1 de ago. de 2022

A curva dos teus olhos : Paul Eluard

A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito 

É uma dança de roda e de doçura. 

Berço noturno e auréola do tempo, 

Se já não sei tudo o que vivi 

É que os teus olhos não me viram sempre. 


Folhas do dia e musgos do orvalho, 

Hastes de brisas, sorrisos de perfume, 

Asas de luz cobrindo o mundo inteiro, 

Barcos de céu e barcos do mar, 

Caçadores dos sons e nascentes das cores. 


Perfume esparso de um manancial de auroras  

Abandonado sobre a palha dos astros, 

Como o dia depende da inocência 

O mundo inteiro depende dos teus olhos 

E todo o meu sangue corre no teu olhar.


Capitale de la douleur. 1926

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