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7 de abr. de 2015

RECEITA DE PÃO :: ROSEANA MURRAY

Anders Zorn, 1889
é coisa muito antiga
o ofício do pão
primeiro misture o fermento
com água morna e açúcar
e deixe crescer ao sol

depois numa vasilha
derrame a farinha e o sal
óleo de girassol manjericão

adicionado o fermento
vá dando o ponto com calma
água morna e farinha

mas o pão tem seus mistérios
na sua feitura há que entrar
um pouco da alma do que é etéreo

então estique a massa
enrole numa trança
e deixe que descanse
que o tempo faça a sua dança

asse em forno forte
até que o perfume do pão
se espalhe pela casa e pela vida

in Receitas de olhar, ed. FTD , 1997

10 de dez. de 2014

Acalanto :: Elizaheth Bishop (1911 - 1979)



Kaoru Kawano, 1950


Borboleta.
Adulto e criança
afundam em seu descanso.
No mar o navio afunda, desaparece,
chumbo em seu regaço.

Borboleta.
Deixa as nações brigarem
deixa as nações caírem.
A grade sombreada do berço é uma gaiola
sobre a parede.


Borboleta.
Durma sem parar,
que a guerra vai acabar.
Solta a inofensiva boneca tua
e agarra a lua.

Borboleta.
Se eles disserem
que não tens juízo
não te alteres, é um julgamento
bem impreciso.

Borboleta.
Adulto e criança
afundam em seu descanso.
No mar o navio afunda, desaparece,
chumbo em seu regaço.

17 de nov. de 2014

NÃO MAIS PASSEAREMOS :: Lord Byron (1788 - 1824)

Tracy Levesque
Então, não mais passearemos
Assim tão tarde, pela noite afora,
Embora o coração ainda esteja apaixonado
E a lua continue a brilhar.

Pois a espada dura mais que a bainha,
A alma consome o peito,
O coração precisa tomar fôlego
E o amor, descansar.

A noite foi feita para amar
E o dia volta cedo demais,
Contudo, não mais passearemos
À luz do luar.

28 de out. de 2012

A menina de Livia Garcia Roza

                                            Jessie Willcox Smith

Em minha mãe, enfim, descansa, a menina que eu fui.

24 de out. de 2012

MAR DE MONTANHAS de DÉBORA SIQUEIRA BUENO


Gonçalves, Minas Gerais Foto: Kleber Posto


Quero morar

onde tenha mar.

Mar de montanhas.

Montanhas até onde a vista alcança

e o verde e o azul se tocam, se confundem,

formando a azulada serrania.

Seios de pasto verde arredondados,

textura aveludada,

matizados de capim gordura roxo.

Agulhas escarpadas,

vermelhas do minério

de ferro.

Mar com curvas de serena permanência

onde pretendo um dia descansar.

Montanhas quero,

preciso,

montanha sou.

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)