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3 de ago. de 2020

Lisboa de Tomas Tranströmer


jose maria rovira rusiñol

No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas
subidas.
Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.
Eles acenavam através das grades.
Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!

"Mas aqui", dizia o revisor e ria baixinho, maliciosamente,
"aqui sentam-se os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e em cima, a uma janela, um homem,
com um binóculo à frente dos olhos, espreitando
para além do mar.

A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma dama de Lisboa:
Isto é real, ou fui eu que sonhei?


1 de out. de 2017

ESTRANGEIRO ::JULIA DE SOUZA

Frank Hallam Day

jurou conhecer

cada lugar de

cada página da

national geographic

nem é tão frio no polo sul

no meu tempo se podia

viver acho que vim

de navio trinta dias ou

mais até o porto de

santos preciso parar e

lembrar tudo o que fiz.

por fim apontou o mar

e disse no meu tempo

tudo isso aí

era mato.

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)