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25 de abr. de 2014

Nunca se morre completamente de José Eduardo Agualusa

Lillian Teeter
“Nunca se morre completamente. Daquele que parte fica sempre alguma coisa a lembrar a sua passagem pelos descaminhos da vida. Seja um fato velho no fundo de um armário; seja a amarelada fotogravura que alguém se esqueceu de deitar fora; seja o gesto que permanece além daquilo que o justifica: a mulher que de manhã continua a procurar na cama o corpo do marido que há tanto tempo já partiu; a mãe que na rua continua a dar a mão ao filhinho que há tantos anos já morreu. Seja ainda uns olhos que repetem o verde de outros olhos; o formato de um rosto que ressurge gerações após. Nada é imortal mas tudo permanece, diria Severino, sua sofismada maneira de desconsiderar a morte.”


fonte: A Conjura. Leya.

20 de dez. de 2013

Esquecemo-nos de quase tudo :: José Eduardo Agualusa


David Dehner 

“- A nossa espécie – continuou – tem fraca memória. Esquecemo-nos de quase tudo. Muitas vezes, por outro lado, julgamos lembrar-nos de coisas que nunca nos aconteceram. Coisas que lemos, que aconteceram a outros, ou que alguém nos contou. Certos peixes esquecem-se de onde vieram no curto instante que levam a percorrer um aquário. O aquário é para eles, dessa forma, um espaço infinito, novo a cada instante, cheio de surpresas e diversidade. Cada volta que dão parece-lhes uma experiência inédita. Connosco passa-se algo semelhante. A natureza criou o esquecimento para que nos seja possível suportar o terrível tédio deste minúsculo aquário a que chamamos vida.”

In: Um Estranho em Goa.  Edições Cotovia

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)