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30 de jun. de 2020

Oda al pan de Pablo Neruda



E então,
Também a vida
Terá forma de pão,
Será simples e profunda,
Inumerável e pura.
Todos os seres terão direito
À terra e à vida,
E assim será o pão de amanhã,
O pão de cada boca,
Sagrado,
Consagrado,
Porque será o produto
Da mais longa e dura
Luta humana.
Não tem asas
A vitória terrestre:
Tem pão sobre os seus ombros,
E voa corajosa
Libertando a terra
Como uma padeira


Levada pelo vento.

(...)
y entonces
también la vida
tendrá forma de pan,
será simple y profunda,
innumerable y pura.
Todos los seres
tendrán derecho
a la tierra y a la vida,
y así será el pan de mañana,
el pan de cada boca,
sagrado,
consagrado,
porque será el producto
de la más larga y dura
lucha humana.
No tiene alas
la victoria terrestre:
tiene pan en sus hombros,
y vuela valerosa
liberando la tierra
como una panadera
conducida en el viento.

.................................................


4 de nov. de 2015

O Buraco :: Arnaldo Antunes

Paul Gauguin, 1892

o buraco ensina a caber
a semente ensina a não caber em si
a terra sabe receber
a caveira ri
o céu ensina a tudo caber
o corpo cabe
a terra sabe receber
o cadáver

corpo enterrado
sobre corpo enterrado
adubando o chão
a morrer
ninguém foi ensinado
e todos morrerão

a chuva ensina a chorar
o tempo ensina a parar de chover
a terra sabe receber
a chuva
o buraco ensina tudo a acabar
no fundo
a terra sabe receber
o defunto

corpo enterrado
sobre corpo enterrado
adubando o chão
a morrer
ninguém foi ensinado
e todos morrerão

8 de out. de 2015

Três sugestões simples para se conhecer mais profundamente um território novo :: Ana Estaregui

Bernhard Edmaier
1. observar com atenção em vista aérea os desenhos formados por seus campos de cultivo (perceber se configuram polígonos, quantos lados possuem, se são regulares ou assimétricos, se possuem forma livre e quantos e quais são os nomes dos tons dessa vegetação)
2. saber como s dá a relação que seus habitantes estabelecem com o rio.
3. descobrir quais os sons mais frágeis de seu idioma e procurar saber quais nuances não possuem correspondência de tradução com a sua língua mãe.

23 de jun. de 2015

A PROEMINÊNCIA DA MÃO DIREITA :: Luís Quintais (1968)

georgi dimitrov
É a mão direita que domina.
A esquerda obedece
cegamente.
É a mão direita que fere.
A esquerda consola.
É a mão direita que disciplina,
brutaliza.
A esquerda, é o exercício
próximo e doméstico
de afagar
o que a comove, o que
recatadamente a silencia.

Esta é a terra,
os modos de nela me orientar:
as minhas mãos, a proeminência
da direita sobre a esquerda,
o que toda a vida quis negar.

18 de jun. de 2015

O QUE APRENDI NAS GUERRAS :: Yehuda Amichai

O que eu aprendi nas guerras
A marchar no ritmo de braços e pernas
Como bombas bombeando um poço vazio.

A marchar numa fila e sozinho no meio,
A enterrar em travesseiros,
Colchões de penas,
O corpo de uma mulher amada.
E a gritar "mamãe"
Quando ela não pode ouvir,
E a gritar por "deus"
Quando eu não creio nele,
E mesmo que acreditasse nele,
Eu não lhe falaria sobre a guerra,
Como a uma criança não se fala
Dos horrores adultos.

Que mais eu aprendi.
Aprendi
A reservar um caminho para a retirada.
Em terras estrangeiras,
Alugar um quarto em hotel
Perto do aeroporto ou da estação de trem.
E mesmo em cerimônias nupciais
Ficar sempre de olho na pequena porta
Com o sinal "exit" em letras vermelhas.

Uma batalha começa
Como tambores rítmicos para dança e termina
Com uma "retirada ao amanhecer".
Amor proibido
Algumas vezes também começa e acaba assim.

Mas acima de tudo,
Aprendi a sabedoria da camuflagem,
Não ficar visível , não ser reconhecido,
Não me distinguir daquilo que me cerca,
Nem mesmo de quem amo.
Que pensem que sou uma moita
Ou um carneiro,
Uma árvore, a sombra de uma árvore,
Uma cerca viva, uma pedra morta,
Uma casa, o canto de uma casa.

Se eu fosse um profeta
Teria diminuído o brilho da visão
Escurecido minha fé com papel negro

E quando chegar meu tempo,
Endossarei a camuflagem de gala do meu fim:
Com branco de nuvens, bastante azul de céu
E estrelas infinitas.

 tradução: Millôr Fernandes


1 de abr. de 2015

PERFIL DE UM SER ELEITO :: Clarice Lispector

Ainda muito jovem era um ser que elegia. Entre as mil coisas que poderia ter sido, fora se escolhendo. Num trabalho para o qual usava lentes, enxergando o que podia e apalpando com as mãos úmidas o que não via, o ser fora escolhendo e por isso indiretamente se escolhia. Aos poucos se juntara para ser. Separava, separava. Em relativa liberdade, se se descontasse o furtivo determinismo que agira discreto sem se dar um nome. Descontado esse furtivo determinismo, o ser se escolhia livre. Guiava-o a vontade de descobrir o próprio determinismo, e segui-lo com esforço, pois a linha verdadeira é muito apagada, as outras são mais visíveis. Separava, separava. Separava o chamado joio do trigo, e o melhor, o melhor se comia. Às vezes comia o pior. A escolha difícil era comer o pior. Separava perigos do grande perigo, e era com o grande perigo que o ser, embora com medo, ficava. Só para pensar com susto o peso das coisas. Afastava de si as verdades menores que terminou não chegando a conhecer. Queria as verdades difíceis de suportar. Por ignorar as verdades menores, o ser parecia rodeado de mistério; por ser ignorante, era um ser misterioso. Tornara-se uma mistura do que pensavam dele e do que ele realmente era: um sabido ignorante; um sábio ingênuo; um esquecido que muito bem sabia de outras coisas; um sonho honesto; um pensativo distraído; um nostálgico sobre o que deixara de saber; um saudoso pelo que definitivamente, ao escolher, perdera; um corajoso por já ser tarde demais e já se ter escolhido. Tudo isso, contraditoriamente, deu ao ser uma alegria discreta e sadia de camponês que só lida com o básico. E tudo isso lhe deu a austeridade involuntária que todo trabalho vital dá. Escolha e ajustamento não tinham hora certa de começar nem acabar, duravam mesmo o tempo de uma vida.
Tudo isso, contraditoriamente, foi dando ao ser a alegria profunda que precisa se manifestar, expor-se e se comunicar. Passou a dar-se através da pintura. Nessa comunicação o ser era ajudado pelo seu dom inato de gostar. E isso nem juntara nem escolhera, era um dom mesmo. Gostava da profunda alegria dos outros, pelo dom inato descobrira a alegria dos outros. Por dom, era também capaz de descobrir a solidão que os outros tinham. E também por dom, sabia profundamente brincar o jogo da vida, transformando-a em cores e formas. Sem mesmo sentir que usava o seu dom, o ser se manifestava: dava sem perceber que a isso chamavam amor. O dom era como falta de camisa do homem feliz: como o ser sentia muito pobre e não tinha o que dar, o ser se dava. Dava-se em silêncio, e dava o que juntara de si, assim como quem chama os outros para verem também.
Pouco a pouco o equívoco passou a rodear o ser: os outros olhavam o ser como uma estátua, como um retrato. Um retrato muito rico. Não compreenderam que para o ser, ter se reunido, fora do trabalho de despojamento e não de riqueza. Por equívoco, o ser era festejado. Mas sentir-se amado seria reconhecer-se a si mesmo no amor recebido, e aquele ser era amado como se fosse um outro ser. O ser verteu as lágrimas de uma estátua que de noite na praça chora sem se mexer. Nunca o escuro fora maior na praça. Até que de novo amanhecia e o ser renascia. O ritmo da terra era tão generoso que amanhecia. Mas de noite, quando chegava a noite, de novo escurecia. A praça de novo crescia em solidão. De medo, os que haviam elegido dormiam: medo porque pensavam que teriam de morar na solidão da praça? Não sabiam que a solidão da praça fora apenas o lugar de trabalho do ser. Mas que ele também se sentia só. O ser prepara-se a vida toda para ser apto ao lado da força da praça. É verdade que o ser, ao se sentir pronto assim como quem se banha com óleos e perfumes, notou que não lhe havia sobrado tempo para existir como os outros: era diferente sem querer. Alguma coisa falhara, porque, quando o ser se via no retrato que os outros haviam tirado, espantava-se humilde diante do que haviam feito dele. Haviam feito dele nada mais, nada menos, que um ser eleito. Isto é, haviam-no sitiado. Como desfazer o equívoco? Por simplificação e economia de tempo, haviam fotografado o ser numa única pose e agora não se referiam a ele, e sim à fotografia. Bastava abrir a gaveta para tirar de dentro o retrato. Qualquer um conseguia uma cópia que custava, aliás, barato.
Quando diziam para o ser: eu te amo, o ser se perturbava porque nem ao menos podia agradecer: e eu? por que não a mim também? por que só ao meu retrato? Mas não reclamava pois sabia que os outros não erravam por maldade. O ser às vezes, por uma questão de solidão, tentava imitar a fotografia, o que no entanto terminou por torná-la mais falsamente autêntica. Às vezes ele se confundia todo: não aprendia a copiar o retrato, e esquecera-se de como era sem o retrato. De modo que, como se diz do palhaço que sempre ri, o ser às vezes, por assim dizer, chorava sob a sua caiada pintura de bobo da corte.
Então ele tentou um trabalho subterrâneo de destruição da fotografia: fazia ou dizia coisas tão opostas à fotografia que esta se eriçava na gaveta. Sua esperança era tornar-se mais vivo que a fotografia. Mas o que aconteceu? Aconteceu que tudo o que o ser fazia só ia mesmo era retocar o retrato, enfeitá-lo.
E assim foi indo, até que, profundamente desiludido nas legítimas aspirações, o ser morria de solidão. Mas terminou saindo da estátua da praça, com grande esforço, levando várias quedas, aprendendo a passear sozinho. E, como se diz, nunca a terra lhe pareceu tão bela. Reconheceu que aquela era exatamente a terra para a qual se preparara: não errara, pois, o mapa do tesouro tinha as indicações certas. Passeando, o ser tocava em todas as coisas e, mesmo solitário, sorria. O ser aprendera a sorrir sozinho.

Fonte: Para não esquecer. Rocco, 1999. p. 98.

22 de fev. de 2015

Para vermos o azul :: Clarice Lispector


Para vermos o azul, olhamos para o céu. A terra é azul para quem a olha do céu. Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância?
A descoberta do mundo. Editora Nova Fronteira, 1984. p. 13

4 de fev. de 2015

Quando eu morrer :: Czeslaw Milosz (1911-2004)

Sandro Salomon
Quando eu morrer, verei o avesso do mundo.
O outro lado, além do pássaro, da montanha, do poente.
O significado verdadeiro, pronto para ser decodificado.
O que nunca fez sentido, fará sentido,
O que era incompreensível, será compreendido.
- Mas, e se o mundo não tiver avesso?
Se o sabiá na palmeira não for um signo,
Mas apenas um sabiá na palmeira? Se a
Sequência de noites e dias não fizer sentido
E nessa Terra não houver nada, apenas terra?
- Mesmo se assim for, restará uma palavra
Despertada por lábios agonizantes,
Mensageira incansável que corre e corta
Campos interestelares, corta galáxias que giram,

E clama, reclama, grita.

10 de set. de 2014

INVERNO :: Antonio Cicero.

 Franz Marc, 1912
No dia em que fui mais feliz
eu vi um avião
se espelhar no seu olhar até sumir

de lá pra cá não sei
caminho ao longo do canal
faço longas cartas pra ninguém
e o inverno no Leblon é quase glacial.

Há algo que jamais se esclareceu:
onde foi exatamente que larguei
naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?

Lá mesmo esqueci
que o destino
sempre me quis só
no deserto sem saudades, sem remorsos, só
sem amarras, barco embriagado ao mar

Não sei o que em mim
só quer me lembrar
que um dia o céu
reuniu-se à terra um instante por nós dois
pouco antes do ocidente se assombrar.

9 de set. de 2014

O som - Ferreira Gullar

Praça do Lido, Copacabana, RJ.

o som é da Terra
não há nenhuma música das esferas
como pensou Aristóteles

música barulho
o trepidar cristalino
da água
sob as folhas
é coisa terrestre

o cosmo é um vastíssimo silêncio
de bilhões e bilhões de séculos

nenhum ruído
as estrelas são imensas explosões mudas
um desatino

a matéria estelar
(a explodir)
é silêncio
e energia

Para outros ouvidos talvez
poderia ser o universo
um insuportável barulho;
não para os nossos
terrenos

Viver na Terra é ouvir
entre outras vozes
o marulho
do mar salgado e azul
ouvir a ventania a rasgar-se nos galhos
antes do temporal

só aqui
neste planeta é que
se pode escutar teu límpido gorjeio,
passarinho,
pequenino cantor
da praça do Lido.

24 de jul. de 2014

ENVELOPE COM FOTOGRAFIAS :: TJISKE JANSEN nasceu em Barneveld, Holanda, em 1971.

Helen von Borstel.

Tal como o mar me consola com a sua profundeza
porque não consigo contar a água,
pois é maior que toda a terra
por onde as pessoas andam,
porque há peixes a quem esse espaço pertence,
pois ele não é das pessoas,

consola-me não me recordar de lá ter estado,
ter feito isto ou aquilo,
daquele bibe, ou daquele vestido,
daquelas meias até ao joelho, ao lado daquela miúda,
ao colo do senhor com a guitarra,
ao colo da avó quando tinha sete meses.

E nos momentos dos quais não há fotografias,
também lá ter estado.

26 de mai. de 2014

Nihil de Antonio Cícero

Edvard Munch

nada sustenta no nada esta terra
nada este ser que sou eu
nada a beleza que o dia descerra
nada a que a noite acendeu
nada esse sol que ilumina enquanto erra
pelas estradas do breu
nada o poema que breve se encerra
e que do nada nasceu

2 de out. de 2013

O seu santo nome de Carlos Drummond de Andrade



Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

12 de mai. de 2013

Vietnã - Wislawa Szymborska (1923-2012, Nobel de Literatura em 1996)

                                                                                                                                UN Photo/Kibae Park

Mulher, como te chamas? - Não sei.
Quando nasceste, tua origem? - Não sei.
Por que cavaste um buraco na terra? - Não sei.
Há quanto tempo estás aqui escondida? - Não sei.
Por que mordeste o meu anular? - Não sei.
Sabes, não te faremos 
mal nenhum. - Não sei.
De que lado estás? - Não sei.
É tempo de guerra, tens de escolher. - Não sei.
Existe ainda a tua aldeia? - Não sei.
E estas criancas, são tuas? - Sim.

19 de abr. de 2013

A despropósito de Adélia Prado



Olhou para o teto, a telha parecia um quadrado de doce.
Ah! - falou sem se dar conta que descobria, durando desde
a infância, aquela hora do dia, mais um galo cantando,
um corte de trator, as três camadas de terra, 
a ocre, a marrom, a arroxeada. Um pasto,
não tinha certeza se uma vaca
e o sarilho da cisterna desembestado, a lata
batendo no fundo com estrondo.
Quando insistiram, vem jantar, que esfria,
ele foi e disse antes de comer:
`Qualidade de telha é essas de antigamente`.

28 de nov. de 2012

O Sapo - Débora Siqueira Bueno


Aos pés da Serra do Sapo
um lugar perdido,
por assim dizer, nenhum,
traz o mesmo nome:
Sapo.
Nem gastou poesia
para o batizado –
o batráquio feio,
córrego qualquer
é o seu padrinho.

De lá se avista a serra,
dita do Sapo,
crivada de estacas
que vão, buliçosas,
sondar seu interno.
Lá havia ouro,
diziam escravos,
mas braços miúdos
de força pequena
não foram buscá-lo.

Aos pés da Serra do Sapo
a pequena vila,
de tão pobre,
quase dói.
O gado esquálido pasta
a grama murcha e seca
no entorno da capela,
que a Companhia
prometeu cobrir
com novo telhado.

São andaimes toscos
nos quais se equilibram
homens murchos, secos,
que vão consertando
a capela onde
nem sabem se um dia
poderão rezar.
Se estarão vivos
ou, não é bem certo,
capela haverá.

Na vila do Sapo,
novo movimento
levanta a poeira
vermelha e grudenta.
Logo toldará
o brilho prateado,
pois nessa beirada
perdida do mundo
inda existe quem
areie as panelas.

A Companhia promete
caminhão pipa
pra lavar as ruas,
assentar poeiras,
descansar os homens
da vista do pó,
descansar a vista
do que está por vir –
rês de matadouro,
não se olha o olho.

Ao lugar chamado
Sapo
foi determinada,
com muita discrição,
morte inexorável:
sua terra será levada.
Serra tão erma,
gente tão órfã,
poucos prantearão
sua agonia.

Lentamente será aberta
a redondez da montanha.
Feita a incisão,
interior exposto,
virão os abutres,
urubus enormes,
prontos pra comer
com voracidade
todo o conteúdo
daquela barriga.

Talvez mesmo a serra
cedesse, bom grado,
parte do seu ventre.
Não terá tal chance.
Separada em partes,
toda esquartejada,
os seus intestinos
virarão pedaços
que viajarão
pra esse mundão de Deus.

O Sapo e sua serra
aguardam
a execução da sentença.
Homens, bois, cães sonolentos,
senhoras, crianças, latas reluzentes –
todos irão embora.
Tomarão seu rumo,
buscarão a vida;
não cria raízes
chão que esfarinha.

Montanhas esvaeceram
qual fossem levadas
pela ação do tempo.
Mas assim morreram, de morte matada:
Serra da Pedra Grande, Serra do Curral,
Pico do Cauê.
Assiste-se agora
à morte anunciada:
a Serra do Sapo
tornará  buraco.

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)