3 de jun. de 2024

louise glück :: a íris selvagem

  

Sei o que planeavas, o que querias fazer ao ensinar-me

a amar o mundo, a fazer com que eu não pudesse

nunca abandoná-lo, afastá-lo para sempre –

ele está em todo o lado: se fecho os olhos,

o canto dos pássaros, o perfume de lilás na Primavera nascente, o

     perfume das rosas de Verão:

e tu queres tirar-mo, queres levar cada flor, cada união à terra –

porque haverias d me ferir, porque haverias de me querer

desolada no final, a menos que me quisesses tão faminta de esperança

que eu recusaria ver que finalmente

nada me fora deixado em herança, acreditando antes que

no fim de tudo só tu me foras deixado.

 

 

 

louise glück

a íris selvagem

tradução de ana luísa amaral

relógio d´água

2020