8 de set. de 2013

Jorge de Lima (União dos Palmares, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953)






E o sino da Igrejinha com voz fina de menina

tem dlins-dlins

para o batismo dos pimpolhos.


Para os mortos: devagar – DLIM-DLIM...

é como um choro de menino, compassado

sem

fim.


Dlin-dlins para as manhãs loucas de luz,

para as tardinhas que são como velhinhas

passo tardo, xale preto, corcundinhas...


As andorinhas conhecem esses dlins-dlins

e vêm

ouvi-los no verão.

As ave-marias vêm

ouvi-los ao sol-pôr...

E a estrela Vésper

atrás da torre,

e entre a neblina

ouve quieta: dlim, dlim, dlim...


E há dlins-dlins de esperança,

de venturas de saudades e de fé...


Todo o pulsar da vila:

virgens que morrem, virgens que casam...

Viático...

Novenas...

Comunhões...

E nas missas domingueiras

que alegria, que repiques argentinos

aos namoros das mocinhas...

Casamentos...

Batizados...

Agonias...

Meu deus! Dlins-dlins para os que morrem...

Dlim-dlim

Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro. Inicialmente autor de belíssimos alexandrinos, posteriormente transformou-se em um modernista.

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