30 de set. de 2013

Caliandra, esponja, Esponjinha, Manduruvá, Angiquinho, Cabelo-de-anjo e Quebra-foice







A Calliandra brevipes, também conhecida como Esponja, Esponjinha, Manduruvá, Angiquinho, Cabelo-de-anjo e Quebra-foice, é uma espécie de arbusto inerme (sem espinhos ou acúleos) de até 2 metros de altura, glabro e muito ramificado do gênero Calliandra, subfamília Mimosoideae, família Fabaceae.
É uma espécie nativa da América do Sul, mais especificamente do Brasil, Uruguai e norte da Argentina. Habita naturalmente locais úmidos e margens de rios, suportando a força das águas das enchentes e a submersão temporária (espécie reófila). Possui flores com estames muito vistosos, brancos na metade inferior e rosados ou igualmente brancos na metade superior. As folhas são alternas bipinadas de dimensões diminutas.
É considerado um arbusto de grande qualidade ornamental por sua folhagem e floração abundante em diversas épocas do ano, sendo também indicada para a formação de cercas-vivas. É possível propagá-la por sementes e estacas.
Apesar de muito dura, sua madeira não possui importância econômica devido às pequenas dimensões do caule.

28 de set. de 2013

Trouxe o sol à poesia de João Cabral de Melo Neto

Chagall
Trouxe o sol à poesia
mas como trazê-lo ao dia?

No papel mineral
qualquer geometria
fecunda a pura flora
que o pensamento cria.

Ora, no rosto que, grave
riso súbito abria,
no andar decidido
que os longes media,

na calma segurança
de quem tudo sabia,
no contacto das coisas
que apenas coisas via,

nova espécie de sol
eu, sem contar, descobria:
não a claridade imóvel
da praia ao meio-dia,

de aérea arquitetura
ou de pura poesia:
mas o oculto calor
que as coisas todas cria.

         (sem data; 1947?)

27 de set. de 2013

Natasha Newton ( Suffolk - Inglaterra)















Rosai por nós - Alice Ruiz

Vincent Van Gogh

nossa senhora da flor roxa
rosai por nós
assim na vida
como no chão
a primavera de cada ano
nos dai hoje
encantai nosso jardim
assim como encantamos
o do vizinho
e não nos deixeis cair na tentação
de esquecer tuas flores


26 de set. de 2013

Flor-borboleta, Borboleta-azul, Clerodendro-africano, Clerodendro-azul



No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta.

Cecília Meireles


Nome Científico: Rotheca myricoides
Sinonímia: Clerodendrum myricoides, Clerodendrum ugandense, Cyclonema myricoides, Siphonanthus myricoides, Spironema myricoides
Nomes Populares: Flor-borboleta, Borboleta-azul, Clerodendro-africano, Clerodendro-azul
Família: Lamiaceae
Categoria: Arbustos, Arbustos Tropicais, Cercas Vivas
Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical
Origem: África, Quênia, Uganda
Altura: 2.4 a 3.0 metros
Luminosidade: Meia Sombra
Ciclo de Vida: Perene
A flor-borboleta é uma planta arbustiva e florífera, caracterizada pelas delicadas e fragrantes flores azuis, semelhantes a borboletas. Seu caule apresenta textura semi-lenhosa e ramificada, podendo alcançar 3 metros de altura, com folhagem esparsa. As folhas são ovaladas, opostas, com margens denteadas e cor verde escura. Floresce o ano todo em regiões de clima quente, e na primavera, verão e outono em clima temperado ou subtropical. As inflorescências, do tipo panícula, surgem nas pontas dos longos e curvados ramos. Cada flor apresenta cinco pétalas, sendo que destas quatro são de cor azul claro e uma é de cor azul escuro. O aspecto geral da flor lembra uma borboleta, com os longos estames no topo, fazendo às vezes de antenas. Atrai polinizadores, como abelhas e borboletas.

Deve ser cultivado sob meia sombra, em solo fértil, drenável, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente. Aprecia o calor e a umidade tropicais. É de fácil manutenção, exigindo apenas adubação orgânica e podas anuais. Após as floradas, é interessante podar-lhe as pontas dos ramos com inflorescências velhas e murchas, estimulando assim novas florações. Não tolera geadas. Em lugares com inverno frio, convém cultivá-la em vasos e protegê-la em ambientes internos durante essa estação. Neste período, convém também reduzir as regas. Multiplica-se facilmente por mergulhia e estaquia dos ramos e raízes.

25 de set. de 2013

Oriente - Composição: Gilberto Gil




Se oriente, rapaz 
Pela constelação do Cruzeiro do Sul 
Se oriente, rapaz 
Pela constatação de que a aranha 
Vive do que tece 
Vê se não se esquece 
Pela simples razão de que tudo merece 
Consideração 

Considere, rapaz 
A possibilidade de ir pro Japão 
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão 
Pela curiosidade de ver 
Onde o sol se esconde 
Vê se compreende 
Pela simples razão de que tudo depende 
De determinação 

Determine, rapaz 
Onde vai ser seu curso de pós-graduação 
Se oriente, rapaz 
Pela rotação da Terra em torno do Sol 
Sorridente, rapaz 
Pela continuidade do sonho de Adão.

Gilvan Samico (Recife, 15 de junho de 1928)


















Gilvan José de Meira Lins Samico (Recife, 15 de junho de 1928) é um pintor, desenhista e gravurista brasileiro. Atualmente, reside e trabalha na cidade de Olinda, em Pernambuco.
Samico iniciou-se na pintura como autodidata, influenciado pelo expressionismo de artistas como Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, mas atualmente é conhecido por suas meticulosas xilogravuras, inspiradas na temática e estilo da gravura popular do nordeste do Brasil.
Em 1948, começa a frequentar a Sociedade de Arte Moderna do Recife. Em 1952, funda, juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade, idealizado por Abelardo da Hora. Em 1957, estuda xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo. No ano seguinte, estuda gravura com Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1968, recebeu o prêmio viagem ao exterior no 17º Salão Nacional de Arte Moderna do MAM-RJ e permanece por dois anos na Europa. Em 1965, fixa residência em Olinda. Leciona xilogravura na Universidade Federal da Paraíba. 
Em 1971, convidado por Ariano Suassuna, passa a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular. Sua produção é particularmente pela recuperação do romanceiro popular e pela literatura de cordel. Suas gravuras são povoadas por personagens da Bíblia, de lendas e por animais fantásticos, com reduzido uso da cor e de texturas. 
Os quarenta anos de gravura do artista foram comemorados em 1997 com importante exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.
Samico tem obras no MoMA de Nova Iorque e participou duas vezes de Bienal de Veneza tendo sido premiado em uma delas.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

23 de set. de 2013

Na Primavera do que sonhei de mim. Também a esperança :: Fernando Pessoa





Monet


Contudo, contudo,

Também houve gládios e flâmulas de cores

Na Primavera do que sonhei de mim.

Também a esperança

Orvalhou os campos da minha visão involuntária,

Também tive quem também me sorrisse.


Hoje estou como se esse tivesse sido outro.

Quem fui não me lembra senão como uma história apensa.

Quem serei não me interessa, como o futuro do mundo.


Caí pela escada abaixo subitamente,

E até o som de cair era a gargalhada da queda.

Cada degrau era a testemunha importuna e dura

Do ridículo que fiz de mim.


Pobre do que perdeu o lugar oferecido por não ter casaco limpo com que aparecesse,

Mas pobre também do que, sendo rico e nobre,

Perdeu o lugar do amor por não ter casaco bom dentro do desejo.

Sou imparcial como a neve.

Nunca preferi o pobre ao rico,

Como, em mim, nunca preferi nada a nada.



Vi sempre o mundo independentemente de mim.

Por trás disso estavam as minhas sensações vivíssimas,

Mas isso era outro mundo.

Contudo a minha mágoa nunca me fez ver negro o que era cor de laranja.

Acima de tudo o mundo externo!

Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim.
s.d.


Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 97.

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)