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11 de jan. de 2015

Uma vez :: Idea Vilariños

Eyvind Earle

Sou meu pai e minha mãe
sou meus filhos
e sou o mundo
sou a vida
e não sou nada
ninguém
um pedaço animado
uma visita
que não esteve
nem estará depois.
Estou estando agora
quase não sei mais nada
como uma vez estavam
outras coisas que foram
como um céu distante
um mês
uma semana
um dia de verão
que outros dias do mundo
dissiparam.

23 de ago. de 2014

Ele procurou por muito tempo :: Thomas Möhlmann

Istvan Ilosvai Varga

Cada passo diminui e aumenta o número de possibilidades
mas não as possibilidades que ele procura
tem de haver outro caminho que não este, mas assim que ele o toma,
tem de haver outro caminho. Abordou pessoas

apresentou-se sob nomes diferentes e perguntou se
as pessoas sabiam onde estavam. No mar alto, no umbigo do mundo
à beira de jardinzinhos bem-tratados: ninguém sabia.
Onde o ar era tão rarefeito que ele tinha vertigens, onde

o ar denso lhe cortava a respiração, onde todos
se ofendiam mutuamente, onde ninguém se atreveria ir,
onde todos deveriam ter estado: ninguém sabia.

Tradução de Maria Leonor Raven-Gomes

18 de mai. de 2014

O bonde abre a viagem :: Mário de Andrade

CARLHEINZ HAHMANN
O bonde abre a viagem,
    No banco ninguém,
     Estou só, stou sem.

    Depois sobe um homem,
    No banco sentou,
    Companheiro vou.
    O bonde está cheio,
    De novo porém
    Não sou mais ninguém.

LIRA PAULISTANA. 1944.

João Fasolino (1987, Rio de Janeiro)