21 de set. de 2012

Como Se Fosse a Primavera de Chico Buarque



De que calada maneira
Você chega assim sorrindo
Como se fosse a primavera
Eu morrendo
E de que modo sutil
Me derramou na camisa
Todas as flores de abril

Quem lhe disse que eu era
Riso sempre e nunca pranto?
Como se fosse a primavera 
Não sou tanto
No entanto, que espiritual
Você me dar uma rosa
De seu rosal principal

De que calada maneira
Você chega assim sorrindo
Como se fosse a primavera

Eu morrendo

20 de set. de 2012

Naquele tempo - Sophia de Mello Breyner Andresen

                                                                                                       Henri Lebasque

Sob o caramanchão de glicínia lilás
As abelhas e eu
Tontas de perfume
Lá no alto as abelhas
Doiradas e pequenas
Não se ocupavam de mim
Iam de flor em flor
E cá em baixo eu
Sentada no banco de azulejos
Entre penumbra e luz
Flor e perfume
Tão ávida como as abelhas.





19 de set. de 2012

Diante de uma dor pessoal de Lya Luft

Não escrevo muito sobre a morte: na verdade ela é que escreve sobre nós - desde que nascemos vai elaborando o roteiro de nossa vida. O medo de perder o que se ama faz com que avaliemos melhor muitas coisas. Assim como a doença nos leva a apreciar o que antes achávamos banal e desimportante, diante de uma dor pessoal compreendemos o valor de afetos e interesses que até então pareciam apenas naturais: nós os merecíamos, só isso. Eram parte de nós.

fonte: Lya Luft. Secreta Mirada. Record, 2005.

Outras noites de Sérgio Sant'Anna

ABIODUN OLAKU 
E HÁ OUTRAS NOITES, então, de um escuro total que não é violado por som ou movimento algum e dentro da qual alguém acorda sem o calor de uma pessoa a seu lado ou nem mesmo um sonho recente que se torne uma referência.
E este homem, se se pode chamá-lo assim neste momento - este infinito instantâneo - não só desconhece quem é, onde está e por que, como também, mais obscuramente, demora uma pequena fração atônita de tempo para perceber, até, que se encontra vivo. 

in: Rezende, Beatriz. Rio literário. Casa da Palavra, 2005.

17 de set. de 2012

Perder-se na cidade de Walter Benjamin


“Saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução. Nesse caso, o nome das ruas deve soar para aquele que se perde como o estalar do graveto seco ao ser pisado, e as vielas do centro da cidade devem refletir as horas do dia tão nitidamente quanto um desfiladeiro. Essa arte aprendi tardiamente; ela tornou real o sonho cujos labirintos nos mata-borrões de meus cadernos foram os primeiros vestígios”. 
In: Obras escolhidas II: Rua de mão única. Brasiliense, 1995.

16 de set. de 2012

Delicadeza de Livia Garcia Roza

                                                                                                        Chagall
Depois que a gente é feliz acha a vida uma grande delicadeza.

Guapuruvu, garapuvu, guapiruvu, garapivu, guaburuvu, ficheira, bacurubu, badarra, bacuruva,birosca, faveira, pau-de-vintém, pataqueira, pau-de-tamanco ou umbela







Divisão: Magnoliophyta. Classe: Magnoliopsida, Ordem: Fabales
Família: Fabaceae Subfamília: Caesalpinioideae
Género: Schizolobium
Espécie: S. parahyba  N ome binomial Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake 1919
Sinónimos: Caesalpinia parahyba (Vell.) Allemão; Cassia parahyba Vell. (basiônimo); Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke, Schizolobium excelsum Vogel, Schizolobium glutinosum Tul., Schizolobium kellermanii Pittier
O guapuruvu (Schizolobium parahyba)  é uma árvore da família das fabáceas, notável pela sua velocidade de crescimento que pode atingir 3 metros por ano. A árvore é também conhecida comoguarapuvu, garapuvu, guapiruvu, garapivu, guaburuvu, ficheira, bacurubu, badarra, bacuruva,birosca, faveira, pau-de-vintém, pataqueira, pau-de-tamanco ou umbela. Foi inicialmente descrita por J. M. C. Vellozo em 1825 sob o nome de Cassia parahyba.
É a árvore símbolo de Florianópolis, capital de Santa Catarina.
Características: Árvore de 20 a 30 metros de altura, 60 a 80 centímetros de diâmetro na altura do peito.
Flores grandes, vistosas, amarelas. Tronco elegante, majestoso, reto, alto e cilíndrico, casca quase lisa, de cor cinzenta muito característica. Floresce durante os meses de outubro, novembro e dezembro.
Folhas compostas bipinadas de 80 a 100 cm de comprimento com 30 a 50 pinas opostas. Quarenta a sessenta folíolos por pina, de dois a três cm de comprimento.
Planta decídua, heliófita, pioneira e seletiva higrófita, exclusiva da mata atlântica. Dispersão irregular e descontínua, prefere matas abertas e capoeiras, muito rara na floresta primária densa. Floresce a partir de agosto até outubro, após a queda da folhagem. Os frutos amadurecem de abril a julho. Guapuruvu é o simbolo da vale do Paraiba.
Nativa do Brasil, Bolívia, Paraguai, Venezuela, Equador, Panamá, Nicarágua, Honduras, Guatemala, El Salvador, Costa Rica, Belize e México. No Brasil ocorre da Bahia até Santa Catarina na floresta pluvial da encosta atlântica.
A madeira do guapuruvu é pouco resistente, mas presta-se à confecção de embarcações tipo canoas exatamente pela leveza e facilidade de entalhe.
A madeira é muito leve, com a densidade de 0,32 g/cm cúbico. Indicada para miolo de painéís e portas, brinquedos, saltos de sapato, formas de concreto, compensados e caixotaria.
Suas sementes e folhas foram estudadas quanto a sua ação contra os efeitos lesivos de acidentes ofídicos por um grupo de pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia. Esses estudos se iniciaram com o interesse da pesquisadora Mirian M. Mendes em avaliar o real potencial dessa planta que é utilizada por moradores da zona rual no Triângulo Mineiro - MG. Também são usadas no artesanato tradicional para colares e botões.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Cartas - Eça de Queirós


"Duas folhas de carta a ler já é uma boa conta, mesmo quando seja uma carta de amor." 







14 de set. de 2012

Chovendo na Roseira de Antonio Carlos Jobim


Olha está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém

Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento

Olha um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera

Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul

Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas

Ah, você é de ninguém

13 de set. de 2012

Pitanga (do termo tupi pi'tãg, que significa "vermelho",)






A pitanga é o fruto da pitangueira, ou Eugenia uniflora L., dicotiledônea da família Myrtaceae. Tem a forma de drupa globosa e carnosa, com as cores vermelha (a mais comum), amarela ou preta. Na mesma árvore, o fruto poderá ter desde as cores verde, amarelo e alaranjado até a cor vermelho intenso de acordo com o grau de maturação.
Existe outra espécie, homônima a Eugenia uniflora O. Berg, descrita em 1857, e renomeada Eugenia lineatifolia (O. Berg) Mattos em 1993.
Este fruto não é produzido comercialmente pois, quando maduro, fica muito tenro e danifica-se facilmente com o transporte. Apesar disto, é apreciado no Brasil pois é muito saboroso, além de ser rico em cálcio
A pitangueira é uma árvore nativa da Mata Atlântica brasileira, onde é encontrada na floresta semidecidual do planalto e nas restingas, desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul em regiões de clima subtropical. Apesar de ser tipicamente brasileira, esta espécie atualmente pode ser encontrada na ilha da Madeira (Portugal), na América do Sul (Argentina, Bolívia, Guianas, Paraguai, Uruguai e Venezuela), América Central (incluindo Caribe), América do Norte (exceto Canadá) e África (Gabão, África do Sul e Madagascar).
É uma árvore medianamente rústica, de porte pequeno a médio, com 2m a 4m de altura, mas alcançando, em ótimas condições de clima e de solo, quando adulta, alturas acima de 6m e até, no máximo, 12m. A copa globosa é dotada de folhagem perene. As folhas pequenas e verde-escuras, quando amassadas, exalam um forte aroma característico. As flores são brancas e pequenas, tendo utilidade melífera (apreciada por abelhas na fabricação do mel).
A planta é cultivada tradicionalmente em quintais domésticos. O seu plantio é feito simplesmente pela colocação de um caroço de pitanga no solo ou pelo transplante de uma muda até o local adequado. Dá-se bem em quase todo tipo de solo, incluindo os terrenos arenosos junto às praias. É também usada como árvore ornamental em áreas urbanas de cidades brasileiras, na recuperação de áreas degradadas de sistemas agroflorestais multiestrato e em reflorestamentos heterogêneos. As pitangueiras com frutos são um ótimo atrativo para pássaros e animais silvestres em geral.
A tradição popular atribui algumas qualidades terapêuticas às infusões feitas com as folhas verdes da pitangueira ("chá" de pitanga ou "chá" de pitangueira)
A palavra "pitanga" vem do termo tupi pi'tãg, que significa "vermelho", numa referência à cor mais comum do fruto. "Pitangueira" é uma palavra híbrida formada pelo termo "pitanga" e pelo sufixo nominativo plural "eira", do latim ariu, que significa "coleção, quantidade, relação, posse".
Em inglês britânico e norte-americano, o fruto é também conhecido como "pitanga" ou então como brazilian cherry ou surinam cherry.
fonte: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

12 de set. de 2012

Carinhoso - Letra de Braguinha, Composição de Pixinguinha


Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim

Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz

Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973)
Carlos Alberto Ferreira Braga, conhecido como Braguinha e também por João de Barro, (Rio de Janeiro, 29 de março de 1907 – 24 de dezembro de 2006)

Assim o Amor de Sophia de Mello Breyner Andresen


Coral, laranja, salmão, damasco









11 de set. de 2012

Mira Schendel ou Myrrha Dagmar Dub (Zurique, 7 de junho de 1919 — São Paulo, 24 de julho de 1988)

“A natureza deu ao artista a capacidade de exprimir seus impulsos mais secretos, desconhecidos até por ele próprio, por meio do trabalho que cria; e estas obras impressionam enormemente outras pessoas estranhas ao artista e que desconhecem, elas também, a origem da emoção que sentem”. 
Freud, S. (1910). "Leonardo da Vinci e uma lembrança da sua infância".  Rio de Janeiro: Imago. 1974.








Belo, belo de Manuel Bandeira


Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes.

A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar,
Não quero ser amado.

Não quero combater,
Não quero ser soldado.

— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.