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26 de abr. de 2020

DANÇA, CLARICE :: Pedro Américo de Farias

Pyotr Konchalovsky
Canta e dança, Clarice!
que afora isso
só a topada nos leva
canta, Clarice
que além disso
o gesto nos traduz
e a fala nos anuncia
dança, Clarice
que o corpo malhado
pelo sim pelo não
desperta melhor
a cada manhã
dança e canta, Clarice!


Coisas: poemas etc. Linguaraz Editor, Recife, 2015.

24 de set. de 2015

Valsinha :: Vinicius de Moraes - Chico Buarque


Um dia ele chegou tão diferente 
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente 
Do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto 
Era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, 
Pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como 
há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça
E começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

13 de set. de 2015

ABRIL :: SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Vincent van Gogh

Vinhas descendo ao longo das estradas, 
Mais leve do que a dança 
Como seguindo o sonho que balança 
Através das ramagens inspiradas. 

E o jardim tremeu, 
Pálido de esperança. 



In : Dia do mar, 1947 


16 de jun. de 2015

A curva dos teus olhos :: Paul Éluard

Andrew Wyeth

A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.

5 de abr. de 2015

Oração aos vivos para que sejam perdoados por estarem vivos :: Charlotte Delbo


                                                                                                                    Edward Burne-Jones
Eu suplico-vos
fazei qualquer coisa
aprendei um passo
uma dança
alguma coisa que vos justifique
que vos dê o direito
de vestir a vossa pele o vosso pêlo
aprendei a andar e a rir
porque será completamente estúpido
no fim
que tantos tenham sido mortos
e que vós viveis
sem nada fazer da vossa vida.

Tradução: Luís Filipe Parrado

7 de mar. de 2015

Carlos Drummond de Andrade: A dança e a alma

Marc Chagall


A dança? Não é movimento
súbito gesto musical
É concentração, num momento,
da humana graça natural

No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança-não vento nos ramos
seiva,força, perene estar
um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão 
libertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir a forma do ser
por sobre o mistério das fábulas

7 de fev. de 2015

L'Homme Révolté de Hélio Pellegrino

Joan Miró

Venho de um negro tempo irredutível,
anterior a mim.
Vou para um negro tempo desmedido,
infinito campo de ébano
onde me apagarei.
De uma escarpa a outra,
transfixado entre negro e negror,
danço —  centelha breve — o meu furor.

12 de jan. de 2015

CALEIDOSCÓPIO :: FLORA FIGUEIREDO


Pela fresta observo a dança das cores 
nos vidros recortados. 
Separam-se, aglutinam-se, 
desenham maravilhas 
Como se bailassem calçando sapatilhas. 
A cada movimento, uma surpresa, 
a mesma flor concebida com destreza, 
em seguida se espalha e se desfaz. 
Por trás de seu processo giratório, 
o caleidoscópio avisa: 
a forma é fugaz e imprecisa 
e o colorido de hoje é provisório. 

In:  O Trem Que Traz a Noite, 2000 


11 de dez. de 2013

As palavras de Almada Negreiros

Leonardo da Vinci

As palavras dançam nos olhos das pessoas 
conforme o palco dos olhos de cada um.

fonte: In: A Invenção do Dia Claro. Lisbôa : "Olisipo", 1921


19 de out. de 2013

Valsinha de Chico Buarque e Vinicius de Moraes (Vinícius de Moraes, nascido Marcus Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980)


Equestrienne - Chagall

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar

E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz

14 de set. de 2013

O meu olhar azul como o céu Alberto Caeiro (Heterônimo de Fernando Pessoa)

Matisse - Dança 

O meu olhar azul como o céu 
É calmo como a água ao sol. 
É assim, azul e calmo, 
Porque não interroga nem se espanta ...

Azul / blue / blau / bleu / blu / blå / синий / 青 / biru / 蓝色 / أزرق / בלוי / नीला

A produção de pigmentos artificiais de azul tem sido um desafio constante na história da humanidade: pela dificuldade de encontrá-lo, o azul foi considerado uma cor destinada a temas nobres. Vermelho, preto e branco dominaram quase todas as representações artísticas até o início da Idade Média devido à facilidade com que as tintas podiam ser fabricadas, em comparação com a dificuldade de obter pigmento azul. É certo, no entanto, que os egípcios conheciam um pigmento dessa cor há mais de 5 mil anos, mas ele era misturado ao pigmento de uma pedra semipreciosa, o lápis-lazúli. Foi a dificuldade para chegar ao tom que fez com que os romanos durante a Antigüidade o associassem aos bárbaros - até ter os olhos azuis era sinônimo de barbárie.
No começo da Idade Média, o vermelho era a cor da nobreza, enquanto o azul era dos servos. Os tecidos eram tingidos de azul com o pigmento extraído de uma planta chamada Ísatis, ou pastel-de-tintureiro. Para conseguir a tinta, era necessário deixar a planta fermentando em urina humana. Com o tempo, perceberam que o álcool acelerava o processo - por isso, tintureiros ingeriam bebidas alcoólicas com a desculpa de que a urina já sairia rica em álcool. A expressão em alemão blau werden, literalmente traduzida como "ficar azul", significa na Alemanha "ficar bêbado".
No século VI, a técnica para obtenção do pigmento chamado azul-ultramar, feita com o lápis-lazúli, ganhou a Europa - a pedra, no entanto, chegou a custar mais que o ouro. A descoberta do caminho marítimo para as Índias, no fim do século XV, levou para a Europa o pigmento conhecido como índigo indiano, obtido com uma planta oriental. A utilização foi proibida – uma tentativa de preservar o tom produzido na região com a ísatis – e dava até pena de morte.
O pigmento azul-da-prússia foi descoberto na Alemanha, numa experiência sobre oxidação do ferro em 1704. Custava um décimo do preço da tinta feita a partir do lápis-lazúli e fez sucesso entre os pintores da época. De lá para cá, a indústria química evoluiu e possibilitou a obtenção de centenas de pigmentos mais baratos. Isso foi um fator crucial para o surgimento no século XIX, do impressionismo de artistas como Monet, que davam grande valor à cor. Mas, como muitos pigmentos desse período não possuíam uma boa resistência, vários quadros da época sofreram uma prematura descoloração
http://pt.wikipedia.org/wiki/Azul

Origin: 
1250–1300; Middle English blewe  < Anglo-French blew, bl i u, bl (i ef  blue, livid, discolored, Old French blo, blau  ( French bleu ) <Germanic *blǣwaz;  compare Old English blǣwen,  contraction ofblǣhǣwen  deep blue, perse ( see blaehue), Old Frisian blāw,Middle Dutch blā u ), Old High German blāo  ( German blau ), OldNorse blār
blewblue .
Synonyms 
1.  azure, cerulean, sapphire. 14.  despondent, unhappy, morose,doleful, dispirited, sad, glum, downcast. 15.  gloomy, dispiriting.16.  righteous, puritanical, moral, severe, prudish. 

14.  happy. 

fonte: http://dictionary.reference.com/browse/blue

c.1300, bleu, blwe, etc., from O.Fr. blo "pale, pallid, wan, light-colored; blond; discolored; blue, blue-gray," from Frankish *blao, from P.Gmc. *blæwaz (cf. O.E. blaw, O.S., O.H.G. blao, Dan. blaa, Swed. blå, O.Fris. blau, M.Du. bla, Du. blauw, Ger. blau "blue"), from PIE *bhle-was "light-colored, blue, blond, yellow." "The exact color to which the Gmc. term applies varies in the older dialects; M.H.G. bla is also 'yellow,' whereas the Scandinavian words may refer esp. to a deep, swarthy black, e.g. O.N. blamaðr, N.Icel. blamaður 'Negro' " [Buck]. Replaced O.E. blaw, from the same PIE root, which also yielded L. flavus "yellow," O.Sp. blavo "yellowish-gray," Gk. phalos "white," Welsh blawr "gray," O.N. bla "livid" (the meaning in black and blue), showing the usual slippery definition of color words in I.E. The present spelling is since 16c., from French influence (Mod.Fr. bleu).
Few words enter more largely into the composition of slang, and colloquialisms bordering on slang, than does the word BLUE. Expressive alike of the utmost contempt, as of all that men hold dearest and love best, its manifold combinations, in ever varying shades of meaning, greet the philologist at every turn. [John S. Farmer, "Slang and Its Analogues Past and Present," 1890, p.252]
The color of constancy since Chaucer at least, but apparently for no deeper reason than the rhyme in true blue (c.1500). From early times blue was the distinctive color of the dress of servants, which may be the reason police uniforms are blue, a tradition Farmer dates to Elizabethan times. For blue ribbon see cordon bleu under cordon. Many IE languages seem to have had a word to describe the color of the sea, encompasing blue and green and gray; e.g. Ir. glass (see Chloe); O.E. hæwen "blue, gray," related to har (see hoar); Serbo-Cr. sinji "gray-blue, sea-green;" Lith. šyvas, Rus. sivyj "gray.

15 de mar. de 2013

Um passo de dança de Fernando Sabino




Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte, da procura um encontro!
Fernando Sabino


João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)