendeira
Menina rendeira
menina sereia da beira do mar
tua mãe te ensinou
que nas rendas tem
o brilho do ouro do mar
Que se acostumou dormir
com o barulho
dos bilros no ar
uma breve
história do mar
uma velha canção de ninar
Menina rendeira menina
o tempo não vai apagar
tuas mãos delicadas magia
na almofada
renda a brotar
Conte comigo menina
mande-me um pão-por-deus
com cheiro de manjericão
quem te ama agora sou eu
Bordado de Amélia Alves
sugerindo a presença da linha
e o manejo da agulha
sendo cadência
após cadência
no macio do pano branco
pra depois haver o risco duro de premeditadas paisagens
onde matizes de fumaças
dizem de sustos
sortes
da palavra acorrentando-se
do desenho escapulindo entre dedos dormentes
da pá
do pó
do pé violentando caminhos
da propalada paz de papel
dessa vontade de viver
entre-mentes,
humana-mente.
Além de participar de várias coletâneas, como a Antologia da Nova Poesia Brasileira, organizada por Olga Savary (Rio de Janeiro, Fundação Rio/Hipocampo, 1992), Amélia Alves publicou em 2005 seu segundo livro-solo: Atrás das Borboletas Azuis.
4 de dez. de 2011
A solidão e sua porta de Carlos Pena Filho
A pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(Nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
E até Deus em silêncio se afastar
Deixando-te sozinho na batalha
A arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
E de que ainda tens uma saída
Dona Doida de Adélia Prado
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha,
com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.
Extraído do livro "Poesia Reunida", Editora Siciliano - 1991, São Paulo, página 108.
Mis libros de Jorge Luis Borges (1899-1986)
Romans Parisiens (Les Livres Jaunes) 1887, Vincent Van Gogh
Mis libros (que no saben que yo existo)
son tan parte de mí como este rostro
de sienes grises y de grises ojos
que vanamente busco en los cristales
y que recorro con la mano cóncava.
No sin alguna lógica amargura
pienso que las palabras esenciales
que me expresan están en esas hojas
que no saben quién soy, no en las que he escrito.
Mejor así. Las voces de los muertos
me dirán para siempre.
.....
Meus livros (que não sabem que eu existo)
São tão parte de mim como este rosto
De fontes grises e de grises olhos
Que inutilmente busco nos cristais
E que com a mão côncava percorro.
Não sem alguma lógica amargura
Penso que as palavras essenciais
Que me expressam se encontram nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevi.
Melhor assim. As vozes dos mortos
Vão me dizer para sempre.
3 de dez. de 2011
Incomunicabilidade de Ruy Castro
No cinema dos anos 50/60, era assim: Jeanne Moreau, em "Ascensor para o Cadafalso", "Os Amantes" e "A Noite"; Monica Vitti, em "A Aventura" e "O Eclipse"; Anna Karina, em "Uma Mulher É uma Mulher" e "Viver a Vida"; Anouk Aimeé, em "Lola"; Audrey Hepburn, em "Bonequinha de Luxo"; e até a nossa Leila Diniz, em "Todas as Mulheres do Mundo", todas tinham de ser boas de pernas -literalmente.
Os diretores desses filmes as faziam caminhar quilômetros pelas ruas, sozinhas, em silêncio, cenho franzido, como se buscassem uma comunicação impossível com seus pares, os quais também deviam estar zanzando feito zumbis pela cidade. Era a famosa incomunicabilidade -uma doença do progresso, da industrialização, do amesquinhamento dos valores. Quanto mais próximas, menos as pessoas tinham o que dizer. Os casais viviam "em cheque" ou "em situação", como se dizia.
Seja o que for que atormentasse aqueles personagens, só podia ser discutido a dois, ao vivo, entre longas pausas. Não se concebia que, em "A Noite", de Antonioni, Moreau entrasse num telefone público, metesse uma ficha e derramasse seus problemas existenciais para Marcello Mastroianni. As pessoas tinham de viver o seu inferno até o fim, em preto e branco, sem esperança de redenção.
Hoje, com todo esse arsenal de meios -celulares, smart-phones, androides, twitters, facebooks, SMSs e outros que nem imagino-, não se toca mais em incomunicabilidade. A própria palavra perdeu o sentido.
Mas, pelo que vejo de homens e mulheres de expressão carregada, digitando incansavelmente, na rua, na fila do banco, nas salas de espera, nos saguões e até nos restaurantes -o que essas pessoas tanto falam umas com as outras?-, desconfio que a busca da comunicação seja a mesma. A fartura de meios não eliminou a solidão.
Folha de São Paulo, sábado, 03 de dezembro de 2011
Para não Esquecer de Clarice Lispector
Acho que sábado é a rosa da semana;
sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento,
e alguém despeja um balde de água no terraço;
sábado ao vento é a rosa da semana;
sábado de manhã, a abelha no quintal,
e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel,
aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão
e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
2 de dez. de 2011
Cerâmica Iznik, Turquia
Quadras ao gosto popular de Fernando Pessoa
O que sinto e o que penso
de ti e' bem e e' mal
E' como quando uma xicara
tem o pires desigual
In Quadras ao gosto popular
1 de dez. de 2011
Niemeyer
"O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar". entrevista à Revista IstoÉ, edição 132, 11/02/2002
"Meu trabalho não tem importância, nem a arquitetura tem importância pra mim. Para mim o importante é a vida, a gente se abraçar, conhecer as pessoas, haver solidariedade, pensar num mundo melhor, o resto é conversa fiada."- entrevista a Isabel Murray; Portal BBC Brasil, 20 de abril, 2001
« J’ai fait un croquis qui surgit dans l’espace. J’ai fait une main ouverte avec une fleur, quelque chose qui transmette la solidarité, une chose vague, comme un rêve », Niemeyer sobre a escultura “Uma mulher, uma flor, solidariedade” do Parque de Bercy, no leste de Paris.
"Eu não dou a menor importância a dinheiro. Nem à própria vida. A vida é um sopro, um minuto. A gente, nasce, morre. O ser humano é um ser completamente abandonado..."- entrevista a Isabel Murray; Portal BBC Brasil, 20 de abril, 2001
"O trabalho me distrai. Na minha idade a gente não pode ficar desocupado, que só pensa besteira."- (aos 93 anos); entrevista a Isabel Murray; Portal BBC Brasil, 20 de abril, 2001
Entrevista:
theartnewspaper: You say that architecture should lead to beauty. What is your concept of beauty?
ON: An aesthetic sense of life is fundamental; every architect should possess this, and because of it I’ve changed a lot of designs at the last minute. I’ve always been prepared to go for any concession or fantasy if it results in greater visual beauty. All my solutions are basically simple, direct and visually poetic. Everyone classifies beauty in a particular way, and for me it’s everything that astonishes and moves me.
theartnewspaper: And your favourite word is “solidarity”?
ON: We have to be decent, fraternal, all that. The architect must think that the world has to be a better place, that we can end poverty. So it is important that the architect think not only of architecture but of how architecture can solve the problems of the world. The architect’s role is to fight for a better world, where he can produce an architecture that serves everyone and not just a group of privileged people.
theartnewspaper: How do you imagine a better world?
ON: Houses will be simpler. We won’t have ghettos and palaces. The great human enterprises—theatres, museums, and stadiums—will be bigger so that all can enjoy them. Now, poor people cannot participate, they only know architecture from afar.
fonte : http://www.theartnewspaper.com/articles/%E2%80%9CThe-architect-s-role-is-to-fight-for-a-better-world%E2%80%A6%E2%80%9D/21854
"O trabalho me distrai. Na minha idade a gente não pode ficar desocupado, que só pensa besteira."- (aos 93 anos); entrevista a Isabel Murray; Portal BBC Brasil, 20 de abril, 2001
Entrevista:
theartnewspaper: You say that architecture should lead to beauty. What is your concept of beauty?
ON: An aesthetic sense of life is fundamental; every architect should possess this, and because of it I’ve changed a lot of designs at the last minute. I’ve always been prepared to go for any concession or fantasy if it results in greater visual beauty. All my solutions are basically simple, direct and visually poetic. Everyone classifies beauty in a particular way, and for me it’s everything that astonishes and moves me.
theartnewspaper: And your favourite word is “solidarity”?
ON: We have to be decent, fraternal, all that. The architect must think that the world has to be a better place, that we can end poverty. So it is important that the architect think not only of architecture but of how architecture can solve the problems of the world. The architect’s role is to fight for a better world, where he can produce an architecture that serves everyone and not just a group of privileged people.
theartnewspaper: How do you imagine a better world?
ON: Houses will be simpler. We won’t have ghettos and palaces. The great human enterprises—theatres, museums, and stadiums—will be bigger so that all can enjoy them. Now, poor people cannot participate, they only know architecture from afar.
fonte : http://www.theartnewspaper.com/articles/%E2%80%9CThe-architect-s-role-is-to-fight-for-a-better-world%E2%80%A6%E2%80%9D/21854
As Duas Velhinhas de Cecília Meireles
Duas velhinhas muito bonitas,
Mariana e Marina,
estão sentadas na varanda:
Marina e Mariana.
Elas usam batas de fitas,
Mariana e Marina,
e penteados de tranças:
Marina e Mariana.
Tomam chocolate, as velhinhas,
Mariana e Marina,
em xícaras de porcelana:
Marina e Mariana.
Uma diz:"Como a tarde é linda,
não é, Marina?"
A outra diz: "Como as ondas dançam,
não é Mariana?"
"Ontem, eu era pequenina",
diz Marina.
Ontem, nós éramos crianças",
diz Mariana.
E levam à boca as xicrinhas,
Mariana e Marina,
as xicrinhas de porcelana:
Marina e Mariana.
Tomam chocolate, as velhinhas,
Mariana e Marina,
em xícaras de porcelana:
Marina e Mariana.
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