Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
11 de abr. de 2019
Autonomia ::Wisława Szymborska
Completas:: Manuel António Pina
A meu favor tenho o teu olhar testemunhando por mim perante juízes terríveis: a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
in: Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância.
Por delicadeza :: Sophia de Mello Breyner Andresen
9 de abr. de 2019
8 de abr. de 2019
2 de abr. de 2019
Um corpo :: Ana Suy
O que fazer com um corpo?
Sobreviver!
Respirar, comer, excretar
Doer, parar de doer, voltar a doer
Parar de doer, doer
Nomear uma dor que não dói
Como prazer
O que fazer com um corpo?
Dançar!
Rodar, saltar, fazer-um com o som
Doer, esquecer que dói, lembrar de novo
Parar de doer, doer
Descobrir que o que doía antes não dói mais e chamar isso
De alegria
O que fazer com um corpo?
Amar!
Desejar, beijar, abraçar
Se perder no corpo do outro, se angustiar com a perda de si, desejar não mais amar
Doer, doer mais ainda, doer um pouco menos, doer muito menos
E descobrir que se dói menos
A dois
O que fazer com um corpo?
Escrever!
Escorrer letras pelos dedos, doar caminhos às palavras, deixar cair as pontuações
Permitir-se guiar pela dor, descobrir que a dor tem fim, querer retornar à dor para escrever
Entender que a vontade de retornar à dor já é uma dor, por si só
Descobrir que não é um corpo que escreve, mas é algo que se escreve em
Um corpo.
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Tem de haver mais Agora o verão se foi E poderia nunca ter vindo. No sol está quente. Mas tem de haver mais. Tudo aconteceu, Tu...
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Ekaterina Pozdniakova Não sei como são as outras casas de família. Na minha casa todos falam em comida. “Esse queijo é seu?” “Não, é...