22 de dez. de 2011

A imitação da rosa de Clarice Lispector


Roses, 1912 de  Fernand Khnopff

(...)
porque uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. E, sobretudo, nunca para se "ser". Sobretudo nunca se deveria ser a coisa bonita. A uma coisa bonita faltava o gesto de dar. Nunca se devia ficar com uma coisa bonita, assim, como que guardada dentro do silêncio perfeito do coração. (...)

(...)
Olhou-as, tão mudas na sua mão. Impessoais na sua extrema beleza. Na sua extrema tranqüilidade perfeita de rosas. Aquela última instância: a flor. Aquele último aper­feiçoamento: a luminosa tranqüilidade. (...)

fonte: Lispector, Clarice. Laços de família.  Rio de Janeiro, José Olympio, 1978. p. 35


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