28 de fev. de 2015

Eu Sou Trezentos... :: Mário de Andrade

Giacomo Balla, 1913
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh ! Pirineus ! Ôh caiçaras !
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro !
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis,
nas camarinhas seus próprios beijos !

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.

Remate de males, 1929.

Lisianto – Eustoma grandiflorum, Genciana-do-prado




















Lisianto – Eustoma grandiflorum, Genciana-do-prado
Nome Científico: Eustoma grandiflorum
Nomes Populares: Lisianto, Genciana-do-prado
Família: Gentianaceae
Categoria: Flores Anuais
Clima: Equatorial, Mediterrâneo, Subtropical, Temperado, Tropical
Origem: América do Norte, Estados Unidos, México
Altura: 0.3 a 0.4 metros, 0.4 a 0.6 metros
Luminosidade: Meia Sombra, Sol Pleno
Ciclo de Vida: Anual
fonte:jardineiro.net

27 de fev. de 2015

Pablo Picasso (Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso ) (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973)















Som de celo - Alice Ruiz

Modigliani

Você tem o dom
de pôr som de celo
onde havia gelo
quem dera tê-lo
você e teu dom
de transformar esse silêncio
num solo de celo
quem dera descobrir
teus zelos véu por véu
descobrir talvez um novo céu
e nele vê-lo
entre as estrelas
cobrir você
com meus cabelos
quem dera este celo
não fosse tão solo
quem dera você para sê-lo

26 de fev. de 2015

Sinhá (Eveline Gomes) SINHÁ ( Natal – RN 1982














Eu posso ir lá fora ? :: Mario Quintana


Louisa Matthiasdottir, 1985

Oh! aquele menininho que dizia
“Fessora, eu posso ir lá fora?”
mas apenas ficava um momento
bebendo o vento azul...
Agora não preciso pedir licença a ninguém.
Mesmo porque não existe paisagem lá fora:
somente cimento.
O vento não mais me fareja a face como um cão amigo...
Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.


QUINTANA, Mario. A vaca e o hipogrifo. São Paulo, Globo, 1995. p.51

25 de fev. de 2015

Vim pelo caminho :: Paulo Leminski

Vim pelo caminho díficil,
a linha que nunca termina,
a linha bate na pedra,
a palavra quebra uma esquina, 
mínima linha vazia,
a linha, uma vida inteira,
palavra, palavra minha.




 arte de : Dalila Gonçalves ( 1982,  Castelo de Paiva, Portugal )

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)