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9 de fev. de 2015

Este desenho :: Roland Barthes


 [Este desenho], porque não vou te ver durante dois dias, porque meu coração está cheio de coisas para te dizer, coisas que não sei dizer, que não ouso te dizer, mas que são ditas através destas poucas linhas coloridas: que tudo volte a ser como antes: estonteante, (tudo isso quer dizer: me perdoa).


2 de out. de 2014

Falar :: Ferreira Gullar

Will Barnet

A poesia é, de fato, o fruto
de um silêncio que sou eu, sois vós,
por isso tenho que baixar a voz
porque, se falo alto, não me escuto.

A poesia é, na verdade, uma
fala ao revés da fala,
como um silêncio que o poeta exuma
do pó, a voz que jaz em baixo
do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo
baixo quase sem fala em suma
mesmo que não se ouça coisa alguma.



6 de jun. de 2012

O estranho de Guimarães Rosa

Zenos Frudakis


Não devia de estar relembrando isto [a paixão por Diadorim], contando assim o sombrio das coisas. Lenga-lenga! Não devia de. O senhor é de fora, meu amigo mas meu estranho. Mas talvez por isto mesmo. Falar com o estranho assim, que bem ouve e logo longe se vai embora, é um segundo proveito: faz do jeito que eu falasse mais mesmo comigo. Mire veja: o que é ruim, dentro da gente, a gente perverte sempre por arredar mais de si. Para isto é que o muito se fala?
in: ROSA, G. Grande Sertão: veredas. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 14ª ed., 1980

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)