Procuro uma alegria
na mala vazia
do fim do ano
e eis que tenho na mão
-- flor do cotidiano --
o vôo de um pássaro
e de uma canção
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
31 de dez. de 2018
30 de dez. de 2018
Fim de ano :: Maria Luise Weissmann
Você, ano grisalho: corre rumo ao alvo
mais veloz e veloz, buscando pelo calmo
morrer que seja sem limites e profundo.
Mas veja: eu corro mais rápido, rumo ao rubro
da nova manhã, ávida, à sua frente.
Ó, venha! Apague, apague! Adiante!
Marcada, maculada, sobrecarregada,
por grandes cansaços e dores soterrada –
Passe – Eu irei! Morra – que eu, então, vou
tentar ressuscitar: Ó, dia puro e novo!
...
mais veloz e veloz, buscando pelo calmo
morrer que seja sem limites e profundo.
Mas veja: eu corro mais rápido, rumo ao rubro
da nova manhã, ávida, à sua frente.
Ó, venha! Apague, apague! Adiante!
Marcada, maculada, sobrecarregada,
por grandes cansaços e dores soterrada –
Passe – Eu irei! Morra – que eu, então, vou
tentar ressuscitar: Ó, dia puro e novo!
...
Du greises Jahr: du eilst, dem Ziele zu
Rascher und rascher, sehnst dich nach der Ruh
In einem tiefen grenzenlosen Tod.
Doch sieh: ich eile schneller, nach dem Rot
Des neuen Morgens gierig, dir voraus.
O komm! Hinübergeh! Lösch aus, lösch aus!
Gezeichnetes, Beladenes, befleckt
Mit großer Müdigkeit, mit Schmerz bedeckt –
Vergeh – ich werde! Stirb – und ich vermag
Aufzuerstehn: o neuer, reinster Tag!
Tradução por: Tomaz Amorim Izabel
Rascher und rascher, sehnst dich nach der Ruh
In einem tiefen grenzenlosen Tod.
Doch sieh: ich eile schneller, nach dem Rot
Des neuen Morgens gierig, dir voraus.
O komm! Hinübergeh! Lösch aus, lösch aus!
Gezeichnetes, Beladenes, befleckt
Mit großer Müdigkeit, mit Schmerz bedeckt –
Vergeh – ich werde! Stirb – und ich vermag
Aufzuerstehn: o neuer, reinster Tag!
Tradução por: Tomaz Amorim Izabel
29 de dez. de 2018
27 de dez. de 2018
E viver vale a pena ::Clarice Lispector
Todas as manhãs ela deixa os sonhos na cama, acorda e põe sua roupa de viver. Todas as manhãs ela caminha vagarosamente para pegar o ônibus que a levará para lugar nenhum, para ver ninguém E todas as manhãs ela imagina como serão as tardes, ja sabendo a resposta, finge ser feliz assim todas as manhãs E todas as manhãs ela espera pela noite, ela espera assim arduamente para voltar para seu quarto, e ser triste. É quando ela sente que esta assim completa. Completamente triste, mas completa. E quando ela tira a roupa e põe todo o seu corpo em baixo das cobertas quentes e sente que começa a sonhar, é quando ela sorri . Assim pra ninguém. Mas pra ela mesma. E viver vale a pena.
In: Perto do coração selvagem.
21 de dez. de 2018
Eryngium (barba de cabra, língua-de-tucano ou eríngio
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Apiales
Família: Apiaceae
Género: Eryngium
Eryngium L. é um género de cerca de 230 espécies de plantas anuais e perenes. Apresentam distribuição cosmopolita, com o centro de diversidade na América do Sul. Algumas espécies são nativas de áreas rochosas e costeiras, ainda que a maioria viva em prados. O nome do género provém do grego ērúggion que designa uma planta conhecida como "barba-de-cabra".
No Brasil, algumas espécies são designadas como "língua-de-tucano" ou eríngio.
Têm folhas glabras e, geralmente, espinhosas, com umbelas em forma de cúpula, semelhantes às inflorescências dos cardos, com um verticilo de brácteas espinhosas basais.
Espécies
Cerca de 230 espécies, incluindo:
Eryngium agavifolium
Eryngium alpinum
Eryngium amethystinum
Eryngium aquaticum
Eryngium billardieri
Eryngium bourgatii
Eryngium bromelifolium
Eryngium campestre
Eryngium carlinae
Eryngium caucasicum
Eryngium corniculatum
Eryngium creticum
Eryngium cuneifolium
Eryngium dichotomum
Eryngium depressum
Eryngium ebracteatum
Eryngium eburneum
Eryngium elegans
Eryngium foetidum
Eryngium giganteum
Eryngium glaciale
Eryngium humile
Eryngium inaccessum
Eryngium leavenworthii
Eryngium maritimum
Eryngium monocephalum
Eryngium palmatum
Eryngium pandanifolium
Eryngium paniculatum
Eryngium planum
Eryngium prostratum
Eryngium proteiflorum
Eryngium ramboanum
Eryngium rostratum
Eryngium serbicum
Eryngium serra
Eryngium spinalba
Eryngium tricuspidatum
Eryngium triquetrum
Eryngium variifolium
Eryngium viviparum
Eryngium yuccifolium
Eryngium maritimum (cardo-marítimo) é uma das espécies, perene, nativa da Europa e frequente nas zonas costeiras. Caracteriza-se por uma roseta basal, cinzenta pálida ou verde prateada, de onde partem caules floríferos espinhosso, podendo atingir cerca de 50 cm de altura. É uma espécie muito frequente em jardins por quem aprecia as suas flores e folhagem superior de um azul metálico.
Outras espécies usadas como plantas ornamentais em jardins são também vulgarmente designadas como cardos-marítimos, ainda que a maioria não esteja sequer associada a habitats litorais. Entre as espécies mais conhecidas está a Eryngium bourgatii, planta perene com folhagem espinhosa de cor verde forte matizada de branco prateado. Floresce no Verão, formando inflorescências azul-cobalto, especialmente atractivas para as abelhas. Tem cerca de 30 a 60 cm de altura. Entre as espécies ornamentais, podemos ainda referir a Eryngium alpinum, E. variifolium, E. tripartitum, E. bromeliifolium, e a planta bianual E. giganteum.
Usos
Muitas espécies de Eryngium têm sido utilizadas pelo ser humano ao longo do tempo. As raízes têm sido utilizadas como vegetal comestível ou na produção de doces. Outras raízes, como as das espécies Eryngium yuccifolium e Eryngium maritimum, são reconhecidas como anti-inflamatórias, podendo ter outras propriedades medicinais, como na cura de afecções da boca (aftas) devendo-se consumir com precaução e com os devidos esclarecimentos de especialistas, já que algumas espécies são tóxicas se tomadas em dose excessiva. Os rebentos e folhas jovens são, por vezes, utilizadas como sucedâneo dos espargos.
fonte: Wikipedia
19 de dez. de 2018
Dez anos :: Clarice Lispector
Renoir
Pausa, tristeza.
- Mamãe, minha alma não tem dez anos.
- Quanto tem?
- Acho que só uns oito.
- Não faz mal, é assim mesmo.
- Mas eu acho que se deviam contar os anos pela alma. A gente dizia: aquele cara morreu com 20 anos de alma. E o cara tinha morrido mas era com 70 anos de corpo.
Mais tarde começou a cantar, interrompeu-se e disse:
- Estou cantando em minha homenagem. Mas, mamãe, eu não aproveitei bem os meus dez anos de vida.
- Aproveitou muito bem.
- Não, não quero dizer aproveitar fazendo coisas, fazendo isso e fazendo aquilo. Quero dizer que não fui contente o suficiente. O que é? Você ficou triste?
- Não. Vem cá para eu te beijar.
- Viu? Eu não disse que você ficou triste?! viu quantas vezes me beijou?! quando uma pessoa beija tanto outra é porque está triste.
Jornal do Brasil - 10 de outubro de 1970.
16 de dez. de 2018
14 de dez. de 2018
13 de dez. de 2018
Pequeno Mapa do Tempo :: Belchior
Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do teu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião
Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo que Belo Horizonte
Eu tenho medo que Minas Gerais
Eu tenho medo que Natal, Vitória
Eu tenho medo Goiânia, Goiás
Eu tenho medo Salvador, Bahia
Eu tenho medo Belém, Belém do Pará
Eu tenho medo pai, filho, Espírito Santo, São Paulo
Eu tenho medo eu tenho C eu digo A
Eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife
Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá
Eu tenho medo Estrela do Norte, paixão, morte é certeza
Medo Fortaleza, medo Ceará
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo e já aconteceu
Eu tenho medo e inda está por vir
Morre o meu medo e isto não é segredo
Eu mando buscar outro lá no Piauí
Medo, o meu boi morreu, o que será de mim?
Manda buscar outro, maninha, no Piauí
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