13 de dez. de 2011

Poesia delicada de Débora Siqueira Bueno



A semente do adeus
no seio do ser
estava lançada.
Rasos d'água, os olhos
aguavam a terra
na qual germinava.

Um broto emergiu
ao desenrolar-se
a potência de vida.
Afastou-se do solo,
alongou-se em partes,
rumou para cima.

Cresceu, ganhou porte,
deu folhas e frutos,
sementes aladas.
E abriu-se entre pétalas,
as mais delicadas,
a flor da saudade.


Biografia: 
Débora Siqueira Bueno, nascida em Belo Horizonte-MG, é médica, psiquiatra. Trabalhou na Universidade Estadual de Campinas por cerca de vinte anos, onde, dentre outras atividades, dedicou-se à implantação de um ambulatório público de psicoterapia psicanalítica, do qual foi supervisora. Atualmente exerce a clínica em seu consultório. O início da produção literária deu-se na maturidade, após um período no qual esteve doente. Surgiu como uma necessidade premente de escrever, caminho que se apresentou para a nomeação e elaboração de experiências, sensações, afetos e lembranças. A poesia impôs-se como forma, para acolher a um transbordamento de significações diante de uma situação limite. "Creio que as experiências limítrofes nos convocam com muita força ao compromisso com o próprio destino. Daí a intenção de ampliar o espaço para a escrita em minha vida — o que implica fazer escolhas, promover mudanças e, principalmente, expor-me ao leitor"

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